A criação de um mercado internacional para biocombustíveis como o álcool e o biodiesel deu um novo passo. Brasil, África do Sul, China, Estados Unidos, Índia e a União Européia anunciaram sexta-feira (2) a criação do Fórum Internacional de Biocombustíveis.
O lançamento ocorreu na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, Estados Unidos. Segundo o Ministério das Relações Exteriores brasileiro, o objetivo do fórum é aumentar a eficiência na produção, na distribuição e no consumo dos biocombustíveis em escala mundial.
Durante um ano, os integrantes do fórum vão discutir medidas para ampliar a produção dos biocombustíveis sem destruir o meio ambiente nem comprometer a produção de alimentos. Além disso, os países vão trabalhar em conjunto para que os combustíveis feitos a partir de vegetais, como cana-de-açúcar, milho, soja ou mamona, sejam cada vez mais utilizados em todo o planeta.
O fórum também ajudará a organizar a Conferência Internacional de Biocombustíveis, que deverá ocorrer no Brasil em 2008. “O biocombustível é uma fonte de energia mais limpa, barata e que gera renda no campo”, explicou o diretor do Departamento de Energia do Itamaraty, Antonio Simões, em entrevista à Agência Brasil, direto de Nova York. “O mundo precisa diversificar a matriz energética para reduzir a dependência em relação ao petróleo.”
Segundo o Balanço Energético do Ministério de Minas e Energia de 2006, 44,7% da energia produzida no Brasil provém de fontes renováveis, que incluem, além do etanol e do biodiesel, as usinas hidrelétricas. A média mundial, conforme o mesmo balanço, está em torno de 15%.
Para Simões, a união de esforços será importante para ampliar a participação dos biocombustíveis na matriz energética mundial. “Enquanto a produção de petróleo se concentra em 15 países, existem mais de 120 países com potencial para explorar o biocombustível”, estima. “Essa será a verdadeira democratização da energia.”
Inicialmente, vão ser criados dois grupos de trabalho. Um deles discutirá a troca de informações sobre pesquisas científicas e inovações tecnológicas no desenvolvimento de biocombustíveis.
O outro grupo definirá especificações mínimas para a comercialização desses produtos no mercado internacional. “Atualmente, o Brasil, a União Européia e os Estados Unidos têm padrões diferentes para definir a qualidade do biocombustível”, afirma Simões. “É necessário chegar a um denominador comum para que esses combustíveis possam, por exemplo, ser negociados nas bolsas de valores.”
O diretor do Departamento de Energia do Itamaraty negou que o Fórum Internacional dos Biocombustíveis vá exercer o mesmo papel da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), entidade que reúne os maiores produtores de petróleo para regular os preços. “A gente chegou a ser injustamente apelidado de a Opep do Etanol”, reclamou Simões. “É importante esclarecer que o fórum, diferentemente da Opep, reúne tanto os países produtores como alguns dos maiores consumidores de biocombustível”, salienta o diplomata.
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