segunda-feira, 19 de março de 2007

Mato Grosso concentra usinas de biodiesel

O interior do Mato Grosso transformou-se num verdadeiro canteiro de obras. Boa parte das usinas que irá entrar em operação daqui em diante escolheu a região por conta da proximidade da matéria-prima - no caso, a soja e o algodão -, do alto consumo e do custo do diesel, um dos mais elevados do País.

A expectativa é de que o combustível alternativo seja fonte mais barata para abastecer as frotas locais. Boa parte do combustível que sairá das duas usinas da Agrenco em Mato Grosso, por exemplo, será destinada aos 1.800 caminhões da empresa, às locomotivas da ALL e à frota dos agricultores, fornecedores de matéria-prima. "Mato Grosso será, disparado, o maior produtor brasileiro de biodiesel. Sua produção deve chegar a 800 milhões de litros por ano em dois a três anos", diz o diretor da RC Consultores, Fábio Silveira.

É uma questão de lógica, segundo o presidente do Grupo Maeda, Jorge Maeda. "A conta começa a ser economicamente viável mesmo no interior do Brasil, que é longe dos portos, das refinarias da Petrobrás e da infra-estrutura logística. O biodiesel tem mais chances de dar certo no meio do mato", acredita o empresário.

Maeda é um dos mais novos entusiastas do combustível alternativo. Ele e outros 380 produtores de algodão de Mato Grosso se reuniram para criar a Cooperbio, uma usina de biodiesel com capacidade para 100 milhões de litros por ano, que terá o algodão como principal matéria-prima. As obras estão em andamento e a previsão é de que a usina entre em operação em outubro. "A usina tem matéria-prima e consumo garantido. Quanto maior o produtor, maior é a cota na Cooperbio", diz João Luiz Persa, presidente da cooperativa e produtor de algodão em Primavera do Leste (MT). Os produtores estão investindo R$ 30 milhões na usina, com financiamento do Banco do Brasil e do BNDES.

"Esse é um projeto espetacular. A gente vai produzir na 'porta da cozinha' e não vai pagar imposto, pois não se trata de uma operação comercial. Isso gera eficiência e competitividade para o agronegócio brasileiro", diz Maeda.

Os grandes agricultores não querem ficar de fora. O Grupo Amaggi, maior produtor de soja do País, está fazendo estudo de viabilidade econômica do negócio. No fim de 2006, uma turma de 18 produtores de soja e algodão do Centro-Oeste contratou a consultoria Metacortex, do grupo português Espírito Santo, para conduzir um estudo sobre o combustível verde. "Estamos em fase de apresentação do projeto a investidores brasileiros e estrangeiros. Boa parte do dinheiro já está captada", diz o presidente da Metacortex, Renato Giraldi.

A usina vai nascer com capacidade de produção de 100 milhões de litros. Após os primeiros cinco anos de operação, o plano é dobrar a capacidade. O combustível terá como base os óleos de soja, girassol, dendê, pequi, macaúba, algodão e mamona. "Trata-se de uma usina integrada que, além de biodiesel, produzirá óleos vegetais", explica Giraldi. Estima-se que o projeto consumirá mais de R$ 300 milhões. As informações são de O Estado de S. Paulo.

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