Testes realizados na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da USP de Piracicaba, mostraram que o uso de diferentes misturas de biodiesel provenientes da soja e do nabo forrageiro não alterou, de maneira significativa, o desempenho de um motor movido a óleo diesel mineral. "As emissões de gases também se mantiveram nos mesmos níveis, com exceção dos hidrocarbonetos que foram superiores em cerca de 30%", aponta Angelo Juliato, que realizou os experimentos em sua dissertação de mestrado apresentada no Departamento de Máquinas Agrícolas da Esalq.
Tendo formação como analista de sistemas, Juliato aproveitou sua experiência em testes de motores para empreender seu estudo. Para tanto, contou com a orientação do professor Tomaz Caetano Cannavam Ripoli e com o apoio da indústria automotiva Delphi. "Os testes foram realizados no Centro Tecnológico da empresa, em Piracicaba", conta.
Motor em que foram testadas as mituras de biodiesel e óleo diesel mineral
O motor utilizado nos testes foi um Yanmar modelo NSB 95 movido a diesel, de um motocultivador. Juliato testou a mistura do óleo mineral com diversas proporções de biodiesel derivado de soja e de nabo forrageiro. O ensaios foram realizados separadamente, com cada tipo de biodiesel. "Misturamos o diesel com porções de 2%, 5%, 10% e 20% de biodiesel derivado de soja", conta o pesquisador. O mesmo procedimento foi usado em relação ao biodiesel de nabo forrageiro.
Diferenças mínimas
Juliato explica que as poucas diferenças encontradas nas misturas realizadas foram em relação ao consumo. "Com o biodiesel houve um leve aumento de consumo que atingiu o máximo de 5%, na proporção de 20% de mistura", lembra. Mas, segundo ele, houve casos em que esse aumento de consumo não chegou a atingir 1%. "Mesmo assim, se o biodiesel tiver um custo menor ao consumidor, ainda será viável", afirma Juliato.
"Com excessão dos hidrocarbonetos, os demais gases emitidos, monóxido de carbono e óxido de nitrogênio, foram mantidos os mesmos níveis em relação ao motor usando apenas o óleo mineral", diz. Juliato ainda lembra que por se tratar de um combustível de origem vegetal, o CO2 (dióxido de carbono) gerado na sua queima pode ser compensado durante o crescimento da planta, diminuindo o efeito estufa.
O motor foi submetido a um total de nove testes, sendo quatro com a mistura diesel/ biodiesel de soja; quatro com diesel/ biodiesel de nabo forrageiro; e um com diesel mineral. Ao todo foram três semanas de ensaios e quase um ano de preparação entre materiais e métodos para os testes.
Célula de testes
Operador na célula de testes: foram três semanas de ensaios e um ano de preparação Juliato destaca que os experimentos comprovam a viabilidade do uso do biodiesel, principalmente por ser um produto renovável. "Alguns trabalhos defendem que o governo subsidie o produto, outros não, mas o fato é que, mesmo tendo pequenas alterações de consumo, como verificamos nos testes, ainda é viável", afirma. O pesquisador lembra que seu estudo gerou importantes informações que poderão ser utilizadas em estudos futuros sobre o tema. "Importante lembrar que também deverão ainda ser feitas pesquisas em relação à durabilidade dos motores e sua adaptação para melhor se adequarem às misturas", lembra.
Fonte: / Agência USP)
Nenhum comentário:
Postar um comentário