quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Biocombustíveis na berlinda

Um relatório divulgado nas últimas semanas mostrou uma realidade diferente das que de costume com relação aos biocombustíveis. O estudo indicou que praticamente todos os atuais biocombustíveis produzidos e utilizados no mundo são mais poluentes e nocivos ao meio ambiente do que o petróleo.

O economista, Argemiro Luís Brum, aborta este tema em sua coluna no Portal Agrolink. Em primeiro lugar, na grande maioria dos países a produção de biocombustíveis ocupa as terras que são utilizadas para a produção de alimentos. Além, igualmente, de invadirem áreas de florestas. Em segundo lugar, o que seria um balanço até certo ponto positivo em relação aos biocombustíveis, pode se transformar rapidamente, na prática, em algo catastrófico para a humanidade, segundo o relatório. Em terceiro lugar, o estudo, preciso e objetivo, mostra que na hipótese dos biocombustíveis serem produzidos mediante áreas desmatadas em zonas tropicais, a situação é crítica.

Ainda conforme o relatório O biodiesel de colza/canola, por exemplo, acusa uma quantidade de carbono nocivo duas vezes superior ao que existe atualmente com o uso do combustível fóssil (petróleo). Além disso, a quantidade de óleo de colza que passa a ser transferida para a produção de biodiesel, e que seria para o consumo humano, acaba tendo que ser substituída pelo óleo de palma num grande número de países.

Segundo Brum os discursos políticos acabam ultrapassando o ponto científico e induzindo a sociedade de que produzir biocombustível é a melhor solução para a ecologia global. “Os recentes estudos vêm mostrando, em termos mundiais, que não é bem assim. Obviamente, alguns produtos, como o etanol de cana, ainda possuem alguma vantagem sobre os demais, particularmente no Brasil, porém, está longe de ser a panacéia para os problemas existentes em torno do tema”, critica.

Os resultados ainda são novos e a pesquisa deve evoluir mais rápido sobre esse tema. “Na ânsia de querer encontrar alternativas economicamente viáveis ao petróleo, corremos o risco de poluir ainda mais o Planeta. É preciso, portanto, deixar a ciência evoluir mais, antes de nos lançarmos em práticas duvidosas. Um dia, certo, precisaremos substituir o petróleo, porém, por enquanto os estudos indicam que se torna mais sábio controlar melhor o uso deste combustível do que se lançar a tentar gerar, em escala comercial, alternativas que começam a se comprovar, em boa parte dos casos, piores”, enfatiza o colunista.

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Biodiesel alavanca faturamento da Granol

Tradicional processadora de grãos de capital nacional que enfrentou sérios problemas financeiros no início desta década, a paulista Granol encontrou no crescente mercado brasileiro de biodiesel uma oportunidade para deixar as agruras para trás e praticamente triplicar de tamanho.

A empresa se destacou como a maior fornecedora de biodiesel para o programa governamental de disseminação do uso do combustível misturado ao diesel no País em 2008. A posição deve ser mantida em 2009, e a estratégia para defender esta liderança em 2010, quando a concorrência deverá aumentar, já está definida.

No 16º leilão de compra de biodiesel da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), em 17 de novembro, a Granol foi mais uma vez a vencedora. Ofertou 80 milhões de litros diante de um preço de referência de R$ 2,35 por litro e preço médio ponderado de R$ 2,33 (deságio médio de 1%) e fincou as bases para avançar no mercado no ano que vem, quando estreia a mistura de 5% de biodiesel no diesel (B5).

A adoção desse percentual deveria começar a valer apenas em 2013, mas tendo em vista o crescimento do parque produtivo no país o governo decidiu antecipá-la - até porque o consumo de diesel recuou no país em 2009, principalmente por causa dos reflexos da crise financeira global.

Mesmo com a crise e seus efeitos no processamento de grãos e na exportação de derivados em geral, Paula Regina Ferreira, diretora financeira da Granol e filha do principal acionista da empresa, antecipa que o faturamento total voltará a aumentar em real em 2009, como acontece desde 2005. Números preliminares indicam que a receita alcançará R$ 1,717 bilhão, 2,1% mais que em 2008.

Em dólar, contudo, haverá queda. A projeção sinaliza US$ 855 milhões, 10,5% menos em igual comparação. A guinada cambial verificada após o aprofundamento da crise financeira irradiada dos EUA, em setembro do ano passado, deixou como saldo prejuízo em 2008, mas, de acordo com Paula, a Granol encerrará 2009 no azul.

Fundada no interior paulista em 1966, a processadora de grãos sobreviveu à intensa concentração deste segmento liderada por multinacionais como Cargill, ADM e Bunge com atuação regionalizada focada no mercado a granel. Ancorada pela soja, avançou a partir da aposta em clientes institucionais de farelo para a produção de ração e de óleo vegetal para o varejo.

Após quase quebrar por não contar com uma política apropriada de hedge quando houve a maxidesvalorização do real, em 1999, quando contou com a "compreensão" de fornecedores e clientes para continuar a operar, vislumbrou a oportunidade aberta pelo biodiesel já em 2004.

"A Granol foi uma das primeiras empresas a levar a questão do biodiesel ao governo. É um produto com grande sinergia com o nosso negócio", afirma Paula. Para a produção do combustível alternativo, investiu na soja como principal matéria-prima e não errou, já que o grão segue como a fonte economicamente mais viável para sustentar o avanço do mercado.

A companhia estreou na área com o arrendamento de uma unidade de oleoquímicos em Campinas (SP), em 2006. Depois investiu R$ 150 milhões em duas plantas - em Anápolis (GO) e Cachoeira do Sul (RS) -, onde já estavam instalados dois de seus cinco complexos industriais. Tem pronto um projeto para uma terceira planta em São Paulo, que depende da evolução das vendas e de questões tributárias como a incidência de ICMS no transporte interestadual, que tira competitividade da operação.

"O biodiesel ainda não é economicamente viável sem o programa do governo, mas o mercado está se consolidando e já há uma matriz considerável no país", diz Paula Ferreira. A Granol mantém parceria com pequenos produtores em Mato Grosso do Sul, mas ainda considera que, de um modo geral, trabalhar com pequenos produtores é um dos grandes desafios do programa.

Em 2008, segundo a ANP, a Granol liderou as vendas de biodiesel nos leilões realizados, com participação de 20%. A fatia foi inflada pelo fato de que algumas empresas não cumpriram totalmente seus compromissos de entrega. Em 2009, mesmo sem esta "ajuda", a Granol projeta manter a liderança no fornecimento.

Com a queda das vendas de diesel no país em 2009, muitas das quatro dezenas de companhias que atuam nesse mercado não entregarão 100% do volume comprometido nos leilões. As regras do governo preveem um percentual de 10% para mais ou para menos nas entregas acertadas.

Com o avanço, o biodiesel deverá representar 37% do faturamento da empresa em 2009, segundo os dados preliminares fornecidos pela diretora. Óleos para alimentação humana e fins industriais deverão responder por 14%, enquanto o farelo de soja, destinado sobretudo à produção de rações, ainda abocanhará uma fatia de 45% das vendas totais. "Outros" negócios completam os 100%.

Com o biodiesel, a participação do mercado interno na receita total deverá alcançar 66%, ficando as exportações com os 34% restantes. "Apesar do biodiesel, nosso 'core business' continua sendo o esmagamento de sementes e oleaginosas", afirma Paula. A Granol tem capacidade anual para esmagar 1,9 milhão de toneladas de grãos e refinar 250 mil toneladas de óleo bruto. A empresa tem 1,3 mil funcionários e 8 mil clientes ativos.

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Brasil Ecodiesel desativa usinas de biodiesel no NE

São Paulo - A Brasil Ecodiesel anunciou na terça-feira, 15/12, que desativou definitivamente suas duas usinas de produção de biodiesel localizadas no Nordeste, em Crateús (CE) e Floriano (PI). As usinas foram construídas para a produção de biodiesel a partir de oleaginosas alternativas que seriam produzidas pela agricultura familiar no Nordeste. O projeto não vingou.

Segundo comunicado divulgado ao mercado, a decisão está em linha com a diretiva estratégica de melhor uso dos seus ativos ociosos e se baseia, entre outras razões, na "dificuldade logística incontornável" de obtenção de matérias-primas e que afetou a competitividade dessas usinas nos leilões organizados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

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segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Biodiesel é a esperança para "salvar" preço do óleo de soja

SÃO PAULO - A produção de biodiesel irá sustentar os preços do óleo de soja no Brasil e no mercado internacional em 2010. Mesmo o País registrando o menor índice de exportação da commodity na década, o incremento na demanda do biocombustível, estimulado pelo início do B5 (adição de 5% de óleo vegetal no diesel), a partir de janeiro, será suficiente para absorver o excedente e estimular os preços.

Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), os embarques nacionais do óleo de soja somarão 1,5 milhão de toneladas este ano.

No mercado externo, a tendência é a mesma. Apesar de o USDA indicar um aumento de 1 milhão de toneladas nos estoques mundiais, o crescente consumo deverá equilibrar a relação oferta e demanda do produto.

O 16º leilão de biodiesel realizado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), em novembro, já sinalizou os reajustes que deverão ser impulsionados pelo aumento na produção de biodiesel. O preço do produto foi de R$ 2,33 o litro. No leilão anterior, o valor negociado foi de R$ 2,27 o litro. Para o próximo leilão, que deve acontecer no final de fevereiro, visando o abastecimento no segundo trimestre de 2010, a expectativa é de nova alta. "O B5 vai continuar dando suporte aos preços. Não vamos ver queda para o óleo de soja", afirmou Miguel Biegai, analista da Safras & Mercado.

Desde o lançamento do Programa Nacional de Biodiesel, os preços médios do óleo de soja no mercado interno registram alta anual contínua. A exceção fica no comparativo entre 2009 e 2008, pois no ano passado os picos nas cotações do petróleo, que chegaram a US$ 160 o barril, resultaram em uma elevação atípica.

"Isso é resultado do consumo interno, que tem aumentado drasticamente, fazendo com que a exportação diminua. Ainda assim, os preços do óleo no mercado interno ficam mais firmes", avaliou Biegai.

Segundo o analista, se não fosse a evolução da produção de biodiesel, hoje haveria um enorme excedente de óleo no mundo, exigindo volumes de exportações ainda maiores de grandes produtores como Estados Unidos (EUA) e Argentina. "Sem o biodiesel, o Brasil teria que exportar quase 3 milhões de toneladas de óleo", disse. Biegai destacou ainda a melhoria na rentabilidade do complexo soja. "Antes, o farelo era tudo, agora o esmagamento agrega ainda mais valor", disse.

O governo federal e a iniciativa privada irão lançar até março de 2010 uma agenda conjunta para os próximos cinco anos com o objetivo de ampliar a produção nacional de biodiesel. "Estão sendo desenvolvidas pesquisas com vários produtos, como semente de girassol, pinhão manso, óleo de dendê, canola e até cana-de-açúcar, mas ainda é importante buscar outras fontes de biodiesel", afirmou Manoel Bertone, secretário de Produção e Agroenergia do Ministério da Agricultural. Segundo Sérgio Beltrão, diretor executivo da União Brasileira do Biodiesel (Ubrabio), como algumas das culturas utilizadas para a produção do combustível são perenes, com ciclo de vida longo, é importante haver planejamento a médio prazo.

Brasil Ecodiesel

A Brasil Ecodiesel anunciou ontem que fechou contratos de aquisição de matéria-prima com seus fornecedores de óleo vegetal. O volume, não revelado, será destinado à produção de 65,36 milhões de litros de biodiesel que serão entregues a Petrobras até o primeiro trimestre de 2010. O volume a ser entregue para a Petrobras será produzido por todas as unidades da companhia.

Concorrentes sob pressão

O Conselho Europeu de Biodiesel ameaça apresentar uma denúncia à Comissão Europeia contra as exportações de biodiesel dos EUA para o bloco. Os produtores de biodiesel norte-americano estariam utilizando países para embarcar o combustível para a União Europeia (UE) e contornar as tarifas impostas pelo bloco ao biodiesel norte-americano.

O Conselho também está estudando mecanismos para deter o crescimento das exportações de biodiesel da Argentina para a região uma vez que, segundo o grupo, sediado em Bruxelas, o país estaria utilizando o sistema fiscal para apoiar as exportações.

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Biodiesel fortalece a Caramuru

Maior processadora de grãos de capital nacional, a Caramuru Alimentos conseguiu com o biodiesel, sua mais recente frente de negócios, um retorno suficientemente positivo em 2009 para preservar seus resultados gerais, também sustentados pelas exportações nos primeiros cinco meses do ano.

Segundo César Borges de Sousa, vice-presidente da Caramuru, o faturamento da empresa deverá totalizar R$ 2,2 bilhões neste ano, praticamente o mesmo patamar de 2008 (R$ 2,16 bilhões).

Em dólar também haverá pouca variação, mas, neste caso, negativa em virtude da erosão da moeda americana. Sousa prevê US$ 1,13 bilhão em 2009, ante US$ 1,2 bilhão no ano passado.

O câmbio explica as dificuldades que a companhia teve que contornar no ano nas atividades pelas quais é mais conhecida, que são originação, processamento e venda de grãos e derivados nos mercados doméstico e externo, com grande peso para as exportações.

Atualmente a Caramuru produz biodiesel, sobretudo a partir da soja, em uma planta localizada em sua fábrica instalada em São Simão, em Goiás. A capacidade instalada na unidade é de cerca de 180 milhões de litros por ano.

Com o amadurecimento do mercado do combustível alternativo no país - que já levou o governo a antecipar a adoção da mistura de 5% de biodiesel no diesel de 2013 para 2010 - a produção de São Simão será responsável por mais de 10% do faturamento da companhia em 2009.

O mesmo processo de maturação do mercado já levou a Caramuru a investir em sua segunda unidade de biodiesel, que deverá começar a rodar em Ipameri, também em Goiás, em junho de 2010.

Conforme Sousa, este projeto está absorvendo a maior parte dos investimentos de R$ 52 milhões da empresa em 2009 e assim será também no ano que vem, quando os aportes totais deverão somar R$ 40 milhões.

Tanto os gastos deste ano quanto os de 2010 são superiores ao montante investido pela Caramuru em 2008 (R$ 36 milhões), em mais um sinal da importância do biodiesel para a companhia brasileira. Ipameri agregará à empresa uma capacidade de produção de 110 milhões de litros por ano.

"Apesar de ainda carecer de ajustes, o programa de biodiesel está dando certo e o país já pode pensar em antecipar a adoção de um percentual de mistura de 10% no diesel. Podemos ter estratégias mais agressivas", disse o executivo.

Os reflexos do avanço desse mercado no país e da empresa no segmento aparecem nas margens de esmagamento de soja, que em geral foram melhores em 2009 graças ao óleo de soja.

"Foi um ano bom para o óleo, inclusive para nossas vendas no varejo, e difícil para o farelo [de soja]", afirmou Sousa. As vendas no varejo representam cerca de 30% do faturamento da Caramuru, enquanto as exportações de grãos e derivados respondem por 40% a 45%. Quando um grão de soja é esmagado, o resultado é 20% de óleo e 80% de farelo, e a demanda por este último derrapou também por causa do ano difícil para as carnes.

O biodiesel fortaleceu o papel da soja nos negócios da companhia. Na divisão do faturamento por matéria-prima processada ou não, a soja abocanha 80%, o milho fica com 10% e girassol e canola com a fatia restante, que também inclui serviços como armazenagem, frente na qual a Caramuru conta com 60 unidades com capacidade total para 1,9 milhão de toneladas de grãos.

No total, conforme Sousa, a Caramuru processou e comercializou 3 milhões de toneladas de grãos em 2009. Sua movimentação portuária em Santos, incluindo terceiros, também foi da ordem de 3 milhões de toneladas.

Para o vice-presidente, 2010 pode não ser um ano tão surpreendentemente bom como 2009, em grande medida por causa do câmbio. E não há no horizonte sinais de que a demanda por soja brasileira puxada pela China será tão forte no início de 2010 como foi até maio deste ano, quando a oferta argentina estava magra em razão da seca na safra 2008/09.

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