quinta-feira, 3 de agosto de 2006

H-Bio

A Petrobrás apresentou o H-BIO, processo para obtenção de óleo diesel que utiliza biomassa (óleo Refinado) como matéria-prima em unidades de hidrotratamento, onde se promove a hidrogenação da mistura de uma parte de diesel mineral (derivado de petróleo) com óleo vegetal refinado, que, segundo ela, dando origem a um tipo de óleo diesel de melhor qualidade, com um teor menor de enxofre e um aumento no nível de cetano. Porém, não altera a emissão de monóxido de carbono Este produto, então, é enviado para as distribuidoras para adicionar o Biodiesel (B2). Tendo como finalidade complementar o programa de utilização de fontes alternativas de energia, com benefícios ambientais.
O processo de HDT (Hydrotreating ou Hidrotratamento) de Diesel (H-Bio), consiste fundamentalmente em uma reação catalítica entre o hidrogênio (produzido nas refinarias nas unidades de reforma à vapor) e frações de diesel geradas nas colunas de destilação, no coqueamento retardado e no craqueamento catalítico do gasóleo. Estas frações de diesel contêm em sua estrutura teores excessivos de enxofre, nitrogênio, oxigênio e aromáticos. Esses elementos são removidos no processo de H.
ü O processo de remoção de enxofre é chamado de HDS (Hydrodesulfurization).
ü O processo de remoção de nitrogênio é chamado de HDN (Hydrodenitrogenation).
ü O processo de remoção de aromáticos é chamado de HDA (Hydrodearomatization).
ü O processo de remoção de oxigênio é chamado de HDO (Hydrodeoxygenation).
O novo combustível H-BIO é gerado num processo de HDO.
Os óleos vegetais não possuem nitrogênio, enxofre, nem aromáticos. Todavia possuem 6 átomos de oxigênio em cada molécula. A alimentação dos óleos vegetais em contato com hidrogênio na presença de um catalisador em um reator com pressão de 70 atm e temperatura superior a 300ºC “arranca” os átomos e oxigênio sob a forma de água, gerando hidrocarbonetos na faixa do diesel (hexadecano e octadecano) além de propano gerado a partir da glicerina dos óleos vegetais. Para cada tonelada de óleo vegetal, obtém-se no máximo, 850 kg de H-BIO (rendimento de 85%). Para cada tonelada de H-BIO consome-se cerca de 27 kg de Hidrogênio. (Preço do Hidrogênio: US$ 2.500/tonelada).
A Petrobrás inaugurou sua primeira unidade de HDT em 1998, na Refinaria Presidente Bernardes, Cubatão-SP. Atualmente, existem unidades de HDT na REDUC-RJ, REPLAN-SP, REVAP-SP, REPAR-PR, REFAP-RS e REGAP-MG. A atual capacidade instalada de HDT no Brasil corresponde a 36% do diesel consumido no Brasil, ou seja, cerca de 64% do diesel produzido no Brasil não passa pelo processo de HDT. Como o HDT é extremamente eficiente, um produto de HDT bastante puro é misturado com diesel que não passa pelo HDT. Desse modo, gera-se o diesel que se consome hoje no país.
Obviamente, não se processa todo o diesel no HDT por uma questão econômica (investimento e custos operacionais). Mesmo nos EUA não se processa todo o diesel no HDT (73% processados por HDT). Uma unidade completa de HDT custa entre US$ 200 e 250 milhões produzindo entre 3 e 5 milhões de litros de diesel/dia. Algumas unidades de HDT desse porte são oferecidas a US$ 100 milhões. Porém, trata-se de preço ISBL (Inside Battery Limits), ou seja, sem utilidades, estrutura, unidades de apoio, geração de hidrogênio, etc.
A tecnologia implica acrescentar, em princípio, 10%, podendo chegar até 18%, do produto verde ao material fóssil para a obtenção de um combustível com as mesmas especificações do diesel comercializado hoje.
A empresa apresentou um organograma de criação dividido em duas etapas:
I. Curto prazo (2007): Uso de 10% de óleo vegetal em duas refinarias, o que equivalente a 256 mil metros cúbicos por ano (9,4% do óleo de soja exportado); a chegada do produto de origem vegetal possibilitará a redução de 15% do diesel importado pela Petrobrás, trazendo uma economia de US$ 145 milhões por ano aos cofres da companhia.
II. Médio prazo (2008/2009): uso de 5% de óleo vegetal em cinco refinarias, o equivalente a 425 mil metros cúbicos por ano (15,5% do óleo de soja exportado) óleo diesel, segundo cálculos.
Pontos Positivos:
· Pouca influência da qualidade e procedência do óleo vegetal no processo;
· Não geração de resíduos a serem descartados;
· Melhoria na qualidade do óleo diesel;
· Complementa o programa de utilização de biomassa gerando benefícios ambientais e de inclusão social;
· Perspectiva de minimização de testes veiculares, sem impacto na carga laboratorial;
· Requisitos normais de manuseio e estocagem;
· Flexibilidade na composição da carga do HDT e otimização do pool de diesel;
· Melhora a qualidade do diesel com a redução de poluentes dos veículos a diesel;
· Reduz a dependência energética externa do País;
· Tem um custo de produção menor, por não utilizar diesel importado, hoje cotado a US$ 90 o barril;
· Permite o óleo vegetal de diversas origens;
· Cria empregos no campo e na indústria de oleaginosas (O Estado de S.Paulo, 20/5/06).

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