quarta-feira, 25 de julho de 2007

Canudo-de-pito para biodiesel

Uma planta nativa do Cerrado, em áreas degradadas e de transição para Zona da Mata mineira, conhecida como canudo-de-pito, pode ampliar, de forma promissora, as fontes de óleo para a produção de biodiesel, segundo pesquisas realizadas no Laboratório de Instrumentação e Quimiometria do Departamento de Química da Universidade Federal de Viçosa.

As sementes de canudo-de-pito (Mabea fistulifera Mart), da família das euforbiáceas, produzem grande quantidade de óleo, na ordem de 35% de seu peso. Os constituintes principais desse óleo são os ácidos linoleico, também conhecido como ômega-6, com aproximadamente 20%, e linolênico, o ômega-3, com aproximadamente 70%.

Os trabalhos vêm sendo conduzidos pela estudante de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Agroquímica, Flávia Elaine de Andrade Pereira, e por seu orientador, professor César Reis.

Quando se fala em biodiesel, exemplifica o orientador, pensamos logo em oleaginosas como mamona, pinhão-manso, soja, pequi, macaúba, indaiá, buriti, babaçu, cotieira e tingui, dentre outras. Mas o canudo-de-pito é uma espécie muito interessante, ainda não explorada para essa finalidade, diz. A planta é encontrada com facilidade em Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, agregada em bordas de mata e em locais que sofreram impactos causados pela ação do ser humano de forma acentuada. Sua presença é muito comum na região noroeste do estado de São Paulo. César Reis informa que a floração da planta ocorre de fevereiro a junho e a maturação da semente, de setembro a outubro, produzindo grande quantidade. É uma planta adaptada a solos de baixa fertilidade e de acidez elevada, sendo por isso muito utilizada em recuperação de áreas degradadas, principalmente por mineração.

A composição química do óleo lhe confere propriedades químicas e físicas importantes na produção de biodiesel. O alto teor de ácido linolênico confere ao biodiesel uma viscosidade muito baixa, quando comparada ao óleo de mamona, assemelhando-se muito à do óleo diesel. Essa característica faz com que o biodiesel obtido do óleo de canudo-de-pito seja mais fluido, o que facilita a sua injeção na câmara de combustão, através dos bicos injetores. Além da viscosidade, outras análises exigidas pela portaria ANP 255/2003, que trata da especificação do biodiesel, foram realizadas outras para determinar estabilidade, oxidação, densidade, corrosividade ao cobre, teor de enxofre, teor de sódio e de potássio, índice de acidez e de saponificação, etc. Estando todas de acordo com essa Portaria.

Como avalia César Reis, as características do canudo-de-pito permitem que pequenos agricultores o cultivem como fonte alternativa de renda, satisfazendo, assim, o lado social do programa do biodiesel. Além disso, para o seu cultivo, não é necessário utilizar áreas destinadas à produção de alimentos, como é o caso da soja e de outras oleaginosas, pois ela se adapta em áreas que não seriam mesmo usadas para o cultivo de cereais e oleaginosas tradicionais.

Fonte:

Tecpar inaugura sua usina de biodiesel


O Tecpar desenvolve trabalhos com biodiesel desde a década de 1980. Tudo o que foi realizado até agora pela instituição foi em escala laboratorial. Essa é a primeira experiência do Tecpar com biodiesel em escala semi-industrial.

A planta suporta o uso de outros óleos, mas vai começar operando com óleo de girassol. Um dos objetivos é usar as novas instalações para realizar testes com as diversas matérias-primas regionais disponíveis. Incluindo a soja e gorduras animais.

A empresa que venceu a licitação para fornecer os equipamentos para a nova planta de produção foi a Tecbio, de Fortaleza, que recebeu R$ 845 mil do governo pelo serviço.

A solenidade de inauguração da usina está prevista para às 3h da tarde de hoje. Como é de costume em ocasiões como essa, autoridades do governo federal foram convidadas. Entre elas, o paranaense Reinhold Stephanes, que atualmente ocupa o Ministério da Agricultura.

Petrobras diversifica matérias-primas para biodiesel


Além de tentar buscar a liderança na produção de biodiesel no País, a Petrobras está apostando no desenvolvimento de tecnologias próprias para usar, na fabricação do combustível, sementes oleaginosas de plantas tipicamente brasileiras, como a mamona, o dendê e o pinhão-manso. A idéia central da empresa é diversificar as matérias-primas usadas na produção de biodiesel para evitar as oscilações de preços de outras sementes que estão sujeitas ao mercado de alimentos, como é o caso da soja.

O gerente de Desenvolvimento Energético da estatal, Mozart Schmitt, anunciou hoje que, do ponto de vista técnico, a empresa já está conseguindo provar que o desempenho do biodiesel de mamona não fica atrás do combustível feito a partir da soja. Ele citou dados preliminares de um estudo que está sendo feito pela empresa, em conjunto com a Ford e a Unifacs, da Bahia, que comparam o desempenho do diesel comum com misturas de 5% (o chamado B5) de biodiesel feito apenas com mamona ou apenas com soja nos motores de seis veículos Ford Ranger. "Até o momento, os veículos testados já rodaram 45 mil quilômetros e não houve diferença entre os combustíveis", disse Schmitt.

Outro importante braço de pesquisas da Petrobras na área de biodiesel está no Rio Grande do Norte. A estatal montou duas unidades experimentais de produção de biodiesel em seu parque industrial de Guamaré. Ambas as unidades produzem a partir da mamona e de outras oleaginosas e podem começar a operar comercialmente já no ano que vem.

Quando começarem a operar de modo contínuo, as duas plantas terão, somadas, capacidade para produzir entre 18 mil e 20 mil toneladas de biodiesel por ano, o suficiente para abastecer o mercado potiguar da mistura de 5% (B5) de biodiesel ao diesel comum, que só começará a ser obrigatória em 2013. Ao todo, a Petrobras está investindo cerca de R$ 20 milhões nesses dois projetos.

terça-feira, 24 de julho de 2007

Biodiesel da UnB interessa à ONU


Bioenergia, fontes alternativas e sustentabilidade são assuntos freqüentes no mundo inteiro, principalmente agora, quando o planeta se empenha em amenizar os problemas acumulados em mais de dois séculos de uso irrestrito de combustíveis caros e não-renováveis. Em busca de solução imediata para o aquecimento global, o representante no Brasil da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), José Tubino, reuniu-se na tarde de 16 de julho com o reitor da Universidade de Brasília (UnB), Timothy Mulholland. O encontro, no gabinete do reitor, resultou em parceria entre as duas instituições, que deve ser oficializada nos próximos meses.

Tubino explica que o interesse da ONU na UnB diz respeito à Usina de Craqueamento de Óleos Vegetais desenvolvida pela instituição (veja texto abaixo). Por ser uma fonte alternativa e barata de produção de biocombustíveis, a unidade situada em frente à Faculdade de Medicina da UnB pode ser um modelo futuro para abastecer a agricultura familiar. “Uma planta de escala menor e não industrial é muito importante para a implantação de projetos como o da UnB em outras partes do mundo, especialmente em comunidades menores, isoladas. A usina da universidade também chama a atenção porque mantém relação positiva entre produção de energia e segurança alimentar (por usar rejeitos de matéria orgânica)”, explica o representante da ONU.

OPORTUNIDADE

O diretor da FAO, Jacques Diouf, também visitou a Planta de Craqueamento da UnB, no dia 9 de julho. De acordo com Tubino, a impressão de Diouf não poderia ser melhor. “A FAO está realmente interessada em firmar uma parceria com a universidade. Acreditamos que essa será uma oportunidade de ação conjunta, estudos e atividades para um futuro imediato”, reitera o representante da ONU.

Para o reitor da UnB, Timothy Mulholland, a parceria seria uma forma de expandir os conhecimentos desenvolvidos na universidade. “Além de contribuir com a situação energética global, estaríamos levando biocombustível a comunidades menores”, explica Mulholland. Apesar de servir de modelo para a FAO, a Planta de Craqueamento da UnB ainda é um projeto-piloto e precisa ser aperfeiçoada.

PREOCUPAÇÃO

A maior preocupação da ONU na busca de fontes alternativas de energia é com a rentabilidade econômica. “Estamos confiantes na tecnologia da UnB, mas não podemos deixar de lado questões como o custo da energia, a sustentabilidade das fontes e o tema da mudança climática”, recorda Tubino.

Ele acredita que o Brasil é o grande líder na área de bioenergia, já que possui cerca de 30 anos de experiência com o etanol e o biodiesel. Mas afirma que pontos negativos como o desmatamento e uma possível concorrência entre produção de energia e de alimentos também serão analisados.

“A verdade é que a nova geração deve estar mais preocupada do que a minha nessa questão energética. Ela sentirá bem mais os efeitos dos mais de dois séculos de muito lixo jogado na atmosfera e na natureza”, lamenta Tubino.

PLANTA DE CRAQUEAMENTO DE ÓLEOS VEGETAIS

A usina de biocombustíveis da Universidade de Brasília (UnB) está montada em frente à Faculdade de Medicina da instituição e foi patenteada em 2002 pela UnB em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Inaugurada em janeiro de 2006, para a fabricação de biocombustível, ela atualmente tem capacidade para produzir 250 litros de diesel por dia. O modelo pode ser replicado em outras localidades do país. Na usina, os óleos vegetais passam por um processo chamado craqueamento. Submetido a temperatura de 350°C, o óleo se divide em uma mistura de várias moléculas. Uma parte delas é chamada bio-óleo, com propriedades similares à do diesel de petróleo. A usina é ligada ao Instituto de Química da UnB.

FONTE: UnB Agência

quinta-feira, 12 de julho de 2007

Pesquisador do Cesumar estuda pinhão manso


O cultivo do pinhão manso para produção de biodiesel tem sido apresentado como uma nova oportunidade para os pequenos e médios agricultores. A planta seria rústica, de fácil cultivo e ofereceria um bom rendimento de óleo. Até o governador, Roberto Requião (PMDB), chegou a dizer que o pinhão seria uma grande saída para o Estado, durante a abertura da Exposição de Maringá. No entanto, um plantio feito na fazenda experimental do Centro Universitário de Maringá (Cesumar), tem demonstrado que a cultura precisa de cuidados especiais.

O professor doutor da faculdade de agronomia do Cesumar, Pérsio Sandir D"Oliveira, plantou 250 pés de pinhão manso na fazenda experimental da universidade há cerca de um ano. Desde então, tem acompanhado o crescimento das plantas para submetê-las a uma série de experimentos e estudar seu desenvolvimento. Nesse período, ele percebeu que os pés que receberam adubo e cuidados especiais cresceram quase o dobro dos que não tiveram o mesmo tratamento.

Segundo o professor, apesar do pinhão manso ser nativo do Brasil, não existem recomendações agronômicas para seu plantio em escala industrial. Outro problema levantado pelo pesquisador, é que a planta é natural do Norte e Nordeste do Brasil e por isso não se sabe ainda como seria sua produção na região Sul. ""Até mesmo as pesquisas da Embrapa sobre o pinhão estão sendo feitas no Nordeste. Acho que esse é o único plantio feito para estudos no Sul"", comenta.

Durante quase um ano de acompanhamento, o professor constatou que a planta sofre o ataque de pragas e doenças como ácaro e oídio. Também percebeu que ela necessita de adubação para se desenvolver com mais rapidez. O pesquisador ainda notou que o pinhão teve folhas queimadas durante os dias de frio que ocorreram no mês de junho, mas ainda não sabe ao certo se o frio intenso pode influenciar na produção.

Para venda comercial, a planta dá frutos a partir do terceiro ano e tem uma vida útil de 80 anos, ou seja, não precisa ser replantada a cada dois anos como a mamona, sua principal concorrente para produção do biodiesel. ""A semente do pinhão tem 40% de óleo. Esse óleo já foi usado na época do descobrimento das lamparinas, porque não produzia fumaça"", lembra.

Sandir acredita que o tempo poderá afirmar se o pinhão é uma boa opção para região ou não. Até agora, pode afirmar que a planta já deu frutos em seu primeiro ano de plantio e que está suscetível a pragas como outras culturas. ""Talvez o pinhão seja uma boa opção para produção do biodiesel, mas não podemos afirmar que ela não é tão rústica como se vinha pregando"", argumenta.

Fonte: Folha de Londrina

quarta-feira, 11 de julho de 2007

Soja, pasto e mamona tomam lugar do babaçu em seis Estados

O desmatamento e as queimadas causam perdas de 24 mil quilômetros quadrados de babaçuais por ano na Amazônia para dar espaço a pastagens e a plantações de soja e mamona. O dado foi apresentado hoje durante audiência pública realizada na Câmara para discutir o Projeto de Lei 231/2007, que prevê o fim da derrubada das palmeiras de babaçu nos Estados do Maranhão, Piauí, Tocantins, Pará, Goiás e Mato Grosso.

Os números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apresentados hoje na audiência mostram que a extração do babaçu envolve 300 mil pessoas nos seis Estados. Além de proibir a derrubada das plantas, o projeto prevê a garantia do acesso aos babaçuais e a criação de reservas extrativistas nos Estados. Um dos itens da lei prevê a imediata implantação das reservas de Mata Grande (MA), Ciriaco (MA) e Extremo Norte (TO).

Com o extrativismo, as mulheres da região garantem o sustento de suas famílias. "Do babaçu, aproveitamos o azeite, o sabão e o leite para temperar a comida. Sem essa atividade, o desemprego na região será maior ainda", afirma Maria Adelina de Souza Chaves, coordenadora geral do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco (MIQCB), organização que conta com 5.600 mulheres associadas. Ela explica que a atividade rende em média meio salário mínimo. "É pouco, mas é melhor isso do que nada", diz Maria Adelina.

O PL discutido hoje durante a audiência, apresentado pelo deputado federal Domingos Dutra (PT-MA), foi elaborado em conjunto com a entidade e encaminhado à Câmara neste ano. Dutra, filho de uma quebradeira de coco babaçu, nasceu em Saco das Almas, quilombo que fica no município de Buriti (MA). "Minha mãe criou 20 filhos quebrando coco no interior do Maranhão", disse. Segundo ele, atualmente existem 18 milhões de hectares com babaçu nos seis Estados citados. Ele afirma ainda que é preciso estabelecer um diálogo sobre a utilização das amêndoas de babaçu para a conversão em biodiesel.

O coordenador geral de Monitoramento e Avaliação do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Márcio Hirata, que participou do encontro desta tarde, também sinalizou com a possibilidade de um diálogo para saber a melhor forma de usar a planta como matéria-prima para o biodiesel.

Os ministros e governadores das regiões extrativistas do babaçu na Amazônia que participariam do encontro não compareceram, enviaram representantes. A ausência deles foi criticada pelos deputados. Amanhã, o projeto deverá ser protocolado no Palácio do Planalto pela manhã. Depois, as participantes do movimento das quebradeiras de coco irão à Câmara e ao Senado.

Fonte:

Etanol e biodiesel: energia para quem?

Num modelo que traz impactos negativos a comunidades tradicionais, procura-se transformar o Brasil em grande exportador de combustíveis líquidos, destinando grandes extensões de terra para a monocultura.

Muitos acreditam e manifestam a crença de que o mercado pode ser o responsável pela implantação da filosofia do desenvolvimento sustentável. Acreditam que, com o decorrer do tempo, e com o surgimento de novas tecnologias, os problemas ambientais podem ser sanados e superados, resultando numa melhoria do bem-estar social ou mesmo na diminuição das desigualdades sociais.

O fato é que o desenvolvimento sustentável não pode ser tratado apenas como uma questão restrita a políticas ambientais e tecnológicas. Os problemas da desigualdade social e do modo de produção atual são os obstáculos para se alcançar uma forma de desenvolvimento capaz de preservar o meio ambiente e, ainda assim, proporcionar melhores condições de vida às pessoas excluídas do sistema de trabalho. Um modelo sustentável só será possível a partir da mudança dos modos de produção e de consumo da sociedade.

É a razão capitalista com base no consumismo, no militarismo e na da lógica de acumulação do capital que está levando o nosso planeta - e os seres vivos que o habitam - a uma situação catastrófica do ponto de vista do meio ambiente, das condições de sobrevivência da vida humana e da vida em geral.

A questão central é como vamos mudar o sistema de produção. Na medida em que muda a produção, muda também o consumo. A produção comanda e obriga o consumo. Se há preocupação em mudar a questão ambiental é preciso pensar em mudar o sistema de produção, o modelo atual da civilização ocidental industrializada.

Discutir, portanto, uma mudança na matriz energética que realmente busque preservar a vida e o bem-estar dos indivíduos no planeta tem que levar em conta uma profunda transformação nos padrões atuais de produção/consumo, no estilo de vida, no conceito de "desenvolvimento" vigente e na própria organização de nossa sociedade. Entende-se que, para concretizar uma estratégia em bases sustentáveis, seria necessário investir em alternativas renováveis como a energia eólica, solar térmica, fotovoltaica, marés, ondas e biomassa. Porém, discutir novas fontes de energia implica, em primeiro lugar, refletir a serviço de quem estará esta nova matriz, e levar em conta quem se beneficiará ou a qual propósito ela servirá. Ou seja, energia para quê? E para quem?

Neste contexto, vejamos o que está ocorrendo em nosso país com relação à produção do etanol e do biodiesel. Com base no modelo do agronegócio, que destina grandes extensões de terra para a monocultura, procura-se transformar o Brasil em grande exportador de combustíveis líquidos com o apoio e a ganância de grandes grupos econômicos e fundos de investimentos. Este modelo causa impactos negativos em comunidades camponesas, ribeirinhas, indígenas e quilombolas, que têm seus territórios ameaçados pela expansão do capital.

O que se verifica hoje é a compra de terras por estrangeiros (japoneses, chineses, americanos, franceses, holandeses e ingleses) que estão aportando no país, comprando usinas e formando um estoque de terras que rende uma valorização acelerada, na linha da especulação típica das zonas urbanas. O Brasil entra com a terra, a água, o sol e mão-de-obra barata, enquanto eles colhem, exportam e vendem o produto, aplicando os lucros lá fora. Ficam com o verde da cana e dos dólares e, nós, com o amarelo da fome.

Legalmente, estrangeiros só podem comprar no Brasil o equivalente a três Módulos de Exploração Indefinida - área determinada por legislação específica que varia de acordo com a região do país, podendo atingir até 100 hectares. No entanto, representantes de outros países estão comprando terras brasileiras em abundância. Há uma lei que fala da aquisição de terras por estrangeiros. De acordo com ela, pessoas físicas de outros países só podem comprar mais que três desses módulos através de concessão governamental. Além disso, empresas e pessoas físicas estrangeiras não podem ter, juntas, mais do que 25% da área de um município.

Por isso, florestas públicas e terras estão sendo repassadas a estrangeiros por concessão. Se não defendermos a soberania nacional, o imenso canavial Brasil estará produzindo combustível para os países industrializados que, na defesa de seus interesses, cuidarão da segurança de seus negócios aqui. Ou seja, regressaremos ao estágio colonialista de República, não das bananas, mas da cana.

Em particular, a expansão da cana-de-açúcar no país para produção de etanol pode avançar sim sobre áreas onde atualmente se cultivam gêneros alimentícios, além de colocar em risco a integridade de importantes biomas, como a Amazônia, o Pantanal e a Caatinga. Até agora, não foi feito nenhum estudo aprofundado sobre as conseqüências e impactos da expansão das lavouras de cana e de plantas oleaginosas. Este modelo de expansão da produção de biocombustíveis coloca em risco a soberania alimentar e pode agravar profundamente o problema da fome no Brasil e no mundo, com efeitos perversos para a população mais pobre.

Sem abandonar estas fontes de riqueza para o país, o modelo agrícola a ser adotado deve estar baseado na agroecologia, no zoneamento agrícola e na diversificação da produção. Ele deve ser orientado por um sentido de desenvolvimento, que fortaleça a agricultura familiar e o desenvolvimento regional, e não pela lógica de querer, acima de tudo, transformar o Brasil
em um grande exportador de combustíveis.

Tem se afirmado com insistência, ao longo dos anos, que não existe solução para os problemas urbanos do Brasil sem melhorar a qualidade de vida no campo. Assim, a questão crucial não deve ser plantar isto ou aquilo, mas sim "plantar para quê e para quem". Essas questões, por sua vez, devem estar subordinadas a uma pergunta mais geral: qual padrão de desenvolvimento e de consumo a sociedade brasileira deseja? A produção de biocombustíveis como etanol e biodiesel só faz sentido se melhorar a qualidade de vida do povo.

Não é difícil imaginar os motivos do apetite internacional pelo etanol e biodiesel brasileiro. Resta saber se nos âmbitos público e privado saberemos usar esse potencial de forma criativa e estratégica. Caso contrário, uma vez mais irá prevalecer à lógica do imediatismo, que gera lucros exorbitantes para poucos no início para depois deixar a conta para a sociedade.

* Heitor Scalambrini Costa é professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e coordenador de projetos do Centro de Estudos e Projetos de Energias Renováveis (Naper-Solar)

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Biodiesel a 5% (B5) será usado em ônibus

As empresas Ipiranga e Shell formalizaram no dia 9 de julho, adesão ao "B5 na Frota de Ônibus do Estado". O programa, idealizado pela Secretaria de Transportes, visa abastecer toda a frota rodoviária do Rio de Janeiro com biodiesel a 5%. Com as novas participações, a iniciativa, que já contava com o apoio da BR Distribuidora, agora funcionará em parceria com as três maiores distribuidoras de combustível do País.

As duas empresas já trabalhavam com biodiesel a 2%. E agora se unem ao maior projeto de combustível verde no transporte coletivo do Brasil. O Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel do governo federal prevê a utilização do B5 a partir de 2013. Mais o Rio saiu na frente e antecipou as metas em seis anos. E, graças à iniciativa da Secretaria de Transportes, o Rio ocupa hoje a vanguarda da luta por um transporte limpo.

O coordenador de Mercado Consumidor da Ipiranga, Milton Ferreira, e o gerente de Vendas de Mercado Comercial da Shell, Douglas Dal Gallo, garantiram ao Secretário de Transportes, Julio Lopes, que o diesel com adição de 5% de biodiesel já começa a chegar às garagens na próxima semana.

A meta é que, até o fim do ano, toda a frota (18.300 ônibus) seja abastecida com a mistura menos poluente. Mas, como o programa prevê um período de três meses de testes, nesta fase inicial, apenas 3.500 veículos vão rodar com o B5. A BR ficará responsável pelo abastecimento de 1.500 ônibus, e a Shell e a Ipiranga pelos outros 1.000 cada uma.

De acordo com o gerente da Shell, foram priorizadas as linhas que circulam no entorno dos locais de competição dos Jogos Pan-Americanos. Por isso a distribuidora fechou acordo com cinco empresas que operam na Barra da Tijuca, Tijuca e Jacarepaguá.

- A Shell abastece cerca de 20% dos veículos de transporte de passageiros do Rio. Como nossa participação no programa começa às vésperas do Pan, selecionamos cinco empresas que atendem às regiões próximas aos estádios, como Barra e Tijuca, para termos um Pan verde, com menos poluição – afirmou Dal Gallo.

A Ipiranga, que é responsável pelo abastecimento de 55% da frota de ônibus que circula no estado do Rio, selecionou 12 empresas para o teste inicial. Os ônibus com o B5 fornecido pela Ipiranga vão rodar na Zona Oeste, em municípios da Baixada Fluminense e em Petrópolis, na Região Serrana.

- Já trabalhamos com o B2, mas essa iniciativa com o B5 é pioneira no Brasil. Não poderíamos ficar de fora de um projeto desta importância. E a tendência é que a gente inclua mais empresas de ônibus no programa - comentou o gerente comercial Milton Ferreira.

O secretário de Transportes Julio Lopes comemorou as novas adesões, destacando que os benefícios do uso do B5 são imediatos. Testes de laboratório realizados pela Mercedez Bens e pela Volkswagen constataram que um veículo abastecido com B5 emite 7% menos de monóxido de carbono e 10% menos de fumaça escura do que os abastecidos com diesel comum.

- O experimento com o B5 é pioneiro no Brasil. O Rio sai na frente, antecipando as exigências do governo federal e na busca por novas tecnologias que garantam um transporte público cada vez menos poluente. E as metas da Secretaria não param por aí. Até o fim do ano queremos ter toda a frota do estado rodando com B5, disse Julio Lopes.

Fonte:

terça-feira, 10 de julho de 2007

Indústria de biodiesel confirma instalação em Alta Floresta - MT

Um grupo de investidores de São Paulo confirmou a instalação de uma indústria de biodiesel no município. A previsão é que entre em funcionamento no ano que vem . O investimento deve chegar a R$ 5 milhões nos seis municípios que integram o Consórcio Intermunicipal do Vale do Teles Pires -Alta Floreta, Carlinda, Paranaíta, Apiacás, Nova Bandeirantes e Nova Monte Verde.

Inicialmente, a matéria-prima será o sebo bovino, recolhido nos próprios municípios. “Também será utilizado o pinhão manso, girassol, algodão e, podendo também, o buriti”, completou Lammel. O projeto deve contemplar cerca de 600 famílias, além de gerar empregos diretos em fábricas de ração e esmagadoras, que serão implantadas em cada cidade.

Os recursos para que os agricultores possam investir no plantio da matéria-prima serão liberados pela própria empresa e financiados por instituições financeiras. O projeto foi idealizado pelo grupo Marchiori, de Piracicaba (SP) e pela Cooperativa de Produtores e Recuperadores da Bacia Amazônica (Coperba).

Fonte:

Bionegociações


Fica cada vez mais claro que o desenvolvimento de um mercado internacional de biocombustíveis requer a definição de padrões globalmente aceitos, sobre características básicas, condições de produção, desmatamento, uso de agroquímicos, comércio.

A discussão desses padrões -por exemplo, a quantidade de água adicionada ao álcool anidro- esteve na agenda do Fórum Mundial de Biocombustíveis, que reuniu Brasil, EUA, União Européia, China, Índia e África do Sul. Um grupo de agricultores, empresas e organizações não-governamentais na Suíça também realizará vários encontros nos próximos 12 meses para tentar obter um "consenso global em relação aos princípios e critérios para produção de biocombustíveis sustentáveis".

Da formação desse acordo prévio depende a emissão de certificados, que validariam as condições sociais, trabalhistas e ambientais de produção aceitas. Seria uma espécie de "selo socioambiental" para os biocombustíveis, como ocorre com alguns produtos florestais.

Receberia a certificação o biocombustível cujo balanço líquido em emissão de carbono, do plantio até o tanque do carro, fosse positivo. Dessa forma, se a emissão de carbono para o plantio, para a colheita e para a produção da cana-de-açúcar fosse inferior à dos combustíveis fósseis (petróleo), o biocombustível obteria o selo ambiental.

Estima-se que a cana-de-açúcar gere 8,3 unidades de energia renovável para cada unidade de combustível fóssil. O álcool do milho, produzido nos EUA, gera 1,3 unidade renovável para cada unidade fóssil. As condições de produção também seriam avaliadas. O uso de trabalho degradante, como ainda existe no Brasil, impediria a certificação.

O governo brasileiro procura vincular o processo de certificação à criação de um padrão internacional para o etanol, para tornar o produto uma commodity internacional. O Brasil pretende lançar seu próprio certificado de biocombustível -sob a coordenação do Inmetro- para assegurar que toda a cadeia de produção do álcool e do biodiesel respeite critérios ambientais, sociais e trabalhistas consagrados nas normais internacionais.

São legítimas as preocupações com o impacto ambiental no uso da terra e da água e das condições de trabalho, inclusive porque interessa melhorar as condições de produção e de trabalho no país.

Os negociadores brasileiros devem ficar atentos, no entanto, para evitar que a certificação se transforme em protecionismo disfarçado (barreira não-tarifária). Um país interessado em proteger seus produtores de biocombustíveis poderia alegar que o álcool brasileiro seria fabricado usando mão-de-obra em condições degradantes. A importação seria bloqueada, mesmo que a alegação fosse incorreta.

Por certo, um certificado padronizado com normas internacionais reduziria esse risco.

Fonte:

Petrosul investe R$ 40 milhões para produzir biodiesel


A indústria Bioverde, novo braço de atuação do grupo sorocabano Petrosul, inicia na próxima semana a produção de biodiesel na cidade de Taubaté (SP).

A aquisição da unidade fabril, que pertencia ao grupo Itaú, custou R$ 40 milhões e gerou cerca de 70 empregos diretos. Taubaté foi escolhida para sediar o investimento por conta da disponibilidade de uma estrutura fabril adequada para a produção de biodiesel, além do grande espaço disponível para futuras plantações de pinhão-manso –árvore oleaginosa que pode ser utilizada como matéria-prima do biocombustível.

Para este semestre, a previsão da Bioverde é de produzir 75 mil toneladas de biodiesel. Em 2008, quando passará a ser obrigatória a mistura de 2% do componente no diesel fóssil, a empresa fabricará 200 mil toneladas do produto. O gerente de agronegócios da Bioverde, José Pereira Júnior, explica que a fábrica tem capacidade de transformar materiais vegetais e animais em biodiesel. “É uma unidade com tecnologia de ponta, por isso é muito flexível. Neste início de operação, utilizaremos sebo bovino e óleo de soja”.

A Petrosul comprará de 20% a 30% da produção para misturar ao diesel que distribui a 1.900 postos de bandeira branca de seis Estados e a 70 postos próprios. Pereira Júnior destaca o papel social da instalação da fábrica em Taubaté. “Além da redução da poluição atmosférica, a produção de biocombustível gera alternativas de empregos e promove a inclusão social. Cerca de 10% da produção utiliza matéria-prima fornecida por agricultura familiar, mas ainda deve chegar a 30%”.

A estimativa da Bioverde é de que 200 mil empregos indiretos tenham sido gerados na região com a instalação da fábrica, que tem 45 mil metros quadrados de terreno e 12 mil metros quadrados de área construída.

Fonte: Bom Dia Sorocaba
Do:

Biodiesel mais viável é o de caroço do algodão


O biodiesel mais viável e barato produzido no País é o do caroço do algodão. Custa R$ 0,81 o litro e sai da Região Nordeste. Em seguida é o de soja, produzido na Região Centro-Oeste, a R$ 0,90 o litro. A informação é da coordenadora de projetos do Pólo Nacional de Biocombustíveis da Universidade de São Paulo (USP), Catarina Riodrigues Pezzo.

Ela toma por base análise comparativa feita nas cinco regiões do País. Esses dados ela apresentou, nesta segunda-feira (9), em oficina promovida pelo Sebrae com integrantes da Instituição que atuam na área de agronegócios.
Segundo Catarina, o caroço do algodão vence por fatores como facilidade de acesso e por resultar em subproduto com valor de mercado. 'Esse caroço é o subproduto da indústria têxtil e o seu farelo ainda serve para a ração animal, que tem valor de mercado', afirma. Já a soja, explica, tem ganho de escala e conta com todo um sistema de produção, desde transporte a armazenagem e processamento.
'Entre 60% a 70% do biocombustível produzido no País é de soja', exemplifica reforçando que 'hoje há 20 milhões de hectares do grão plantado no País enquanto que de cana são apenas 6 milhões'. Trata-se, lembra, de produto que tem mercado o ano inteiro, diferente do girassol, também produzido no Centro-Oeste e cuja semente também é matéria-prima para o biocombustível, mas que tem problema de safra e de armazenagem.

De acordo com Catarina Rodrigues, o biodiesel é uma alternativa econômica viável para os pequenos produtores, mas para competir no mercado eles precisam ter uma produção integrada e organizada, seja por meio de associações ou cooperativas. Dessa forma, podem beneficiar a matéria-prima além de 'aproveitar as oportunidades na cadeia de produção'.

A análise comparativa envolveu as matérias-primas disponíveis em cada região do País, da seguinte forma: Região Sul, girassol e soja; Região Centro-Oeste, cana, algodão, soja e girassol; Região Sudeste, amendoim, soja e girassol; Nordeste, mamona, soja e caroço de algodão; e Norte, dendê e soja.

Fonte:

Biodísel Urbano : Projeto de biodiesel tem novo parecer favorável na AL


De autoria do deputado Marcio Fernandes (PSDB), o Projeto de Lei nº 023/07, que dispõe sobre o programa ambiental de produção sul-mato-grossense de biodiesel foi aprovado no dia 03 de junho em segunda discussão no plenário da Assembléia Legislativa. O projeto vai agora para a redação final e sansão do Governo do Estado.

Segundo o deputado Marcio Fernandes o projeto é importante por seus aspectos ambientais, sociais e também econômicos, por reciclar o óleo de fritura, envolver a sociedade no processo e ainda reduzir o custo com a aquisição de óleo diesel por parte do município. “O projeto é importante para dar uma destinação ao óleo que muitas vezes acaba sendo descartado sem nenhum cuidado ambiental, permitindo uma destinação segura ao óleo comestível, além de permitir que haja geração de renda e economia para as famílias que estarão incluídas no programa”, destaca.

O governador André Puccinelli e o prefeito Nelson Trad Filho (PMDB) já conheceram e acompanharam todo o processo de transformação do óleo de fritura em biodiesel e reconheceram a importância do projeto em todos os níveis e ambos se dispuseram em desenvolvê-lo em Mato Grosso do Sul.

Para Fernandes a produção de 2000 litros/dia na Capital é perfeitamente viável."Temos como exemplo a cidade de Indaiatuba-SP com 200 mil habitantes, aproximadamente, já opera com uma indústria de 4000 mil litros/dia em 8 horas de funcionamento. Tenho certeza que nossa Capital poderá com a ajuda de todos atingir esse potencial rapidamente.Todos irão ganhar, hoje o município de Indaiatuba, pioneiro na transformação de óleo de fritura em biodiesel, tem uma economia de R$ 1 milhão de reais/ano com o projeto que abastece a frota municipal", esclareceu o deputado.

Fonte: Agora MS

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Falta de licença ambiental trava biodiesel no Norte de Minas

A falta de licenciamento ambiental está dificultando a produção de biodiesel no Norte de Minas, de acordo com o sociólogo Antônio Machado de Carvalho, consultor do Grupo Sada. A denúncia foi feita na manhã de ontem, no Ciclo de Palestras da Exposição Agropecuária de Montes Claros (Expomontes), durante debate sobre o programa do biocombustível. Segundo o especialista, a empresa pretendia plantar 30 mil hectares de pinhão manso e cana-de-açúcar no Projeto Jaíba, mas, neste ano, teria obtido licenciamento apenas para 65 hectares, cerca de 0,02% do total, o que atrasaria a produção de álcool e biodiesel na região.

O diretor-geral do Instituto Estadual de Florestas (IEF), Humberto Candeias, admite o problema e afirma que a licença deverá ser concedida dentro de poucos dias. Ele afirma que o órgão foi obrigado a suspender a análise dos pedidos durante três meses, para combater a ação clandestina de produtores de carvão no Projeto Jaíba.

No ciclo de palestras realizado na manhã de ontem, o vice-presidente da Associação dos Engenheiros Agrônomos do Norte de Minas, Reinaldo Nunes de Oliveira, alegou que é necessário estabelecer regras para a produção de biodiesel na região, para não criar falsas expectativas, como ocorreu com a produção de mamona, em 2000. Segundo ele, uma das exigências seria o capital de giro das empresas beneficiadoras do óleo. «Se não tiverem R$ 1,5 milhão para esse fim, não conseguem sobreviver. O investimento para montar uma usina é de R$ 1 milhão. Para o custeio é que precisam de capital de giro e, muitas vezes, derrubam a cadeia produtiva».

Antônio Machado espera que o Norte de Minas cobre uma postura do Governo estadual. Segundo ele, o Grupo Sada pretende instalar duas usinas, em Jaíba e Bocaiúva - já teria 5 mil hectares plantados -, mas esbarra na falta de licenciamento. O consultor afirma que, em Bocaiúva, seria necessário plantar 30 mil hectares de cana-de-açúcar, já que a meta é produzir 90 mil toneladas de álcool por ano.

Em Jaíba, de acordo com os planos da empresa, seriam plantados mais 30 mil hectares - já existe 5 mil hectares irrigados de pinhão manso e cana-de-açúcar -, para a produção de 70 mil toneladas/ano de biodiesel e 180 mil toneladas/ano de álcool. A usina terá capacidade para beneficiar um milhão de toneladas de sementes por ano, fabricando 300 mil toneladas de óleo anuais.

Segundo Antônio Machado, o IEF solicitou à empresa que estabelecesse a sua reserva legal na área onde irá aturar, mas, mesmo atendendo a exigência, a produção teria sido emperrada, pois o pedido de licenciamento ainda não foi apreciado. «Tivemos, em 2007, licença para desmatar apenas 65 hectares e precisaríamos, no mínimo, de 20 vezes mais», alega o consultor.

Fonte: Hoje em Dia

Descasos ambientais

Mais uma vez o ser humano dá demonstrações de que não está interessado no meio ambiente. Matéria publicada na edição de ontem desta Folha mostra o descaso de alguns populares com uma árvore centenária plantada no final da rua Tibiriçá, em Araçatuba.

É por atos como este, que são aparentemente pequenos, que o meio ambiente vive hoje em estado de alerta, causando desconforto e perigo para a população, pondo em risco a sobrevivência das espécies na superfície da Terra. Cada queimada, despejo de lixo no meio ambiente ou falta de zelo por árvores reflete negativamente nas atuais condições climáticas do mundo.

Muito se critica a indústria da cana-de-açúcar, pelas queimadas realizadas, questionando-se, inclusive, se o álcool seria, realmente, um combustível verde -- dada a grande quantidade de monóxido de carbono despejado no ar por causa das queimadas para o corte da cana. O questionamento vem para impulsionar o setor sucroalcooleiro para a modernização dos trabalhos, agregando valor tecnológico ao processo de produção, mais especificamente na coleta da cana.

Por outro lado, a população que reclama das grandes queimadas de cana-de-açúcar, não se dá conta de que o problema está muito mais próximo do que eles imaginam. São inúmeros os focos de queimadas domésticas, como no caso das queimadas realizadas à sombra da Figueira centenária. Cada pequeno foco de queimada também contribui para a poluição do ar, além de sujar as residência e causar mal estar aos populares.

É mais fácil tomar conta da vida alheia, como sempre. Enquanto muitos se preocupam com as grandes queimadas, em todos os finais de tarde, em bairros nobres ou populares, fumaça pode ser vista subindo de quintais ou, muitas vezes, próxima ao meio-fio, em pequenas fogueiras queimando montes de folhas, papéis e, em alguns casos, plásticos ou borracha.

Se a população não consegue zelar pelas árvores, de nada adianta a preocupação constante de pequenos grupos com a manutenção e aumento do número de árvores plantadas na cidade. Se não houver conscientização individual, se as pessoas não entenderem a importância das árvores e não tiverem credibilidade nas informações prestadas a respeito do meio ambiente, muitas ações serão tomadas em vão.

Tanto ao poder público quanto ao terceiro setor, cabe a vigilância, a conscientização e também a busca de soluções para a criação de um mundo melhor. Não adianta apenas consertar os estragos.
Fonte: Folha da Região - Araçatuba/SP
Da Agência

Produção mundial de biocombustíveis deve dobrar até 2012

A Agência Internacional de Energia (AIE) estimou nesta segunda (9) que a produção global de biocombustível irá dobrar dos níveis de 2006 para 1,75 milhão de barris diários em 2012. A AIE elevou a projeção de oferta para 863 mil barris em 2006 (aumento de 79 mil barris diários), em virtude do crescimento maior do que o esperado e do lançamento mais detalhado de novos projetos.

Ainda assim, a agência alertou que enquanto a previsão mostrou uma taxa considerável de crescimento da produção global de biocombustível, ela está significativamente abaixo da capacidade planejada para 2012.

A agência disse que manteve uma posição cautelosa em relação aos biocombustíveis porque os altos preços de matéria-prima geraram dúvidas quanto à viabilidade econômica. "Muitos projetos não verão a luz do dia", disse a AIE, acrescentando que a economia atual favorece principalmente o uso de matérias-primas como milho, cana, soja, trigo e óleo de palma para alimentos em vez de para combustível.

A AIE não espera que haja tecnologia para uma produção significativa de biocombustível a partir de outras matérias-primas até o fim de 2012. Dessa forma, a agência aponta para uma produção real de 1,75 milhão de barris diários em 2012, enquanto a capacidade potencial é de 2,92 milhões de barris diários.

A agência prevê um crescimento de 50% na oferta global de biocombustível entre 2007 e 2009, principalmente nos Estados Unidos. A AIE estima que a produção diária norte-americana cresça de 330.000 barris em 2006 para 533.000 barris em 2009, mas então continue estável até 2012.

Segundo a agência, as margens de lucro do etanol (álcool combustível) dos Estados Unidos devem diminuir mais nos próximos dois anos com o alto preço do milho.

No entanto, por causa da vantagem competitiva do Brasil em termos de custos de produção, agricultura e infra-estrutura, a AIE espera que o crescimento da oferta continue além de 2009. A produção diária do Brasil deve crescer de 293.000 barris em 2006 para 421.000 barris em 2009 e 528.000 barris em 2012.

A agência espera que a Europa mantenha sua participação de metade da produção de biodiesel até 2012, quase dobrando a produção de 2006 para 213.000 barris diários a partir de 2009. Mas a partir de 2008, a AIE espera um crescimento maior na produção de etanol da Europa.

A AIE projetou a produção diária total de biocombustível da Europa em 377.000 barris até 2009, em comparação a 150.000 barris em 2006. No entanto, a produção diária européia deve ficar estável de 2009 a 2012.

A agência afirmou ter muitas dúvidas sobre os projetos propostos que estão sendo desenvolvidos na região Ásia-Pacífico. A AIE acredita que apenas um terço da capacidade de produção diária proposta de 604.000 barris em 2012 seja atingida.

Fonte:
Do

Óleo de cozinha pode virar Sabão ou Biodiesel

O óleo vegetal de cozinha, um dos produtos mais comuns da cozinha, pode causar sérios danos ao meio ambiente se não for jogado fora de forma correta. Colocá-lo em recipientes bem fechados ou doá-lo para instituições que o destinam para reciclagem pode ser uma boa saída, sugere o engenheiro químico consultor da organização não governamental Vale Verde, Edson Fujita.

“A transformação dele em sabão é algo bastante recomendável. Se as pessoas fizerem isso vai haver uma diminuição significativa desse poluente ao meio ambiente. É um processo simples que exige algum cuidado, porque tem que lidar com produtos químicos. Além do que, existe também a intenção da transformação do óleo de cozinha em biodiesel”.

A cooperativa carioca Disque Óleo, por exemplo, recolhe o produto utilizado por donas de casa e restaurantes para vender para fábricas de sabão e biodiesel.

O coordenador da cooperativa, Lucinaldo Francisco da Silva, o Caio, explicou que o trabalho é feito de forma simples. “A idéia surgiu baseada no fato de preservação ambiental e geração de emprego para pessoas de baixa renda. É um trabalho simples a gente recolhe o óleo em domicílio”.

“Óleo que recebemos passa por um processo de limpeza e reciclagem. Depois ele é enviado para uma fábrica de sabão ou de biodiesel. O que sobra nós enviamos para uma usina de tratamento para voltar ao meio ambiente sem poluir”, acrescenta.

Jogar diretamente no solo é a pior das opções, diz Fujita. "Existe uma dificuldade do óleo ser absorvido pelas plantas, animais ou pelo sistema. Ele forma uma película na água e isso impede a entrada de oxigênio e luz. Com isso, diminui a capacidade dos seres metabolizarem bem esses poluentes”, explica.

Fujita ainda diz que, nos solos, o óleo vegetal pode afetar as plantas. “Ele impede um bom processo do metabolismo das bactérias e outros tipos de microorganismos que fazem a deterioração das substâncias orgânicas que viram nutrientes para o solo. Se o óleo for jogado na terra, ele vai ser consumido pelas plantas como se fosse uma matéria orgânica, como um adubo”.

Jogá-lo pela privada ou no ralo também pode não ser uma boa idéia. “O óleo pode entupir tubulação. Quando se usa soda cáustica para tentar desobstruir, ele saponifica e gera uma série de transtornos”, acrescenta.

Fonte:

Colômbia inicia a produção de Biodiesel

A primeira usina de biodiesel da Colômbia, que produzirá diariamente 50 mil galões do combustível, foi inaugurada hoje, no norte do país, pelo presidente Álvaro Uribe.

O complexo funciona no município de Codazzi, no departamento do César (norte), e faz parte de quatro grandes usinas que devem começar a operar na Colômbia antes do fim de 2007.

O complexo agroindustrial do grupo Oleoflores S.A., propriedade do empresário Carlos Roberto Murgas, tem capacidade para processar cerca de 50 mil toneladas de óleo cru de palma africana por ano.

Para seu funcionamento, a usina de biodiesel será abastecida por 20 mil hectares semeados de palma africana, o que vai gerar cinco mil empregos diretos e 15 mil indiretos.

Também utilizará a matéria-prima proveniente do trabalho de 1.500 famílias vinculadas ao modelo de alianças.

O presidente Uribe destacou os benefícios da primeira usina de biodiesel do país, focados na geração de emprego e no desenvolvimento produtivo das alianças entre os grandes empresários e os pequenos camponeses.

A palma de óleo está catalogada como a matéria-prima que melhor rende na produção do combustível, já que seu cultivo produz cerca de cinco mil litros por hectare ao ano e, ao término de 2007, o Governo pretende ter 330 mil hectares em todo o território nacional.

Fonte:

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Conheça os tipos de biodiesel

No Brasil, existem mais de 50 tipos produtos capazes de produzir biodiesel, boa parte composta por oleaginosas. Os mais utilizados são soja, dendê, mamona, girassol e sebo bovino. O pinhão-manso (típico da Índia), mesmo com a promessa de larga produção, ainda está sendo estudado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que analisa sua adaptação ao solo e clima brasileiros. Apesar de as concentrações de óleo em cada um variar, o rendimento do produto final é o mesmo, afirma o coordenador-geral de Agroenergia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Frederique Rosa e Abreu. Confira as características de cada um.

Soja - tem variedades de concentração de óleo, tradicionalmente, de 18% a 20%. Mas, hoje, encontram-se oleaginosas com até 25%. Cada hectare plantado é capaz de produzir 600 kg de óleo de soja. "Responde por 90% de toda produção de biodiesel no Brasil, e mesmo com a produção gradual da mamona pelos próximos cinco anos, a soja ainda ficará com uma fatia de 60% da produção", diz Abreu.

Sebo - tem em grande quantidade no Brasil, que é grande exportador de carne. Apesar disso, devido à alta demanda, o preço tem aumentado muito. Hoje, o quilo está custando R$ 1.

Dendê - o óleo não é viável por seu alto preço, além de ser utilizado na alimentação humana, como em margarinas com zero de gordura trans. Após o refino do óleo, sobra um resíduo, cerca de 8%, que é o ácido graxo, e dele pode ser feito o biodiesel. Um hectare produz 4,5 kg de óleo. Cada tonelada de óleo tem 80 kg de resíduo. Mas o dendê, alerta o especialista, tem outro problema: não é comercialmente atrativo para o investidor por esbarrar na legislação. "Na região da Amazônia, a cada 100 mil hectares, apenas 20 mil ficam disponíveis ao plantio. Os outros 80 mil têm de ser preservados. Na região sul da Bahia, outro local em que o dendê dá certo, já foi plantado muito da oleaginosa. Mas por seu alto custo, perdeu lugar para o crescimento cacau." A palmeira demora três anos para começar a produzir a palma e o ápice da produção é atingido com seis anos. Há produção por uns 15 anos, sendo a vida útil da planta de 25 anos.

Girassol ¿ a oleaginosa tradicionalmente tem de 35% a 40% de óleo, mas há casos de até 50%. Cada hectare de girassol rende de 800 kg a 900 kg de óleo.

Mamona - tem cerca de 50% de óleo, e um hectare gera, no máximo, 700 kg de óleo. A produção no Brasil não é muito grande e o processo de fabricação do biodiesel é muito mais difícil tecnicamente, se comparado com o de soja. "Sem contar que o processo operacional é mais caro. Se o da soja custa x, o da mamona custa x + 1". O custo final da mamona muitas vezes não compensa, diz Abreu. "Se a produção e a fabricação ocorrem no mesmo lugar, no Mato Grosso, por exemplo, é um custo. Já se é plantado no Mato Grosso e produzido no Tocantins, o custo logístico não compensa".

Pinhão manso ¿ o que se sabe é que rende muito: cada hectare produz de 2 toneladas a 2,5 toneladas de óleo. E, como não é comestível, seria utilizado apenas para fazer biodiesel. Além disso, os frutos não amadurecem todos de uma só vez, o que em tese exclui as safras, e a colheita é manual, o que seria propício à agricultura familiar. De sua composição, 35% é óleo. No entanto, o governo não pode incentivar seu cultivo porque não há ainda um estudo do comportamento e adaptação da planta. "Não se sabe qual praga ataca, qual o espaçamento ideal de plantio, os problemas climáticos que podem afetar a plantação", justifica Abreu. O que existe de produção no Brasil é da iniciativa privada. O risco é do empresário.

Fonte: Maracaju News

RN extrairá biodiesel do algodão


Pela primeira vez a safra de algodão vai render biodiesel no Rio Grande do Norte. Será em Alto do Rodrigues, onde a empresa paulista Ponte Di Ferro quer produzir o combustível a partir do óleo extraído do caroço - com planos de abastecer o estado e de exportar o excedente, que deve ser gerado em pelo menos dois anos, para a Europa.

A empresa está instalando uma usina no município potiguar, distante cerca de 200km de Natal. As obras civis estão em fase inicial, mas como a unidade será feita em módulos a expectativa é que a montagem seja rápida e que as operações comecem em janeiro de 2008.

Para garantir matéria-prima, a Ponte Di Ferro está incentivando o plantio entre pequenos e grandes produtores, fazendo consórcios na região do Baixo Assu e também deve plantar cerca de 2 mil hectares na Paraíba, em parceria com a Sementes Santana, empresa que possui uma fábrica de esmagamento em Alto do Rodrigues, onde o algodão será beneficiado.

Os contratos com garantia de preço de compra com cooperativas e os pequenos já começaram a ser fechados. São as ‘‘armas’’ da Ponte Di Ferro para dar segurança aos agricultores que precisam comprar sementes, adubo e outros insumos para o cultivo, que começou esta semana.

Segundo o diretor da companhia, Carlos Zveibil Neto, a área plantada com algodão especificamente para a produção de biodiesel nos dois estados deve atingir pelo menos 5 mil hectares na próxima colheita, também prevista para janeiro. Parte da produção paraibana será transformada na usina potiguar. A outra, lá mesmo, no estado vizinho, onde também há planos de instalar uma unidade produtora.

Na primeira fase, a unidade no RN deve consumir R$ 10 milhões em investimentos e ter capacidade para produzir 7 milhões de litros de biodiesel por mês. Em dois anos deve ser ampliada para produzir 15 milhões de litros e posteriormente deve sofrer pelo menos mais uma ampliação. O óleo será extraído do caroço pela Sementes Santana e depois encaminhado para a usina, que, graças à tecnologia usada, poderá receber o produto bruto, sem precisar refiná-lo.

‘‘No primeiro momento vamos abastecer o estado, depois que ampliarmos a capacidade, vamos pensar em exportação para Portugal, Espanha’’, planeja Zveibil. A Ponte Di Ferro possui duas refinarias de biodiesel no país, uma no interior de São Paulo e outra no Rio de Janeiro. Foi nessa última, chamada refinaria de Manguinhos, que desenvolveu o projeto pioneiro de produzir biodiesel a partir do sebo de boi, em parceria com o Centro de Pós-Graduação da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

‘‘Resolvemos apostar no algodão no Nordeste por causa da forte tradição na cotonicultura. O Rio Grande do Norte chegou a ser o maior produtor nacional, teve problemas em função da praga do bicudo. Mas como a praga já foi debelada, podemos aproveitar o know how tanto do estado quanto da Paraíba’’, diz o diretor, que também está montando uma usina no Paraguai.

O projeto potiguar começou a ser desenvolvido há um ano. Inicialmente seria em Mossoró, mas devido a parceria com a Sementes Santana acabou redirecionado para Alto do Rodrigues. Além da vocação para a cotonicultura, a previsão de que até 2013 o RN vá precisar de 15 milhões de biodiesel por ano para misturar ao diesel comum e a localização estratégica, próxima a Europa, que o torna ‘‘excelente base de exportação’’, contribuíram para que a empresa escolhesse o Rio Grande do Norte como sede para uma das usinas.

Fonte: Diário se Natal