sexta-feira, 6 de julho de 2007

RN extrairá biodiesel do algodão


Pela primeira vez a safra de algodão vai render biodiesel no Rio Grande do Norte. Será em Alto do Rodrigues, onde a empresa paulista Ponte Di Ferro quer produzir o combustível a partir do óleo extraído do caroço - com planos de abastecer o estado e de exportar o excedente, que deve ser gerado em pelo menos dois anos, para a Europa.

A empresa está instalando uma usina no município potiguar, distante cerca de 200km de Natal. As obras civis estão em fase inicial, mas como a unidade será feita em módulos a expectativa é que a montagem seja rápida e que as operações comecem em janeiro de 2008.

Para garantir matéria-prima, a Ponte Di Ferro está incentivando o plantio entre pequenos e grandes produtores, fazendo consórcios na região do Baixo Assu e também deve plantar cerca de 2 mil hectares na Paraíba, em parceria com a Sementes Santana, empresa que possui uma fábrica de esmagamento em Alto do Rodrigues, onde o algodão será beneficiado.

Os contratos com garantia de preço de compra com cooperativas e os pequenos já começaram a ser fechados. São as ‘‘armas’’ da Ponte Di Ferro para dar segurança aos agricultores que precisam comprar sementes, adubo e outros insumos para o cultivo, que começou esta semana.

Segundo o diretor da companhia, Carlos Zveibil Neto, a área plantada com algodão especificamente para a produção de biodiesel nos dois estados deve atingir pelo menos 5 mil hectares na próxima colheita, também prevista para janeiro. Parte da produção paraibana será transformada na usina potiguar. A outra, lá mesmo, no estado vizinho, onde também há planos de instalar uma unidade produtora.

Na primeira fase, a unidade no RN deve consumir R$ 10 milhões em investimentos e ter capacidade para produzir 7 milhões de litros de biodiesel por mês. Em dois anos deve ser ampliada para produzir 15 milhões de litros e posteriormente deve sofrer pelo menos mais uma ampliação. O óleo será extraído do caroço pela Sementes Santana e depois encaminhado para a usina, que, graças à tecnologia usada, poderá receber o produto bruto, sem precisar refiná-lo.

‘‘No primeiro momento vamos abastecer o estado, depois que ampliarmos a capacidade, vamos pensar em exportação para Portugal, Espanha’’, planeja Zveibil. A Ponte Di Ferro possui duas refinarias de biodiesel no país, uma no interior de São Paulo e outra no Rio de Janeiro. Foi nessa última, chamada refinaria de Manguinhos, que desenvolveu o projeto pioneiro de produzir biodiesel a partir do sebo de boi, em parceria com o Centro de Pós-Graduação da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

‘‘Resolvemos apostar no algodão no Nordeste por causa da forte tradição na cotonicultura. O Rio Grande do Norte chegou a ser o maior produtor nacional, teve problemas em função da praga do bicudo. Mas como a praga já foi debelada, podemos aproveitar o know how tanto do estado quanto da Paraíba’’, diz o diretor, que também está montando uma usina no Paraguai.

O projeto potiguar começou a ser desenvolvido há um ano. Inicialmente seria em Mossoró, mas devido a parceria com a Sementes Santana acabou redirecionado para Alto do Rodrigues. Além da vocação para a cotonicultura, a previsão de que até 2013 o RN vá precisar de 15 milhões de biodiesel por ano para misturar ao diesel comum e a localização estratégica, próxima a Europa, que o torna ‘‘excelente base de exportação’’, contribuíram para que a empresa escolhesse o Rio Grande do Norte como sede para uma das usinas.

Fonte: Diário se Natal

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