No Brasil, existem mais de 50 tipos produtos capazes de produzir biodiesel, boa parte composta por oleaginosas. Os mais utilizados são soja, dendê, mamona, girassol e sebo bovino. O pinhão-manso (típico da Índia), mesmo com a promessa de larga produção, ainda está sendo estudado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que analisa sua adaptação ao solo e clima brasileiros. Apesar de as concentrações de óleo em cada um variar, o rendimento do produto final é o mesmo, afirma o coordenador-geral de Agroenergia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Frederique Rosa e Abreu. Confira as características de cada um.
Soja - tem variedades de concentração de óleo, tradicionalmente, de 18% a 20%. Mas, hoje, encontram-se oleaginosas com até 25%. Cada hectare plantado é capaz de produzir 600 kg de óleo de soja. "Responde por 90% de toda produção de biodiesel no Brasil, e mesmo com a produção gradual da mamona pelos próximos cinco anos, a soja ainda ficará com uma fatia de 60% da produção", diz Abreu.
Sebo - tem em grande quantidade no Brasil, que é grande exportador de carne. Apesar disso, devido à alta demanda, o preço tem aumentado muito. Hoje, o quilo está custando R$ 1.
Dendê - o óleo não é viável por seu alto preço, além de ser utilizado na alimentação humana, como em margarinas com zero de gordura trans. Após o refino do óleo, sobra um resíduo, cerca de 8%, que é o ácido graxo, e dele pode ser feito o biodiesel. Um hectare produz 4,5 kg de óleo. Cada tonelada de óleo tem 80 kg de resíduo. Mas o dendê, alerta o especialista, tem outro problema: não é comercialmente atrativo para o investidor por esbarrar na legislação. "Na região da Amazônia, a cada 100 mil hectares, apenas 20 mil ficam disponíveis ao plantio. Os outros 80 mil têm de ser preservados. Na região sul da Bahia, outro local em que o dendê dá certo, já foi plantado muito da oleaginosa. Mas por seu alto custo, perdeu lugar para o crescimento cacau." A palmeira demora três anos para começar a produzir a palma e o ápice da produção é atingido com seis anos. Há produção por uns 15 anos, sendo a vida útil da planta de 25 anos.
Girassol ¿ a oleaginosa tradicionalmente tem de 35% a 40% de óleo, mas há casos de até 50%. Cada hectare de girassol rende de 800 kg a 900 kg de óleo.
Mamona - tem cerca de 50% de óleo, e um hectare gera, no máximo, 700 kg de óleo. A produção no Brasil não é muito grande e o processo de fabricação do biodiesel é muito mais difícil tecnicamente, se comparado com o de soja. "Sem contar que o processo operacional é mais caro. Se o da soja custa x, o da mamona custa x + 1". O custo final da mamona muitas vezes não compensa, diz Abreu. "Se a produção e a fabricação ocorrem no mesmo lugar, no Mato Grosso, por exemplo, é um custo. Já se é plantado no Mato Grosso e produzido no Tocantins, o custo logístico não compensa".
Pinhão manso ¿ o que se sabe é que rende muito: cada hectare produz de 2 toneladas a 2,5 toneladas de óleo. E, como não é comestível, seria utilizado apenas para fazer biodiesel. Além disso, os frutos não amadurecem todos de uma só vez, o que em tese exclui as safras, e a colheita é manual, o que seria propício à agricultura familiar. De sua composição, 35% é óleo. No entanto, o governo não pode incentivar seu cultivo porque não há ainda um estudo do comportamento e adaptação da planta. "Não se sabe qual praga ataca, qual o espaçamento ideal de plantio, os problemas climáticos que podem afetar a plantação", justifica Abreu. O que existe de produção no Brasil é da iniciativa privada. O risco é do empresário.
Fonte: Maracaju News
Nenhum comentário:
Postar um comentário