quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Biocombustíveis de Segunda Geração

Quando tratamos de biocombustíveis de segunda geração devemos antes fazer algumas considerações a respeito de nomeclaturas adotadas para evitarmos confusões de conceitos.

O bioetanol é uma denominação geral para todo o etanol combustivel, um biocombustível, produzido a partir da fermentação alcoólica dos açúcares vegetais da biomassa que contenha amido ou sucrose, como por exemplo o milho, o trigo, o sorgo, o amendoim, a soja, a beterraba, a batata doce, o girassol e a cana-de-açúcar. No Brasil por ele ser produzido, basicamente de cana-de-áçucar (sacarose), é comumente conhecido apenas por etanol. Em outros países, como os EUA e a França, que utilizam o milho (amido) e a beterraba, respectivamente, é chamado de bioetanol.

A tecnologia brasileira é considerada mais avançado, pois tem um redimento energetico muito melhor. Enquanto uma unidade de energia usado no processo de produção de etanol brasileiro gera oito unidade (1:8) de energia, no processo americano essa relação é de cerca de 1:1,3 atualmente e o frances é de 1:1,5. Alem disso, o processo brasileiro começa a tornar-se cada vez mais eficiente com a utilização do bagaço da cana, para a geração de eletricidade elétrica. Além dos avanços tecnologicos esperados para a produção de etanol a partir da biomassa das sobras restante do processo de produção (bioetanol), bem como o uso de variedades mais produtivas.

Os Biocombustíveis de segunda geração são o Bioetanol (etanol de lignocelulose* ou lenhinocelulósicas) produzido de fontes diversas da biomassa, não usadas na alimentação humana. Os de primeira geração utilizam como matéria-prima produtos agrícolas e agroindustriais como insumo na produção de biocombustíveis, como o etanol de cana-de-açúcar e o biodiesel de óleos vegetais.

Como somente o amido e a sacarose são usados no processo de produção do bioetanol, a maioria da substância, da biomassa usada, não são utilizadas, estes “detrítos” podem ser usados como sub-produtos valiosos para a produção de alimentos e produtos químicos.

O Centro de Pesquisas da Petrobrás (Cenpes), em conjunto com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), já possui pesquisas em andamento para a produção bioetanol a partir de bagaço de cana-de-açúcar ou de torta de mamona (resíduo da produção do biodiesel), utilizando um processo de quebra de moléculas pela ação de enzimas. O processo foi desenvolvido em conjunto com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

No resto do Mundo diversas outras opções tecnológicas estão sendo desenvolvidas, sendo a mais promissora o processo Fischer-Tropsh. Este processo, conhecido desde a década de 1920, consiste em transformar o gás de síntese (mistura dos gases monóxido de carbono e hidrogênio) em hidrocarbonetos. No caso do aproveitamento de biomassa, faz-se inicialmente uma queima parcial, ou seja, na presença de baixa concentração de oxigênio, para produzir o gás de síntese, que é posteriormente transformado em hidrocarbonetos na faixa da gasolina e do diesel.

Os Estados Unidos estão investindo US$ 1,6 bilhão em pesquisas dessa natureza, especialmente para tornar sua produção de bicombustíveis minimamente competitiva. Por isso as pesquisas para segunda geração no Brasil, se tornam fundamentais.

No Canadá, já se encontra em operação uma primeira fábrica de etanol feito de celulose. A empresa de biotecnologia, Iogen, foi fundada em 1970 e já investiu 130 milhões de dólares em pesquisa e desenvolvimento (http://www.iogen.ca/).

A UE deve igualmente continuar a apoiar a investigação no domínio dos biocombustíveis de segunda geração como o etanol lignocelulósico, o biodiesel Fischer-Tropsch ou o éter bio-dimetílico (bio-DME).

Na suécia estão usando derivados da floresta, serradura e aparas de madeira, para gerar combustível através da fermentação e destilação dos açúcares vegetais. Além do bioetanol o processo gera um valioso subproduto: aparas de madeira ressequida que são usadas para aquecimento em lareiras ou obtenção de energia eléctrica em unidades térmicas industriais. O custo atual estimado de produção do bioetanol é de 0,43 euros por litro, mas com perspectiva de diminuição à medida que evoluir a tecnologia. Esta unidade resulta de um investimento de 22 milhões de euros avançado por um consórcio privado sueco e três empresas regionais de energia, a Skelleftea Kraft, a Ovik Energi e a Umea Energi.

Uma das tecnologias mais promissoras no domínio dos biocombustíveis de segunda geração – o processamento de matérias lenhinocelulósicas – já está bastante avançada, tendo sido construídas três unidades-piloto na União Europeia (Suécia, Espanha e Dinamarca). Entre as outras tecnologias de conversão de biomassa em biocombustíveis líquidos (BtL), contam-se os processos biodiesel Fischer-Tropsch e bio-DME (éter dimetílico). Estão em funcionamento unidades de demonstração na Alemanha e na Suécia.

No Brasil ainda não existe especificação proprias para estes biocombustíveis, o que impede que o biocombustivel, produzido por Fischer-Tropsch sejam comercializados no país. Não podemos, porém, ficarmos com a ilusão que brevemente estes combustíveis não serãoincorporados nossa matriz energética.

Neste campo de combustiveis, as pressões que grandes corporações mundiais que estão desenvolvendo novas tecnologias, são imensa. Caso o país não invista rapidamente em desenvolvimento de pesquisas neste campo, corremos o risco de ficarmos dependentes, num futuro proximo, dessas tecnologias alternativas, mais viáveis energética e economicamente que os biocombustíveis de primeira geração.

* Toda biomassa é constituída de uma base seca, que consiste quase que integralmente de lignocelulose, nome dado a um conjunto de três polímeros que são: celulose, hemicelulose e lignina. Lignocelulose - sistema de quebra de enzimas de celulose do bagaço da cana

Do Autor do Blog

Ver também:

Etanol Celulósico

Processo de Produção de Bioetanol



Bibliografia consultada:


Nascimento, Roberto. “Nova geração de bioetanol pode dobrar produção” .
Wikipédia, “Bioetanol”.
Wikipédia, “Etanol Celulósico”.
Almeida, Nunes. “Combustível Verde”.
Bioetanol
http://europa.eu.int/comm/agriculture/biomass/biofuel/index_en.htm

Um comentário:

Anônimo disse...

não concordo com o que diz sobre o combustível de segunda geração. não se está a esquecer do biodiesel??