A pesquisa sobre produção de biocombustível a partir do óleo de cozinha da Universidade de São Paulo (USP) foi premiada na semana passada como um dos quatro programas vencedores da edição 2007 do projeto Jovens Embaixadores Ambientais, do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) em parceria com a Bayer. Escolhido entre 32 projetos, o "Biodiesel em casa e nas escolas" envolve universitários, escolas e empresas de 25 cidades do interior paulista. O óleo recolhido, ao invés de poluir o meio ambiente, é transformado em combustível 100% renovável, segundo o coordenador do programa, o professor Miguel Dabdoub.
A iniciativa nasceu em 2003, quando o "Biodiesel em casa e nas escolas" começou a recolher o óleo utilizado no restaurante do campus de Ribeirão Preto da USP. Aos poucos, cadeias de restaurantes fast food, de supermercados e escolas da rede pública aderiram ao programa - atualmente são 25 mil alunos participando na coleta. Hoje, segundo o professor, cerca de 100 toneladas que seriam despejados na natureza movem a frota usada na pesquisa e veículos de empresas parceiras.
O Jovens Embaixadores Ambientais é realizado desde 1996. Oito anos depois, foi feita uma parceria com o PNUMA. Segundo a empresa, o programa busca "incentivar lideranças jovens de 18 a 25 anos nas áreas de preservação ambiental e desenvolvimento sustentável". Já foram premiados mais de 400 jovens em 22 países da Europa, Ásia, África e América Latina. No Brasil, o programa é realizado desde 2004 e 16 estudantes já conquistaram o prêmio. Os vencedores deste ano, receberão o prêmio na sede mundial da empresa, em Berlin, na Alemanha.
Processo
Para ser transformado em energia renovável, o óleo de cozinha passa por um processo de filtragem que retira resíduos deixados pela fritura. Depois é retirado toda a água misturada. Se preciso, o óleo passa por uma "purificação" química, para retirar os últimos resíduos. Limpo, o óleo recebe a adição de álcool e uma substância catalisadora e no reator, agitado a temperaturas específicas, se transforma em biocombustível.
Para completar o processo, o produto passa ainda por um refino. Só então pode ser usado em motores capacitados para queimar o biocombustível. Dabdoub explica que da reação química, sobra glicerina, que pode ser usado na indústria de produtos de limpeza, de tabaco e na fabricação de explosivos. O professor conta que a pesquisa está na fase final dos testes, que ocorrem há três anos, do biocombustível em motores de tratores, máquinas e carros.
Dabdoub conta que o principal empecilho para a produção do biodiesel em escala industrial hoje ainda é o custo. Mas ele deslumbra um futuro promissor para o biocombustível feito a partir do óleo de cozinha. A legislação federal (Lei 11.097, de 13 de janeiro de 2005) determina que o todo diesel vendido no Brasil possua 2% de biocombustível misturado a partir de 1º de janeiro do ano que vem. "O biodiesel veio para ficar, não tenho dúvida. Só falta passar pela curva do aprendizado. Mas vai se consolidar como o álcool se consolidou", diz.
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