sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Especialistas dizem que o Brasil deve diversificar fontes do biodiesel

O Brasil tem capacidade de produzir em torno de 2 bilhões de litros de biodiesel, quantidade quase duas vezes e meia maior da que o país necessita para garantir, a partir do próximo ano, a adição de 2% ao óleo diesel. O problema é que hoje, de 70% a 80% do produto tem como matéria-prima a soja, que, por ser commodity (produto primário que tem cotação e padrão internacionais), acaba tornando mais caro o biodiesel em relação ao diesel. Esse é um dos assuntos que estão sendo discutidos na 2ª Enerbio - Conferência Internacional de Energia, aberta ontem em Brasília.

Segundo o presidente da União Brasileira do Biodiesel (Ubrabio), Odacir Klein, na atual conjuntura, o biodiesel é mais caro que o diesel em torno de 30%. Considerando que já a partir do próximo ano o Brasil comece a adicionar 3% e não 2% de biodiesel ao diesel, na prática, a mistura deverá representar acréscimo no preço em torno de R$ 0,01. Mas, de acordo com Klein, a Petrobras e a BR Distribudora estariam dispostas a equalizar esse problema para que o consumidor final não seja penalizado.

A saída para equalizar esse problema hoje do biodiesel de dependência da soja é se buscar outras matérias-primas. "O governo tem estimulado alternativas que não simplesmente a soja. Isso envolve zoneamento climático para identificação de culturas adaptáveis a cada região e pesquisa", disse Odacir Klein, ao fazer questão de explicar que ninguém está inventando matéria-prima.

Ele citou como alternativas que estão sendo pesquisadas e já cultivadas em várias regiões do país, a mamona (trabalhada no Maranhão), palma, pinheiro manso e até mesmo a produção de biodiesel a partir da gordura animal.

A mesma preocupação em relação à dependência da soja como principal matéria-prima para a produção de biodiesel tem o secretário de Produção e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Manoel Vicente Bertone. "O Brasil tem que escapar da armadilha da soja", afirmou.

Na visão de Bertone, o país tem que passar a produzir biodiesel a partir de matérias-primas que não sejam alimentos, como é o caso da soja. "O governo está buscando novas fontes de produção de biodiesel, de preferência de matérias-primas que utilizem mão-de-obra familiar", acrescentou.

Etanol

Manoel Bertone, um dos conferencistas da 2ª Enerbio, afirmou que o apoio à agroenergia no Brasil é uma decisão de governo, de transformar todo esse esforço em fator de desenvolvimento regional, de modo a pulverizar a política, diversificar suas fontes, buscando projetos mais propícios a cada região.

Segundo o secretário, o Brasil é líder mundial em agroenergia e outros países, como os Estados Unidos, estão enxergando isso como uma alternativa de energia e de desenvolvimento sustentável. Só que enquanto o Brasil produz etanol a partir da cana-de-açúcar os americanos estão utilizando o milho como matéria-prima. Mas para Bertone a utilização do milho pelos americanos tende a ser temporária, pois a cultura não mostra viabilidade em relação ao etanol produzido a partir da cana-de-açúcar.

Bertone, no entanto, admitiu que é fundamental que o setor de agroenergia brasileiro tenha um marco regulatório, processo que está sendo discutido pelo governo com a participação da iniciativa privada. "Quanto maior o envolvimento da iniciativa privada nessa discussão, melhor", finalizou.

(Ecopress com informações do jornal O Estado do MAranhão - 10/10/07, às 14h15)

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