Depois da mamona, do girassol e do algodão, o Rio Grande do Norte poderá produzir biodiesel a partir de microalgas. A expectativa vem de estudos que a Empresa de Pesquisa Agropecuária do estado (Emparn) está capitaneando com o objetivo de descobrir não o potencial de produção - já atestado em outros países - mas como atingir a produção em larga escala.
Segundo o pesquisador Ezequias Viana de Moura, a idéia é que o trabalho seja feito em parceria com a Petrobras e o suporte do Centro de Tecnologia da Aqüicultura, que será oficialmente inaugurado na próxima sexta-feira. Ele diz que, nos Estados Unidos, as pesquisas começaram há cerca de 20 anos, chegando a resultados animadores no que diz respeito ao potencial da matéria-prima.
‘‘As microalgas têm alta capacidade de transformar energia em matéria orgânica e se apresentam com grandes possibilidades de produzir biodiesel. O potencial é 25 vezes maior que o de qualquer outro vegetal. O que precisamos agora é superar esse desafio’’, disse ele, também diretor executivo do CTA.
DIVERSIDADE
Mas essa não é a única opção estudada pela Emparn. A entidade vem analisando diversas matérias-primas e defendendo o girassol como uma das melhores para a produção do biodiesel no estado. Também está testando, por exemplo, algodão, coco e outra variedade de mamona, a chamada BRS Energia, com teor de óleo de em média 48%, além de menos tóxica e com possibilidade de ser colhida mecanicamente, o que não é possível com a atualmente cultivada pelos produtores, segundo o presidente da Empresa, Henrique Santana. Só no próximo ano, 500 hectares serão plantados com a variedade para dar suporte às pesquisas, com potencial de produção de 1.800kg de mamona por hectare.
O girassol, por sua vez, tem despontado como ‘‘grande oleaginosa’’ e excelente oportunidade tanto para a agricultura familiar quanto para o repouso da cultura da cana-de-açúcar, ainda de acordo com Santana. Associada à cultura da cana, a planta pode oferecer inúmeras vantagens e subprodutos que vão muito além do óleo para produzir o combustível verde.
Com uma enorme capacidade de melhoradora do solo, pesquisas mostram que pode aumentar em 45% a produtividade por hectare nas áreas onde é associada. Além disso, é tolerante à seca e dela pode-se extrair produtos como mel e torta, nesse caso para alimentação animal. De acordo com o pesquisador Marcelo Abdon Lira, o teor de óleo nos grãos também supera os 40%. Outra vantagem é que possui baixo teor de iodo, atendendo os níveis de viscosidade e outras características exigidas pelos motores a diesel.
As diversas linhas de pesquisa na área do biodiesel tem destacado à Emparn em meio as empresas de pesquisa do Nordeste. ‘‘Mas muito ainda precisa ser estudado em termos de matéria-prima’’, continuou Henrique Santana, sinalizando que os trabalhos estão longe de chegar ao fim. Os pesquisadores, segundo explicaram, estão sempre em busca das melhores variedades e dos melhores resultados possíveis, no que se refere, por exemplo, à produção e produtividade.
Os detalhes sobre as pesquisas foram apresentados na manhã de ontem, durante entrevista coletiva realizada na Festa do Boi, no Parque Aristófanes Fernandes. Na ocasião, a entidade também promoveu um almoço, no qual estiveram presentes, entre outros, o governador em exercício, Iberê Ferreira, a secretária estadual de Agricultura, Pecuária e Pesca, Larissa Rosado e o presidente da Associação Norte-Rio-Grandense de Criadores, José Bezerra Junior.
Renata Moura
Da equipe do Diário de Natal
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