sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Ceará só conta com 3% da capacidade das usinas instaladas

O Ceará, se tivesse que suprir sozinho sua capacidade instalada para a produção de biodiesel, ainda estaria longe de ser auto-suficiente. O programa da nova fonte de energia avança e, já a partir do ano que vem, duas usinas beneficiadoras do combustível devem estar em funcionamento, com capacidade de produção conjunta de 168 mil toneladas do biodiesel.

Entretanto, segundo o coordenador do Programa de Biodiesel estadual, Walmir Severo, para suprir essas usinas, o Estado precisaria ter, no mínimo, 300 mil hectares plantados, no caso da utilização da mamona Mas, na prática, só existem hoje 10,6 mil hectares — ou seja, apenas 3% do necessário.

O desafio está sendo, segundo ele, lançado ao Governo do Estado e aos empresários da agropecuária. Mas Severo se mostra otimista, afirmando que o Ceará não tem a obrigação de suprir, sozinho, toda essa capacidade. ´Essas usinas não atendem somente ao Estado, mas ao Nordeste inteiro´, esclarece.

Severo informa que deverão ser investidos, no Ceará, R$ 21,54 milhões no Programa do Biodiesel para o ano que vem, sendo R$ 18 milhões do Governo do Estado e o restante da Petrobras. A expectativa, aponta, é que se chegue a 55 mil hectares plantados de oleaginosas em terreno cearense até o fim de 2008. Para isso, será investido na cultura do girassol, ainda inexistente aqui.

´Acredito que o girassol é a grande alternativa. No Cariri, por exemplo, o agricultor pode consorciar o girassol com a cultura do milho e ter bons resultados´. De acordo com estimativa do Programa de Biodiesel, o Ceará deverá contar com 5 mil hectares plantados de girassol em 2008, ficando o restante com a mamona. Atualmente, 97 municípios foram zoneados pelo programa e oito já trabalhados com oleaginosas em 2007. A meta é alcançar 130 municípios em 2008, com 27.500 agricultores familiares.

A cultura da mamona já existia no Ceará, mas, com o tempo, foi se perdendo. A tentativa do governo, agora, é recuperar este plantio. ´O Ceará tem condições de ser um dos estados a ajudar a mudar a matriz energética do país, e é preciso investir nisso´, destaca o vice-governador do Estado, Francisco Pinheiro. Para Walmir Severo, a cultura da mamona deve ser incentivada, acima de tudo, por permitir uma diversificação da agricultura do pequeno produtor. ´A mamona é oportunidade no verão, quando o milho e o feijão não dão´, destaca.

Política de preços

Para incentivar a produção de oleaginosas, o governo garante, desde março deste ano, uma política de preços em que o quilograma da mamona não possa ser comercializado por um preço abaixo de R$ 0,70 e o de girassol não fique por menos de R$ 0,50. As duas oleaginosas possuem 100% de subsídio pelo governo, enquanto que o calcário e o ácido bárico utilizados no solo têm subsídios de 50%.

Outra iniciativa é o repasse ao pequeno agricultor, a fundo perdido, de R$ 150,00 por hectare plantado de oleaginosas, quando a propriedade possui no máximo três hectares. Também há a formação do Fundo de Capital de Giro, que destinará R$ 200,00 por família para apoiar organizações que trabalham com essa população.

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