O grupo catarinense Battistella, que faturou R$ 583,5 milhões e teve lucro líquido de R$ 20,766 milhões no ano passado, elegeu o segmento de energia limpa como prioridade no processo de reposicionamento de mercado. Para isso, fundiu a Maquigeral (divisão de geradores de energia) e a Abadir Distribuidora (unidade de produtos para transmissão), que juntas devem faturar neste ano cerca de R$ 110 milhões. O objetivo é dobrar de tamanho em três anos, de acordo com Sandra Battistella, diretora da Abadir e sócia do grupo.
O grupo prevê investir US$ 100 milhões em dois anos no processo de reestruturação. Na Abadir, foram aplicados neste ano R$ 15 milhões para elevar o número de filiais de seis para dez. Na próxima semana, a empresa coloca no mercado o primeiro gerador movido a biodiesel puro.
A pesquisa foi desenvolvida em parceria com o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) durante dois anos. "O diesel usado nos geradores normais é muito caro em algumas regiões e é poluente. A política da empresa está voltada para desenvolver alternativas de energia limpa", diz Sandra. Para completar o pacote, a empresa testará a qualidade do biodiesel a ser comprado pelos clientes para garantir a qualidade. O grupo também negocia com o BNDES a criação de uma linha de financiamento para a aquisição de fontes de energia limpa. "Os clientes que já possuem geradores do grupo a diesel também poderão fazer a conversão para o biodiesel", diz.
Gérson Schmitt, presidente do grupo, observa que as vendas de geradores no país giram em torno de 5,7 mil unidades por ano. O grupo neste ano elevou as vendas no segmento em 65%, alcançando participação de mercado de 13,5%. "As empresas tendem a buscar alternativas à energia elétrica, sobretudo com fontes menos poluentes." A expectativa do grupo é conquistar 5% do mercado com o gerador a biodiesel dentro de um ano.
Para o primeiro trimestre de 2008, o grupo prepara o lançamento de mini-usinas de biodiesel, à base de óleo de cozinha reciclado. Um restaurante, por exemplo, poderia aproveitar o óleo que descarta para produzir o biodiesel e alimentar os geradores, segundo Schmitt. O grupo, porém, ainda não definiu o porte das máquinas.
Ainda no segmento de energia, a Abadir Distribuidora vai importar a bateria movida à célula de hidrogênio, que substitui as poluentes baterias de chumbo e são utilizadas, por exemplo, em nobreaks. A empresa representará no Brasil a Tyco Electronics. "Dessa forma, vamos oferecer fontes renováveis nas duas etapas de substituição da energia elétrica", afirma Sandra, observando que, em caso de queda de energia, as empresas normalmente utilizam nobreaks (para picos) e geradores (se a falta de energia é dura mais tempo).
O grupo Battistella - administrado pela sua terceira geração - está formado por 11 empresas divididas em quatro segmentos de negócios. Hoje, 57% da receita líquida do grupo (ou R$ 296,9 milhões) vem da área automotiva. O grupo responde por 16% das revendas de veículos da Scania no país, com 12 concessionárias em Santa Catarina e Paraná. "Foi um ano muito bom para o setor automotivo, especialmente a venda de caminhões", diz Schmitt, que prevê vender até 1,2 mil unidades em 2007, ante 877 o ano passado.
Na a área florestal - vocação original do Battistella - o grupo mantém seis empresas que, juntas, respondem por 32% do seu faturamento líquido. Os mais conhecidos são a Battistella Indústria e Comércio, que produz e exporta chapas e revestimentos de madeira, Mobasa e Flobasa - braço agrícola responsável pela produção florestal. "É um dos negócios mais promissores em resultados, mas dentro de um prazo de 18 a 20 anos", diz Schmitt. O grupo mantém 20 mil hectares de floresta preservada e outros 17 mil hectares de áreas plantadas com pinus.
No segmento de novos negócios, o grupo, por meio da Itapoá Terminais Portuários, investe com a Aliança Hamburg Süd R$ 423 milhões em um terminal portuário em Itapoá (SC), que deve entrar em operação em 2008 e tem capacidade para movimentar 300 mil contêineres por ano.
Venda de máquinas para construção crescerá até 2012
Guilherme Manechini
A demanda por máquinas utilizadas na construção civil historicamente sempre esteve atrelada aos períodos eleitorais. No entanto, após as eleições de 2002 a ascensão passou a ser constante. Neste ano, o crescimento estimado é de 46%, totalizando investimentos de R$ 19,2 bilhões em novos equipamentos.
O levantamento foi feito pela Associação Brasileira de Tecnologia para Equipamentos e Manutenção (Sobratema) e estima crescimento médio de 7,5% ao ano no consumo de máquinas novas até 2012, quando são esperados investimentos de R$ 27,6 bilhões. A pesquisa utiliza como base dados do IBGE, Abimaq e Anfavea, além de estimativas coletadas junto aos fabricantes e consumidores.
Na opinião do presidente da entidade, Afonso Mamede, o Brasil mudou de patamar no consumo de máquinas e o crescimento de 2007 comprova isto. No total, o país deve encerrar o ano com consumo de aproximadamente 54 mil máquinas. "Os dados apontavam que até 2002 as compras eram realizadas em períodos pré-eleitorais, que era quando o setor público liberava verbas para obras", afirma.
Para 2008, ainda é esperada alta consistente de 13%. "No ano que vem ainda iremos verificar uma demanda reprimida por causa da falta de máquinas vivenciada em 2007", diz Mamede. Vale ressaltar que as projeções englobam 13 tipos de equipamentos da chamada "linha amarela", caminhões pesados rodoviários e tratores de roda pesados.
Os equipamentos foram divididos também em três setores. O segmento que vem puxando as compras em 2007 é o de extração mineral (10,9%), seguido pelo de construção pesada e setor público (7,7%) e, por fim, o agrícola (3,7%). O representante do setor de minérios na Sobratema, Otavio Carvalho Lacombe, acredita que até 2010 não existe perspectiva de o mercado desacelerar. "Fornecedores e consumidores têm de se programar para atender os volumes esperados".
Dentre todos os equipamentos pesquisados, o que apresenta maior escassez é o caminhão. "Nem pneu é possível encontrar hoje em dia", exemplifica o executivo. Tanto os caminhões fora-de-estrada, quanto os pesados rodoviários tiveram aumento de 50% no número de unidades vendidas. O segundo modelo contou com 39.825 unidades comercializadas no ano.
Em relação aos equipamentos utilizados no segmento residencial, Mamede confirma a aceleração na demanda, mas lembra que os volumes são menores. "A maior demanda é pelas máquinas usadas em infra-estrutura."
(Ecopress com informações do Valor Econômico - 26/10/07, às 9h56)
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