segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Biomassa pode chegar a 15% da matriz elétrica em 2020, projeta Cogen-SP

A biomassa de cana-de-açúcar pode se tornar uma das principais fontes da matriz elétrica brasileira. As projeções da Associação Paulista de Cogeração de Energia (Cogen-SP) mostram que a fonte pode ser responsável por 15% da matriz, com a adição de até 12 mil MW médios, até 2020. “São projetos que estão postos, mas não seguros, que precisam ser desenvolvidos ao longo do tempo”, diz Carlos Roberto Silvestrin, vice-presidente executivo da Cogen-SP. As previsões estão baseadas na perspectiva de aumento da produção de cana-de-açúcar, dos atuais 430 milhões de toneladas, para 1,038 bilhão de toneladas na safra 2020/2021.

Com isso, a geração de energia passaria de 1,4 mil MW médios para 13,4 mil MW médios. Somente o estado de São Paulo pode ganhar mais 4 mil MW médios até 2014 apenas com a modernização das atuais usinas de cogeração, que vão trocar as caldeiras atuais por modelos de alta eficiência. Os investimentos previstos apenas para São Paulo são de R$ 12 bilhões entre 2008 e 2014, sendo a maior parte para o retrofit das usinas.

Segundo Silvestrin, o setor de biomassa de cana precisa, contudo, superar três obstáculos: conexão à rede básica, licenciamento ambiental e equilíbrio de remuneração. A questão da conexão já está sendo tratada pela Empresa de Pesquisa Energética, que finaliza estudo para licitação de estações coletoras que irão conectar as usinas à rede básica. Para Silvestrin, isso vai tirar o peso dos acessantes - as usinas de açúcar e álcool -, que tinham que arcar com o custo para se ligar às linhas de transmissão em 138 kV e em 230 kV.

Licenciamento ambiental - Na questão ambiental, o executivo salientou que a problemática é mais administrativa, pois hoje o empreendedor precisa de duas licenças ambientais uma para a colheita da cana e outra para usina de cogeração. Silvestrin avaliou que a licença prévia poderia ser concedida para integralidade do projeto.

“Assim haveria mais tempo para conseguir a licença de instalação”, contou o vice-presidente da Cogen-SP, que participou nesta terça-feira, 13 de novembro, do seminário “Desafios e Perspectivas da Infra-Estrutura no Estado de São Paulo”, promovido pela Associação Brasileira da Indústria de Base e Infra-Estrutura.

Silvestrin contou que o Mato Grosso do Sul unificou no mês passado a concessão da licença ambiental para empreendimento de cogeração de energia. O equilíbrio de remuneração do projeto, afirmou, seria conseguido através de melhores preços para a energia vendida ou redução da carga tributária incidente.



Alexandre Canazio
Fonte: CanalEnergia
Da Agência

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