A descoberta do Campo de Tupi, essa gigantesca reserva de petróleo anunciada na quinta-feira pela Petrobrás, é a maior da história petrolífera do Brasil. Mas, apesar de ela ter valido ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva o apelido de “magnata petroleiro”, cunhado pelo presidente venezuelano Hugo Chávez, não quer dizer que o País tenha virado superpotência do ramo. Pelo menos não segundo a avaliação de Márcio Mello, presidente da Associação Brasileira de Geólogos do Petróleo e sócio da empresa de consultoria HRT Petroleum.
“O tamanho das reservas de países como os do Oriente Médio ou da própria Venezuela são imbatíveis”, diz ele. Mas o Brasil é rico, sim. Nas contas de Mello, o total de reservas chegará fácil a 50 bilhões de barris e os técnicos já sabem exatamente onde eles se encontram: é no Atlântico, entre o sul de Santos e o norte do Espírito Santo, além de uma camada impermeável de sal, debaixo de uma gigantesca rocha batizada de Lagoa Feia, a 6 quilômetros de profundidade. Como, até a semana passada, o tamanho oficial das reservas brasileiras era de apenas 14 bilhões de barris, trata-se de um incremento e tanto.
Mas o País cresce. E nos próximos anos deverá ter um consumo diário de 3 milhões de barris - ou seja, consumirá quase tudo que produz. Se é assim, por que a Petrobrás demorou tanto a ir onde estava a maior parte do petróleo brasileiro - em águas profundas - já que os indícios eram quase evidências? “Porque por longo tempo predominou na empresa a idéia de que esse tipo de prospecção era jogar dinheiro fora. Foram anos para quebrar um paradigma”, diz Mello. Agora, garante o geólogo, a missão está clara: “É preciso perfurar, perfurar, perfurar”.
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MÁRCIO MELLO
Presidente da Associação Brasileira de Geólogos do Petróleo e consultor da HRT Petroleum
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