O processo do H-Bio acrescenta óleo vegetal na fase de refino para a produção de diesel, obtendo um combustível com as mesmas características moleculares do diesel convencional, mas com menor teor de enxofre e uma melhor capacidade de queima e que na área técnica ficou conhecido como "diesel de boutique". A composição molecular do H-Bio já está presente no diesel mineral.
Em termos ambientais, apesar da utilização de fontes renováveis (óleo vegetal), o H-BIO não é capaz de reduzir as emissões de monóxido de carbono (CO) e material particulado. Esses compostos constituem a chamada “fumaça negra” dos veículos diesel. O biodiesel promove a redução dessas emissões por conter oxigênio em sua estrutura (éster). Esse oxigênio intramolecular promove a combustão completa. Tanto CO quanto os particulados são gerados por combustão incompleta (falta de oxigênio). Isso não ocorre com o H-BIO que não possui oxigênio na estrutura (hidrocarboneto), não podendo assim promover uma combustão mais completa.
Do ponto de vista mecânico, os átomos de oxigênio do biodiesel promovem um aumento de lubricidade, e conseqüentemente da vida útil de peças do motor diesel. Dados dos fabricantes de auto peças atestam que 2% de biodiesel adicionados ao diesel aumentam em cerca de 50% a lubricidade do combustível. Já o H-BIO não possui enxofre (como o biodiesel) nem oxigênio. Esse déficit dos elementos enxofre + oxigênio faz com que o H-BIO tenha lubricidade menor que o diesel.
Como conclusão, podemos dizer que o H-BIO só é viável para grandes refinarias de petróleo que já possuem unidades de HDT com capacidade ociosa e que processem óleos e gorduras mais baratas que o petróleo. Para produtores de óleos vegetais é inviável a instalação de plantas de HDT para produção de H-BIO.
Apesar de, no modelo de negócio do H-BIO, o produtor de grãos e óleos vegetais limitar-se a ser apenas um fornecedor de matéria-prima, sem possibilidades de agregar valor a seu produto. No agronegócio, a tecnologia cria um novo mercado para a soja. Embora outras oleaginosas como girassol, dendê e mamona possam ser utilizadas no H-Bio. Porém, o processo demanda uma escala que, por enquanto, só a soja atende à demanda inicial da Petrobrás de 256 mil metros cúbicos de óleo vegetal, representando um consumo de cerca de 2% da área plantada de soja do Brasil para viabilizar o H-Bio. Hoje, o País exporta mais da metade da produção nacional, na casa dos 53 milhões de toneladas, de acordo com a última estimativa da Conab. Logo, a expectativa é que essa nova demanda interna acabe por desviar uma parcela do grão que seria exportado para ser consumido em forma de óleo. Tornando-se uma opção local para fortalecer a industrialização de soja, melhorando a renda do produtor agrícola.
Já no caso do biodiesel a proposta é o “upgrade” dos óleos e gorduras para a indústria oleoquímica através de um metil éster (biodiesel, propriamente dito) com valor de mercado de US$ 850/t, produto que, opcionalmente, é precursor de vários outros compostos como o metil éster sulfonado (US$ 1.500/t), álcoois graxos (US$ 2.500/t), entre outros produtos com valor de mercado bem superior ao óleo vegetal.
A Ministra Dilma Rousseff, em palestra proferida no auditório da Fecomércio no bairro do Flamengo no Rio de Janeiro, o H-Bio não fará concorrência com o programa do Biodiesel: “H-bio vai transformar a escala do biodiesel em um horizonte muito curto de tempo, na medida em que o pólo biocombustível vai ter um reforço bastante grande no uso do óleo vegetal. O H-bio será complementar ao biodiesel. O H-bio diminui o teor de enxofre. Aumenta o nível de catano. Porém, não altera a emissão de monóxido de carbono. Assim sendo a necessidade da mistura de H-bio com biodiesel, do ponto de vista ecológico, de controle de emissão de gases, permanece".
José Sérgio Gabrielli, presidente da Petrobrás, em entrevista na revista DINHEIRO RURAL Edição nº 21: “A tecnologia do H-Bio, complementar ao biodiesel, permite um avanço na independência energética do País”.O fato é que com o H-Bio a Petrobrás adota de vez a bioenergia em sua matriz energética. “Agora, o Brasil terá duas rotas tecnológicas. E, quanto mais produzirmos H-Bio e biodiesel, menor será a importação do combustível derivado de petróleo”, diz Gabrielli. Pelas contas do presidente da Petrobrás, somando a produção de H-Bio e a adição obrigatória de 5% de biodiesel ao combustível tradicional a partir de 2013, o Brasil deverá reduzir em 50% as importações de diesel estrangeiro. “Esse não é um número nada desprezível”, diz Gabrielli. Ainda restam algumas pendências jurídicas em relação à novidade. A estatal vai discutir com a Agência Nacional de Petróleo se há a necessidade de o H-Bio receber o acréscimo compulsório de biodiesel – porcentagem que inicialmente será de 2% a partir de 2008 e só cinco anos depois chegará a 5%. Embora tecnicamente viável (a mistura de biodiesel e H-Bio seria feita na distribuidora), a medida se tornaria redundante. “Não faz sentido trazer biodiesel do Nordeste, juntar com o H-Bio e devolver o combustível para o Nordeste”, diz Paulo Roberto Costa, diretor de abastecimento. Na prática, as duas rotas tecnológicas vão acabar dividindo o País da agroenergia. No Norte e Nordeste, haverá o biodiesel da agricultura familiar. No Sul e Sudeste, haverá o H-Bio do agronegócio. Graças à Petrobrás.”
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