O biodiesel é produzido a partir de uma reação química entre óleos vegetais ou gorduras animais (triglicerídeos) e um álcool. Pode-se utilizar óleo de soja, girassol, amendoim, algodão, canola (colza), babaçu, dendê, pinhão manso, mamona, nabo forrageiro, entre outras, e também gordura animal. Esses óleos podem ser brutos, degomados ou refinados, bem como óleos residuais de fritura.
O Brasil possui características endofo-climáticas que possibilita a plantação de diversas culturas diferentes, fato que permite que seja mais bem aproveitada a característica de cada região. Por exemplo, nas regiões sul, sudeste e centro-oeste poderá ser utilizada a soja como matéria prima, pois é a oleaginosa com maior produção nessas regiões. No norte e nordeste pode-se plantar mamona e pinhão manso ou também aproveitar as florestas de babaçu e dendê existentes nessas regiões.
Para a transesterificação (reação química de transformação do óleo em biodiesel), como já fora dito anteriormente, é necessário também o uso de um álcool, que pode ser o metanol ou o etanol.
O Brasil é o maior produtor de etanol do mundo, e a utilização desse álcool no lugar do metanol torna o biodiesel brasileiro um combustível 100% renovável, uma vez que o metanol tem como principal fonte de obtenção o petróleo.
No que tange às melhores oleaginosas para produção de biodiesel podemos, diversas são as opções. A produtividade das diversas matérias-primas possíveis varia de acordo com a região. O Brasil é um país com dimensões continentais, portanto a média nacional nem sempre é atingida ou fica bem abaixo da realidade, não servindo muito bem para análises de custos. Por exemplo, a soja no sul do país tem uma produtividade média de aproximadamente 45 sacas por hectare, enquanto no centro-oeste essa produtividade chega a ser superior a 60 sacas. Outro bom exemplo é a mamona, que no nordeste dificilmente passa de 1.000 kg por hectare, enquanto no centro-oeste e no sul já foram relatadas produtividades superiores a 3.000 kg por hectare. Portanto, o primeiro passo para determinar o quanto de área é necessário para uma determinada produção, é preciso saber onde esse empreendimento será executado.
Para se definir qual a matéria-prima ideal, podemos sim analisar as produtividades médias.
Palmeiras, são as melhores, sem dúvida alguma, devido aos altos rendimentos de extração de óleo por hectare. Por exemplo:
Babaçu rendimento entre 1.500 e 2.000 l/ha,
Dendê rendimento entre 5.500 e 8.000 l/ha,
Pinhão manso rendimento entre 3.000 à 3.600 l/há,
Pequi rendimento entre 2.600 e 3.200 l/ha
Macaúba (ou macaíba) rendimento entre 3.500 à 4.000 l/há.
A grande vantagem do babaçu é que é uma arvore em que tudo se aproveita dela, podendo se obter diversos diferentes produtos dela. O dendê, sem dúvida, é o melhor por causa de sua produtividade. Já o pinhão manso, o pequi e a macaúba, não se tem registros de plantações planejadas, sendo opções muito promissoras, porém que ainda necessitam mais estudos para ser considerada uma matéria-prima ideal. O pinhão manso e o pequi não são palmeiras, porém estão inclusos nesse grupo por ter seu óleo e sua extração parecida com a dos óleos das palmeiras. Além do grande volume de óleo por hectare, essas opções apresentam baixos custos de manutenção, pois são plantas perenes, não necessitando grandes investimentos anuais com o plantio.
Esses rendimentos são muito superiores em relação às outras oleaginosas, não menos famosas, como:
Soja rendimento entre 400 e 650 l/ha,
Girassol rendimento entre 800 à 1.000 l/ha,
Mamona de 400 a 1.000 l/ha,
Amendoim entre 800 e 1.200 l/ha
Algodão entre 250 e 500 l/ha.
Porém, a motivação para a utilização dessas oleaginosas é outra. Uma delas é o tempo de maturação que tem as palmeiras, que levam de 3 a 5 anos para começarem a dar frutos e de 5 a 8 anos para atingirem a produtividade máxima, e essas outras oleaginosas são de culturas rotativas, anuais, fato que implica num retorno mais rápido do investimento feito. Já as palmeiras, apesar de no longo prazo apresentarem lucratividade maior, no inicio se tem um investimento alto e aproximadamente 5 anos sem retorno algum. A grande vantagem dessas culturas rotativas é a possibilidade de se ter uma safra de duas culturas diferentes em um mesmo terreno, somando-se assim suas produtividades. Por exemplo, em um hectare podemos produzir 1.600 litros de óleo de babaçu ou 500 litros de óleo de soja e 900 litros de óleo de girassol, ou seja, 1.400 litros de óleo.
Além disso, a motivação para a utilização da soja, por exemplo, que é uma das oleaginosas que menos produzem óleo por hectare, porém mais produzidas no Brasil, é o valor de seus subprodutos. O quilo do farelo de soja, por exemplo, é mais caro que o próprio grão de soja. Pode-se dizer ainda sobre as proteínas que podem ser extraídas deste óleo, que têm um alto valor no mercado. O resultado disso é que o óleo de soja, apesar de ter pequena produtividade por hectare, é produzido praticamente de graça, se tornando ele, o subproduto do farelo e das proteínas, havendo nesse caso uma inversão de valores. Fato semelhante ocorre com o algodão, que tem um de seus produtos muito valorizado, a pluma, sendo o caroço, parte que produz o óleo, sendo atualmente até considerado um passivo ambiental por não ter aplicação suficiente para o volume produzido, fato que o coloca como uma ótima alternativa.
A motivação para uso da mamona é o baixo custo de manutenção da plantação da mamona e também a muito enfatizada pelo governo inclusão social, pois a colheita é manual e deverá gerar muito emprego. Além disso, pouca alternativa se tem para as regiões norte e nordeste, devido ao clima. Além da mamona, outra boa alternativa é o pinhão manso que também resiste à seca dessas regiões.
A utilização das palmeiras tem as mesmas motivações apresentadas para a mamona, lembrando apenas que se trata de um investimento de médio em longo prazo e, por conseguinte, não se mostram muito interessantes pela cultura “imediatista” brasileira para retorno de investimentos.
O interesse principal se dá, portanto a culturas rotativas, que apresentam retorno mais rápido do investimento realizado mesmo que em detrimento de maior produtividade.
Hectares necessários para o Biodiesel ....
Apesar de já ter enfatizado que a produtividade depende da região, apresento aqui uma estimativa de área necessária para se obter uma produção de 100.000 litros de biodiesel. Vale ressaltar que essa estimativa foi feita para cada oleaginosa separadamente, porém é possível se ter em uma mesma área a produção de soja na safra e de girassol na safrinha, obtendo então em um ano uma produção de soja e de girassol, aproveitando melhor a terra. Outro fato importante de ser levantado aqui é que não estamos considerando a opção de se ter consórcio de culturas.
Essa estimativa esta apresentada na tabela abaixo e foi baseada nas produtividades mínimas e máximas apresentadas no Brasil. Lembramos que a produção do biodiesel estimada nessa área é de 100.000 litros por dia, sendo 330 dias de produção em um ano (com um mês parado para manutenção da fábrica).
Oleaginosa-----Produtividade------Hectares-------Produtividade-----Hectares
------------------Mínima---------necessários--------máxima-------necessários
soja---------------400-----------82.500--------------650----------50.769
girassol------------800----------41.250------------1.000----------33.000
algodão-----------250----------132.000--------------500----------66.000
mamona-------------400-----------82.500------------1.000----------33.000
amendoim-----------800-----------41.250------------1.200----------27.500
dendê------------5.500------------6.000------------8.000-----------4.125
babaçu-----------1.500-----------22.000------------2.000----------16.500
pequi------------2.600-----------12.692------------3.200----------10.313
macaúba----------3.500------------9.429------------4.000-----------8.250
pinhão manso-----3.000-----------11.000------------3.600-----------9.167
Estimativa de numero de hectares para uma produção anual de 100.000 litros de biodiesel por dia
Fonte:
Nenhum comentário:
Postar um comentário