sexta-feira, 23 de março de 2007
Pinhão manso passa de vilão a herói
Na busca por reduzir o custo de produção do biodisel, a Barralcool está desenvolvendo na macro-região de Barras do Bugres a cultura do Pinhão Manso, uma leguminosa rica em óleo vegetal.
A cultura já foi aprovada no Estado de Mato Grosso para ser utilizada como reflorestamento e recuperação de áreas degradadas. Além disso, seu óleo será utilizado como matéria-prima na fabricação de biodiesel.
O pinhão manso beneficiaria a agricultura familiar de 14 municípios matogrossenses. O projeto é de iniciativa do conhecido deputado estadual René Junqueira Barbour, que também é acionista da Barralcool. Em parceria com o Governo do Estado e outras empresas, a Barralcool já começou a apoiar a cultura do pinhão manso, introduzindo semente e tecnologia. "Selecionamos as sementes, adquirimos e oferecemos acompanhamento técnico por meio de agrônomos contratados e especializados", informa o gerente Silvio Cezar Rangel.
"Por enquanto estamos produzindo biodiesel a partir da soja, mas acreditamos que o pinhão manso seja a saída para reduzir o custo da matéria-prima na fabricação", diz Cézar Rangel. "Sobretudo pelo alto teor de óleo vegetal que seu fruto proporciona. Rende 400 litros de óleo por tonelada. Ou seja, enquanto a soja esmagada rende 18% de óleo, o pinhão manso rende até 40%. E, também por ser agricultura perene, que dura até 60 anos de vida útil, por não exigir grandes cuidados e por nem precisar ser plantado, em razão de ser agreste, rústico.
Até o advento do biodiesel, o pinhão manso estava quase extinto no Mato Grosso. "Era um purgante para o gado", lembra Cezar Rangel.
"Provocava desarranjo, parecia ser altamente desagradável". Mas sempre se soube que a semente possuía propriedades incandescentes. Dizem as literaturas que em certa época do início o século, a cidade do Rio de Janeiro foi iluminada por óleo do pinhão manso.
O pinhão passou de vilão a herói em pouco tempo. Tudo graças à tecnologia do biodiesel e às pesquisas sobre suas peculiaridades. O que era problema ou maldição virou solução e bênção. Por exemplo, embora não seja comestível, e dificilmente se tornará, hoje sabe-se que a toxina do pinhão manso afasta insetos e que ela pode até ser usada como princípio ativo na fabricação futura de produtos repelentes.
O problema maior ainda está em retirar a casca do pinhão manso. Universidades do MT e de outros estados já trabalham no desenvolvimento de máquinas capazes de retirar a casca da semente - que poderia ser usada como fertilizante. O que sobra é glicerina pura, a chamada glicerina loira, de tão clara, indicada até para a linha farmacêutica.
Fonte: Jornal Cana
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