quarta-feira, 21 de março de 2007

Revolução da agroenergia


A necessidade de obtenção de energia limpa a partir de fontes renováveis, em substituição aos combustíveis fósseis – poluentes, caros e escassos – promove uma busca frenética por matérias-primas alternativas para geração de energia.

Exemplos dessa mudança vêm das maiores econômicas do planeta. Os Estados Unidos estabeleceram a meta de reduzir 20% do consumo de gasolina em até dez anos. A União Européia, por sua vez, estipulou o uso de 5,75% de etanol na frota de carros até 2010.

Os EUA já usam um quarto da colheita de milho para fabricar etanol, cuja produção chega perto de 19 bilhões de litros por ano e cresce a taxas de 16,3% ao ano desde 2000.

O cereal deve avançar especialmente sobre lavouras antes destinadas à soja e ao algodão e ter diminuídas as suas exportações. Desde setembro de 2006, os preços do cereal dispararam na Bolsa de Chicago.

Situação pior vive a União Européia. Com falta de terras para plantar, importará pelo menos seis milhões de toneladas de etanol até 2010 para suprir sua estratégia energética. A China aumenta o consumo e apresenta déficit de produção de milho. Vale frisar ainda que os chineses também mostram disposição para também usar o grão para produção de etanol.

A busca por uma nova matriz energética, a partir do desenvolvimento de combustíveis limpos, provoca importantes mudanças na agricultura. Alem de mudar a dinâmica dos mercados do milho, devido aos EUA serem o maior produtor e exportador mundial do grão, provocam impactos nos negócios com soja, algodão e etanol.

Esse cenário inédito abre janelas de oportunidade, em especial para Brasil e Argentina.

A SRB quer debater este novo horizonte, a fim de contribuir para a correta inserção brasileira nos negócios advindos da agroenergia. Com o remanejamento de seus estoques de milho para produção de etanol, os EUA diminuirão as exportações do grão, bem como terão menos insumos para as indústrias de alimentos e ração animal.

O Brasil e a Argentina poderão ocupar os mercados antes controlados pelos EUA e inclusive aumentar as exportações de milho para atender à demanda interna norte-americana. Quadro semelhante poderá ocorrer com a soja e o algodão, que terão menos produção, em razão do incremento da área com milho.

Alem disso, o Brasil também poderá aumenta suas vendas de etanol e biodiesel para os EUA e a União Européia. E, em um futuro, talvez não muito distante, os EUA podem reduzir a tarifa de importação imposta ao produto brasileiro, hoje situada na casa do US$ 0,54 por galão.

As boas perspectivas são grandes, mas nossos gargalos, com destaque para desafios em pesquisa rural e infra-estrutura logística, também são. Certamente são áreas que devem estar no rol de nossas prioridades para uma efetiva recuperação da renda do produtor rural.


Fonte: Revista AgroAnalysis – vol. 27 – n° 2 – Fevereiro 2007

da Agência de Notícia UDOP

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