Sojicultores do norte do Mato Grosso estão próximos de se tornar sócios de um ou mais fundos internacionais na construção de uma usina de biodiesel de R$ 340 milhões, para produzir 100 milhões de litros anuais a partir de 2009. Nos sete anos seguintes, a meta é dobrar a produção. A missão de encontrar os investidores interessados no negócio está a cargo da Metacortex, uma consultoria de capital ibérico e brasileiro controlada pelo Grupo Espírito Santo (GES), companhia portuguesa dona do banco de mesmo nome.
Os produtores rurais buscam na usina uma alternativa para reduzir os custos de produção, já que são grandes consumidores de óleo diesel. A grande vantagem competitiva do projeto é estar na região do Brasil com a soja mais barata e o diesel mais caro, na avaliação do diretor executivo (CEO) da Metacortex do Brasil, Renato Giraldi de Melo.
Segundo o analista Miguel Biegai Júnior, da consultoria Safras & Mercado, o custo de produção do biodiesel de soja no norte do Mato Grosso varia entre R$ 1,40 e R$ 1,50 por litro. Já números da Agência Nacional do Petróleo indicam que o preço médio do diesel na Região Centro-Oeste é de R$ 1,96 por litro, o que garantiria a competitividade do biodiesel.
Na avaliação de Miguel Biegai Júnior, o interesse de investidores estrangeiros, especialmente europeus, no biodiesel, decorre da ambiciosa meta da União Européia de adicionar 5,75% do biocombustível ao diesel a partir de 2010. “Esse volume geraria uma demanda por 22 bilhões de litros de biodiesel, mas a produção mundial atual está entre 10 e 12 bilhões”, afirma o analista da Safras & Mercado.
Apesar de o Brasil oficialmente ainda não exportar biodiesel à Europa, o Conselho de Biodiesel europeu reclamou em carta ao comissário europeu do comércio, Peter Mandelson, que o Brasil estaria vendendo o combustível ao bloco europeu através dos Estados Unidos, onde o biodiesel tem um subsídio de US$ 1 por galão quando misturado ao diesel.
O projeto apresentado pela Metacortex a seus clientes prevê que a usina de Água Boa utilize inicialmente 80% de óleo de soja para fabricar o biodiesel, mas o objetivo é chegar a uma matriz de óleos diversificada, na qual a soja represente apenas 20%. “Depender apenas de uma matéria-prima é uma estratégia arriscada, por isso a tecnologia da usina já prevê a livre utilização de outras oleaginosas”, diz o diretor da consultoria. Para ele, a instalação da fábrica vai estimular o plantio de outras matérias-primas, como o girassol, o nabo forrageiro e o pinhão-manso.
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