A estrutura tributária criada pelo governo da Argentina para estimular a produção e a exportação de biodiesel deverá fazer do Brasil um grande importador do combustível. A advertência foi feita pelo presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Carlo Lovatelli, para quem o País não terá condições de competir com os produtores argentinos, uma vez que a carga tributária imposta ao combustível brasileiro, que é equivalente à que onera do diesel, torna a produção nacional proibitiva para os grandes produtores que não dispõem do selo social.
Os grandes players do setor de grãos já estão se estabelecendo no país vizinho - "inclusive a Bunge", convencidos que produzir biodiesel na Argentina será um grande negócio, especialmente para atender ao mercado brasileiro, acrescentou Lovatelli, que é executivo da multinacional. O presidente da Abiove acredita que se estabelecerá no mercado de biodiesel guerra semelhante a existente com o trigo, onde a exportação do grão é tributada em patamar mais elevado que a farinha. No caso do biodiesel, o imposto de exportação foi fixado em apenas 5%, enquanto que as exportações de grãos estão acima dos 20%, estimulando as vendas externas do produto acabado.
Numa tentativa de fazer o governo brasileiro mudar algumas das regras que "engessaram" a produção brasileira, empresários do setor já começam a se organizar. Em reunião na última quarta-feira, a Associação Brasileira da Agribusiness (Abag), da qual Lovatelli também é presidente, criou a Comissão de Agroenergia, que reúne representantes do setor produtivo de etanol, biodiesel, energia elétrica a partir da biomassa, e da indústria química. "Vamos tentar fazer o governo ver que o País ficará trás de seus concorrentes, por causa da atual estrutura de impostos", disse Lovatelli. Se não conseguirem mostrar distorção, os empresários do setor de grãos pretendem "forçar" as autoridades a mudarem as regras.
Isabel Dias de Aguiar
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