terça-feira, 20 de março de 2007

Marrocos e Líbia querem produzir Biodiesel com tecnologia brasileira

O Marrocos pode ser o primeiro país árabe, a firmar parceria com o escritório da Embrapa, instalado na capital de Gana. Há duas semanas, o coordenador da Embrapa África, Cláudio Bragantini, visitou a Academia Hasan II, universidade federal marroquina que faz pesquisa na área agrícola.

De acordo com Bragantini a parceria deve ficar concentrada principalmente na produção de biodiesel, que deve ser obtido a partir da mamona e do pinhão manso, culturas da região que são resistentes a falta de chuva.

“Os marroquinos estão bastante interessados em participar de treinamentos na área de biotecnologia e também no desenvolvimento de projetos agrícolas com o setor privado”, disse Bragantini. Segundo ele, a Embaixada Brasileira no Marrocos já está articulando uma reunião com empresas privadas e instituições governamentais. "Acredito que num futuro bem próximo estaremos desenvolvendo esse projeto”, garantiu o pesquisador.

A Líbia é outro país árabe que pode colher frutos do escritório da Embrapa na África. De acordo com o pesquisador, a Embaixada da Líbia em Gana já demonstrou interesse numa parceria na área de agricultura irrigada. “A Líbia financia muito projetos na área agrícola em Gana e outros países da região”, afirmou.

Segundo Bragantini, a idéia desse projeto especificamente é canalizar uma grande água descoberta durante perfurações em busca de petróleo e utilizá-la na agricultura irrigada. “Lá (na Líbia) nós temos uma grande vantagem. O governo tem recursos financeiros e grande interesse no projeto e a Embrapa tem a tecnologia necessária”, garantiu.

“É uma oportunidade que pode render uma parceria fabulosa. Ficamos de dar um passo adiante que será enviar uma carta de intenções as governo por intermédio da Embaixada da Líbia em Gana”, contou.

Com a Tunísia, Bragantini conta que ainda não teve nenhum contato direto mas já recebeu informações da Embaixada do Brasil em Gana sobre o interesse nas tecnologias brasileiras. No ano passado uma missão de quatro pesquisadores da Embrapa Florestas, de Curitiba, no Paraná, viajou à nação árabe para desenvolver um projeto na área de formação e manejo de eucaliptos para a obtenção de madeira.

Cooperação verde-amarela

O escritório da Embrapa África é uma iniciativa da política do governo brasileiro de transferir tecnologia agrícola aos países africanos. Desde sua instalação um grupo de pesquisadores da Assessoria de Cooperação Internacional da Embrapa vêm discutindo caminhos para promoção do uso da tecnologia brasileira para gerar crescimento, reduzir a desigualdade social, combater a fome e pobreza e trabalhar com pequenos agricultores para um ciclo sustentável.

“Vale destacar que o escritório não representa exclusivamente a Embrapa, mas o Brasil em geral. O escritório funciona como um agente facilitador entre os empresários e os órgãos financeiros e governamentais e estamos de portas abertas para empresas privadas do agronegócio que estejam interessadas em participar dessa revolução”, afirma Bragantini.

“Nós temos uma agenda de trabalho focada em transferir tecnologias que deram certo no Brasil. Ofertamos a eles nosso trabalho e se necessário, trabalhamos a partir da demanda de cada país”, explicou Bragantini. As demandas chegam ao escritório encaminhadas pela Área de Relações Internacionais da Embrapa, pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC), diretamente no escritório, e ainda, por intermédio de organismos internacionais interessados em parceiras.

De acordo com Bragantini, a demanda maior dos governos está relacionada com os pequenos agricultores. “Temos muitas tecnologias desenvolvidas no nordeste e semi-árido brasileiro que se adequam ao solo e clima africanos”, diz Bragantini.

Segundo ele, a maior procura é por plantio direto e cultivo mínimo (sistema que requer alguns trabalhos superficiais de solo), por projetos que promovam a integração lavoura e pecuária. “Nas savanas há muitos solos degradados que precisam ser recuperados”, diz.

Até agora, os pesquisadores sediados no escritório em Gana já visitaram Angola, Kênia, Benin, Togo e Moçambique. Na Angola, por exemplo, a demanda é pela agricultura comercial, com interesse em investir no plantio de soja para biocombustível. Já Moçambique quer fortalecer o Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (Iiam). “Temos um projeto em andamento que é anterior à criação do escritório em Gana, que inclui melhorias no processo de pesquisas do Iiam”, conta.

Também existe uma demanda grande pelo processamento da mandioca pós-colheita. “Inclusive já treinamos técnicos para esse trabalho em Gana”, conta o pesquisador. A demanda por bioenergia também foi identificada pelo pesquisador. “Todos os países têm buscado desenvolver essa tecnologia”, afirma.

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