segunda-feira, 5 de março de 2007

Entenda por que os biocombustíveis estão em alta no mundo

Os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e dos Estados Unidos, George W. Bush, reúnem-se na próxima sexta-feira (9) em São Paulo, e no dia 31, em Washington. Na mesa de conversações, um produto em cujo desenvolvimento o Brasil é pioneiro, o etanol, ou álcool combustível.

A expectativa é que as conversas entre os dois presidentes representem um avanço para o comércio internacional de etanol, bem como para a indústria e a agricultura brasileiras.

Os dois países ainda irão tratar de uma futura cooperação tecnológica na produção de biocombustíveis, de forma geral. Pressionados pelo fato de serem, hoje, os maiores poluidores do planeta, os norte-americanos buscam alternativas para aumentar a parcela de biocombustíveis em sua matriz energética. O Brasil poderá se tornar um parceiro estratégico, tanto na exportação de etanol, como na transferência de tecnologia para os EUA e para outros países em desenvolvimento que poderão se tornar fornecedores internacionais do produto.

Atualmente, Brasil e Estados Unidos respondem por 70% da produção mundial de etanol, somando cerca de 35 bilhões de litros por ano. A produção mundial não passa dos 50 bilhões de litros. O consumo mundial de combustíveis de origem agrícola (cana-de-açúcar, milho, dendê, mamona, soja etc.) responde hoje por 1% do mercado global, dominado pelos combustíveis fósseis (petróleo, gás e carvão): 1% do mercado global.

Dos 3,5 bilhões de litros de álcool combustível exportados pelo Brasil no ano passado, 2 bilhões foram para os Estados Unidos. A nossa produção anual é de 18 bilhões de litros. A previsão dos usineiros brasileiros é de aumentar a fabricação de álcool combustível, em seis anos, para 30 bilhões de litros anuais.

Os usineiros brasileiros querem a redução das taxas cobradas pelos Estados Unidos para nosso etanol - os produtores têm que pagar US$ 0,54 por galão, o equivalente a R$ 0,30 por litro, e mais imposto de 2,5%. Para os empresários, a visita de Bush é a oportunidade para o governo brasileiro negociar “passos concretos para abertura do mercado norte-americano”.

No mês passado, Bush anunciou a meta de substituir 15% da gasolina da frota de veículos daquele país por combustíveis renováveis e alternativos. Isso vai representar um consumo de 132 bilhões de litros nos próximos anos – 160% maior que a atual produção mundial. Já a União Européia pretende consumir, até 2010, cerca de 10 bilhões de biodiesel.

Três fatores estão levando a essa ascensão da agroenergia: segurança energética (haveria uma redução maior da dependência em relação ao petróleo, cada vez mais caro e escasso); preocupações ambientais (a queima de combustíveis fósseis, derivados do petróleo, emite gases de efeito-estufa, causando o aquecimento global); inclusão social (o plantio de safras que geram renda aos produtores rurais).

Enquanto a produção de petróleo se concentra em 15 países, estima-se que existem mais de 120 países com potencial para produzir biocombustíveis. E as plantas mais indicadas para produzir essa nova matriz energética são características das regiões tropicais.

Nos Estados Unidos, a produção de etanol é essencialmente feita a partir do milho. O cultivo da planta para a fabricação de combustível está causando impacto no preço do produto para consumo e exportação. Além disso, o espaço para o plantio já está escasso, e o milho tem um rendimento muito inferior ao da cana na produção de álcool. Daí a necessidade norte-americana de buscar produtos economicamente mais viáveis.

O primeiro passo para a criação de um mercado internacional para biocombustíveis foi dado na semana passada. Brasil, África do Sul, China, Estados Unidos, Índia e a União Européia anunciaram a criação do Fórum Internacional de Biocombustíveis. O objetivo é aumentar a eficiência na produção, na distribuição e no consumo em escala mundial.

Durante um ano, os integrantes do fórum vão discutir medidas para ampliar a produção dos biocombustíveis sem destruir o meio ambiente nem comprometer a produção de alimentos. Além disso, os países vão trabalhar em conjunto para que os combustíveis feitos a partir de vegetais sejam cada vez mais utilizados em todo o planeta. No ano que vem, o Brasil vai organizar a Conferência Internacional de Biocombustíveis.

Segundo o Balanço Energético do Ministério de Minas e Energia de 2006, 44,7% da energia produzida no Brasil provém de fontes renováveis, que incluem, além do etanol e do biodiesel, as usinas hidrelétricas. A média mundial, conforme o mesmo balanço, está em torno de 15%.

Fonte:

Outras Fontes: Banco de Dados da Radiobrás; Ministério de Minas e Energia; Ministério das Relações Exteriores; União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Única).

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