segunda-feira, 5 de março de 2007

UFC busca novas técnicas de produção de Biodiesel


A mamona está sendo plantada. O Estado destina dinheiro e deve aumentar o número de hectares cultivados. Enquanto isso, o núcleo científico vai por outro caminho procurando formas de aperfeiçoar o que hoje dá os primeiros passos. Na Universidade Federal do Ceará (UFC), os estudos vêm acontecendo em departamentos distintos e sob aspectos diferenciados. No departamento de Engenharia Química, novas técnicas de separação, aprimoramento das formas de absorção e novos catalisadores são alvo do estudo de professores e alunos para a geração de biodiesel.

A professora do departamento de Engenharia Química e coordenadora do projeto de produção de biodiesel por rota enzimática do Laboratório de Bioengenharia, Luciana Rocha Barros Gonçalves, está hoje em busca de substituir os catalisadores químicos da produção do óleo por um enzimático. A lipase é a enzima que deve entrar no processo, evitando a formação de sabão no óleo. Com isso, o óleo produzido seria mais puro, atingindo de forma mais rápida o estágio final.

Apoiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o projeto tem seis meses e deve levar ainda cerca de quatro anos para ter um resultado científico. "A idéia é baratear, com certeza. Mas a gente ainda precisa trabalhar muito para isso", observa a professora. Ali perto, no departamento de Bioquímica e Biologia Molecular, a professora e chefe de departamento Ana Lúcia Ponte Freitas pesquisa formas de diminuir o conteúdo tóxico presente na torta da mamona, ou seja, no farelo resultante do óleo.

Os testes já mostraram que o método hoje usado para retirar essas propriedades acaba por alterar seu valor biológico e até mesmo o sabor. Assim, seria necessário um outro processo. As propriedades não inviabilizam o programa de biodiesel, mas impedem o uso do farelo em outras atividades, além da adubação que já é feita com o resto da mamona.

Ana Lúcia não descarta que caso essas propriedades sejam neutralizadas, a torta possa ser usada até mesmo na alimentação humana. "Pensam-se em n coisas, alimentação humana, inclusive. Tem tanta gente passando fome. Uma fonte riquíssima de proteína como essa, se não houvesse tanto alergênico, seria aproveitada", considera. Para isso, entretanto, uma metodologia barata deve ser conhecida. "Se uma usina vai produzir toneladas e toneladas de um farelo, para aproveitá-lo tem que ser um processo que não seja dispendioso", ressalta. (Camille Soares)

Fonte: Jornal O Povo

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