segunda-feira, 5 de março de 2007

Biodiesel ainda tem um longo caminho a ser percorrido

A produção de biodiesel a partir da mamona, no Estado, ainda é incipiente. Tanto é que a soja é a grande matéria-prima que o País vê para a produção do combustível. Nas regiões Centro-Oeste e Sul do Brasil, o cultivo já é intenso, além do óleo já ser extraído e comercializado como item de alimentação, o que dispensa novos investimentos. Como explica o pesquisador da Empresa Brasileira de Agropecuária (Embrapa), Liv Soares Severino, o óleo é o segundo principal produto da soja. "Não há nada que se possa fazer para ela (a soja) não ser a primeira (opção)", ressalta.

No entanto, Severino observa que não existe intenção dos produtores em utilizar toda o cultivo para o biodiesel. A previsão do pesquisador é que ela seja importante até a adição dos 2% ao diesel. Quando o percentual aumentar, outras matérias-primas precisarão ser trabalhadas. É aí que entra a mamona. Para a coordenadora de projetos do Pólo Nacional de Biocombustíveis, da Universidade de São Paulo (USP), Catarina Rodrigues Pezzo, independente da fonte de energia adotada, ainda existem diversos pontos que precisam ser sintonizados para chegar a uma cadeia realmente bem estruturada. "Existem questões tanto energéticas quanto ambientais, tem que se preocupar com os impactos na questão agrícola", explica.

Mas para os que defendem que o biodiesel será o petróleo brasileiro, Catarina esclarece: "o biodisel nunca vai ser o petróleo do Brasil". A coordenadora afirma que existe uma capacidade limitada de produção, uma vez que a terra é limitada e concorre com o que é plantado para a alimentação. "O Brasil nunca vai ser o Oriente Médio do futuro", complementa. Para Catarina, para o País ser um grande exportador é preciso que o biodiesel torne-se uma commoditie, além de garantir que os padrões internacionais de exportação sejam criados com a interferência brasileira e com uma diversificação dos países produtores.

A coordenadora acredita que o interesse do presidente norte-americano George W. Bush em discutir a produção de etanol em outros países - o que vem sendo chamado de opep do etanol - seria mesmo um benefício para a produção brasileira. Isto porque ainda não existe um mercado internacional do biodiesel, o que acaba por impossibilitar que o Brasil venha a exportar o combustível.

Até que se esse processo se resolva, Catarina espera que a cadeia de biodiesel brasileira esteja realmente pronta. "Você tem uma diversidade de matéria-prima o que gera uma série de resultados finais e adaptar o processo para esse monte de matéria-prima é difícil. Mesmo algumas questões de tributação, distribuição, e até mesmo questões que são necessárias para a instalação de cadeias", conclui. (Camille Soares)

Fonte: Jornal O Povo

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