terça-feira, 6 de março de 2007

Mamona é a nova alternativa de renda para agricultores do Sul


Os 40 produtores de mamona da região do Vale do Araranguá já começaram a co- lher os primeiros cachos da planta que serão vendidos a uma empresa do Rio Grande do Sul, para a produção de biodiesel. A primeira carga deve ser entregue em um mês, quando os agricultores estimam ter colhido a metade da produção.

Dos mais de 50 hectares de área cultivados, estima-se uma produção entre 2,5 mil a 4 mil quilos de matéria-prima por hectare. A colheita deve render aproximadamente R$ 2 mil por família. Como o custo de produção é baixo - cerca de R$ 200 por hectare - a lucratividade é comemorada antecipadamente pelos agricultores.

A engenheira agrônoma do projeto Microbacias, da Epagri de Araranguá, Christianne de Carvalho, conta que a experiência está mostrando resultados satisfatórios. Como é a primeira colheita em terras do Sul catarinense, espera-se que no ano que vem a produtividade nas lavouras seja ainda maior. "No segundo ano os pés estarão mais reforçados, e poderão render acima do espe- rado para os donos dos terrenos", diz.

Em terras onde a mamona ocupou áreas de fumo, os cachos chegam a medir até 80 centímetros. Dependendo do porte da planta, mais de dez cachos podem ser produzidos por um único pé. "É uma cultura de fácil manejo e com pouco custo de produção", afirma. Cada planta produz por três anos, até que seja feito o replantio.

Há cinco anos plantando fumo na propriedade de 3,5 hectares, no bairro Caverazinho, em Araranguá, Antoninho Santino da Silva, de 49 anos, já pensa em abandonar o fumo para investir no gado leiteiro e na plantação de mamona. "São atividades mais fáceis de manejar e com menos custos que o fumo. Hoje, para cuidar de uma estufa é preciso dispor de muito tempo e gastar com a contratação de mão-de-obra, que está muito cara", diz.

O interesse pela mamona começou antes mesmo de participar das reuniões do projeto Microbacias, em Araranguá. Antes mesmo de se tornar um produtor da cultura, no quintal de casa, o agricultor já tinha alguns pés de mamona comum, que nasce- ram sozinhos. Um deles, ao lado da casa, ultrapassa o telhado da residência e serve de sombra para a família. "Comecei a me interessar pelo assunto assim que comecei a ouvir depoimentos na televisão de que a mamona seria a solução para a ge- ração de energia no País", afirma.


Boa produtividade com baixo custo de produção


As sementes que originaram as plantações de mamona no Sul do Estado foram vendidas pela empresa que se comprometeu a comprar toda a produção catarinense. Dois quilos de sementes são os suficientes para um hectare de terra. O custo é de R$ 50.

A engenheira agrônoma Christianne de Carvalho explica que a variedade cultivada na região é mais resistente ao calor. Quando os cachos amadurecem, os grãos não se soltam, facilitando a colheita e impedindo a perda da matéria-prima. Cada baga tem três sementes.

Como os cachos da mamona não amadurecem ao mesmo tempo, como o feijão, por exemplo, os produtores passam periodicamente na plantação para recolher a matéria-prima. Depois de colhido, as bagas são debulhadas e secas ao sol por um dia. Após este processo, bagas e sementes são ensacadas. Cada saca tem capacidade para armazenar até 30 quilos do fruto.

A mamona é plantada na primavera para ser colhida até o início do inverno. Depois da planta germinada, os cachos podem começar a ser colhidos em três meses. Em agosto, os pés são podados em uma altura de meio metro para a brotação. Folhas e caule são deixados na terra para servirem de adubação. "É uma fonte rica de nutrientes para o solo", observa. Porém, não é aconselhável usar a planta como alimento para animais por eliminar toxinas.

Fonte: Jornal A Tribuna

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