O pequeno município mato-grossense de Campos de Julio talvez tenha o melhor exemplo a ser copiado por outras regiões brasileiras de como baixar custos na montagem de projetos agrícolas.
Vinte e seis produtores organizaram uma cooperativa para produzirem o combustível que consomem em suas propriedades, inclusive aquele utilizado para o transporte de sua produção.
O primeiro compromisso assumido pelos vinte e seis produtores foi de plantar e fornecer à Cooperativa a matéria prima, no caso girassol, na quantidade necessária para produzir a porção de litros de sua necessidade. Assim para cada tonelada de girassol entregue na Cooperativa o produtor recebe aproximadamente 380 litros de biodiesel.
A Cooperativa se viabiliza com a comercialização do farelo e os demais subprodutos, um deles o glicerol que substitui o óleo mineral como óleo aderente para herbicidas.
Antes mesmo da implantação da indústria, no ano passado (2006), grande parte dos cooperados plantaram parte de sua safrinha com girassol substituindo a lavoura que tradicionalmente fazem somente com milho. O girassol, por ser uma planta com pouca resistência às chuvas na sua maturação, se comporta muito bem na safrinha. Plantado como safrinha, quando maduro, vai encontrar o período seco, ideal para uma boa colheita.
A média de produtividade das lavouras foi de 1.680 quilos por hectare, mas a intenção dos produtores é alcançar a produtividade de duas toneladas por hectare e para isso estarão realizando o 2º "Dia de Campo" de Girassol do Paricis, neste ano com 500 novos experimentos.
Pela produtividade alcançada no primeiro ano em mais de 1.600 quilos por hectare, como se pode deduzir, os agricultores recebem aproximadamente 600 litros de biodiesel para cada hectare plantado com girassol. Resumindo, os cooperados estarão pagando R$0,70 (setenta centavos) ao litro de biodiesel, poupando assim, R$1,30 por litro já que em Campos de Julio o diesel por eles usado nas lavouras lhes custa R$2,00 o litro.
No plantio da safrinha de 2007 – quase toda concluída – em Campos de Julio-MT mais de 6 mil hectares com girassol foram plantados e no dia 4 de maio será inaugurada a fábrica de biodiesel que irá processar toda produção dos cooperados. Com uma produção inicial de 10 mil litros de biodiesel/dia e a intenção de elevar a produção ainda nesta safra para 20 mil litros/dia a COAPAR, Cooperativa Agrícola dos Paricis, mostra, mais uma vez que a criatividade dos produtores brasileiros é imbatível.
Hoje, com o avanço das pesquisas já se pode usar o biodiesel puro substituindo totalmente o tradicional óleo diesel e não apenas no maquinário agrícola, mas também em caminhões. E confirmando esta afirmação estão nas estradas mato-grossenses centenas de veículos de carga rodando com B-100 (biodiesel puro) para desespero do governo do Estado que nem sabe o que fazer, pois o ICMS sobre o combustível lhe escapa das mãos já que não pode cobrar o imposto de quem produz para seu próprio uso.
Se o presidente americano empreendeu uma viagem ao Brasil nesta semana passada tendo como foco incrementar negócios na área dos biocombustíveis, a criatividade dos produtores mato-grossenses poderia ser também aproveitada por agricultores de outros municípios brasileiros.
Fonte: Jornal O Progresso
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