Brasil se destaca no “plantio” de combustível
QUEILA ARIADNE
Quanto mais as temperaturas aumentam, mais rápida fica a corrida em busca de soluções para os males do aquecimento global. A gradual substituição do petróleo por energias renováveis é um dos principais alvos e o Brasil tem uma característica que promete colocá-lo na frente nessa maratona: o dom de plantar combustível, ou melhor, biocombustível.
Até 2010, o país pretende aumentar em 30% a produção de etanol (álcool produzido por meio de cana-de-açúcar); e quadruplicar a produção de biodiesel (feito a partir de oleaginosas, como soja, mamona e girassol).
O diretor do Departamento de Combustíveis Renováveis do Ministério de Minas e Energia, Ricardo Dornelles, estima que os setores de etanol e biodiesel receberão cerca de R$ 17,4 bilhões nos próximos quatro anos.
Esses investimentos estão previstos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), sendo R$ 13,3 bilhões para implantação de usinas de álcool e biodiesel e outros R$ 4,1 bilhões para financiar a construção de alcoodutos. Até 2010 a produção de álcool passará de 18 bilhões para 23,3 bilhões de litros/ano.
A de biodiesel, de 664 milhões de litros/ano para 3,3 bilhões de litros/ano. Segundo Dornelles, um dos grandes diferenciais do país é a quantidade de terras agricultáveis. Atualmente, o Brasil só utiliza um terço da capacidade.
“Temos terras muito férteis, temos conhecimento tecnológico e temos investimentos em pesquisas, tudo isso vai nos colocar entre as maiores potências mundiais de biocombustível.”
A potencialidade brasileira é tão grande que hoje o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, desembarca no Brasil em busca de tecnologias de produção de biocombustível, notadamente etanol. A partir de 2008, toda a frota a diesel do país será obrigada a usar o combustível com 2% de biodiesel na mistura.
Inicialmente, a meta do governo era ampliar essa mistura para 5% em 2013. No entanto, diante da capacidade do país para a produção do biocombustível, o governo já trabalha com uma nova meta.
“Tudo indica que vamos conseguir atingir este percentual em 2010”, afirma Dornelles. O governo lançou o Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel em 2005.
Para garantir a matéria-prima, a União concedeu benefícios fiscais para os produtores rurais e a Petrobras assegura a compra de toda a produção de mamona, pinhão manso, sementes de girassol, dendê, entre outros insumos.
Empresas e prefeituras já adotam o biocombustível
A substituição da frota de veículos públicos e privados por carros movidos a biocombustível já é uma realidade. No início de março, o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, sancionou uma lei para oficializar a troca.
“Só no transporte público, cerca de 3.000 veículos, sendo 2.800 ônibus e 278 do transporte suplementar, passarão a rodar com biodiesel”, anuncia o vice-prefeito Ronaldo Vasconcelos. O grupo Sada, maior transportador de veículos da América Latina, também já anunciou a adesão ao biocombustível.
Nesse caso, a própria empresa passará a produzir o biocombustível. A partir de meados deste ano, a subsidiária Sada Bioenergia, no Jaíba, região Norte, vai processar cana-de-açúcar para a produção de álcool e pinhão-manso para a fabricação de biodiesel.
A empresa, dona de uma frota de 2.000 caminhões, vai usar os combustíveis para o auto-abastecimento. Potencial De acordo com o Ministério de Minas e Energia, só de biodiesel o Brasil possui 19 usinas em operação e outras 46 em fase de projetos, autorização de funcionamento e construção.
De acordo com a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP), três dessas usinas em funcionamento ficam em Minas, nas cidades de Cássia, Sudoeste do Estado, Barbacena, região Central, e Varginha, Sul de Minas.
Dos 4.500 postos que já fornecem biodiesel no país, 400 estão localizados no Estado. O primeiro posto a fornecer o combustível no Brasil foi inaugurado pela Ale em Belo Horizonte, em 2005.
Fonte: Jornal O Tempo
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