quinta-feira, 8 de março de 2007

Biodiesel: o que é e como se faz

A partir do ano que vem o diesel comum (derivado de petróleo), que é vendido nos postos, deverá ter, pelo menos, 2% de biodiesel adicionado. É o que diz a Lei Federal nº. 11.097, de 13 de janeiro 2005, que introduz o biodiesel na matriz energética brasileira, de forma escalonada. Na prática, o B-2, como é conhecido, já vem sendo oferecido, oficialmente, ao consumidor final desde o ano passado. Esse aumento gradual da adição de óleo vegetal deve garantir um prazo considerado seguro para a produção de matéria-prima e a construção de usinas necessárias ao abastecimento. Mas estimativas feitas pelo Ministério da Agricultura, ainda em 2006, indicam que, a julgar pelos investimentos que estão sendo realizados no setor, é possível que esse índice seja ainda maior, podendo bater na casa dos 5% de mistura bem antes do limite estipulado na Lei, que é para 2013. Mas o que é, afinal, esse novo combustível, que virou coqueluche entre os países industrializados, como alternativa renovável aos similares tradicionais, de origem fóssil?

O professor do Instituto de Química da Universidade de Brasília (UnB), Paulo Suarez, explica que o princípio de tudo é o processo conhecido, cientificamente, como transesterificação, “uma reação química entre um óleo ou gordura, seja de origem animal ou vegetal, com um álcool, dando origem a uma mistura de monoésteres de ácidos graxos (conhecida popularmente como biodiesel) e glicerina”.

Uma rápida análise do potencial de mercado explica por que os olhos de cientistas, empresários e governos têm se voltado, cada vez mais, para essa alternativa. “O Brasil consome, atualmente, cerca de 40 bilhões de litros de diesel ao ano”, comenta Paulo Suarez. E contabiliza: “assim, o mercado de biodiesel entre 2008 e 2013, considerando que não haja aumento no consumo, o que é extremamente conservador, irá variar entre 0,8 e 1,2 bilhão de litros. Cabe, ainda, lembrar que o Brasil é um dos poucos países com clima, solo e disponibilidade de água suficiente para abastecer o mercado mundial desse biocombustível, o que representa um enorme mercado potencial para exportação”, conclui.

A cadeia de produção do biodiesel também cria novas perspectivas de distribuição de renda, entre as famílias de pequenos proprietários rurais. Além disso, a sua industrialização ainda resulta na produção de glicerina bruta (que, purificada, serve de matéria-prima para a indústria de cosméticos); álcool hidratado (retificado, volta ao processo de transesterificação) e a torta (compactação de resíduos sólidos resultantes da esmagamento de vegetais), caso sejam usados grãos como matéria-prima. Tanto a torta de grãos (como a soja ou o girassol), quanto a da cana-de-açúcar (usada na extração do álcool), viram adubo orgânico de ótima qualidade. De volta para a terra, esse subproduto completa o ciclo de reaproveitamento e sustentabilidade, reduzindo as perdas ambientais - principal distinção favorável aos biocombustíveis em relação aos combustíveis tradicionais.

Mais informações no site www.cnpso.embrapa.br/soja2007/biodiesel, pelo telefone (43) 3025-5223 ou pelo e-mail: soja2007@cnpso.embrapa.br .

O Curso BIODIESEL – mercados, tendências, química e produção precede o Seminário Internacional Soja: recurso renovável para usos industriais não alimentares, que acontece nos dias 11 e 12 de abril, também no Windsor Barra Hotel, no Rio de Janeiro, numa promoção da Embrapa. Veja as informações completas no site www.cnpso.embrapa.br/soja2007ou pelo e-mail: soja2007@cnpso.embrapa.br .

Fonte: Jornalista Rogério Andreatta ( DRT/MT 358/02/06)
Embrapa

Nenhum comentário: