domingo, 11 de fevereiro de 2007

Biodiesel-Moeda

A velocidade do aquecimento global hoje é semelhante à do aquecimento pelo qual devem passar algumas empresas.

Isso porque o aumento de temperatura do planeta -que, pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, pode chegar a 4,5 C até 2100- foi um dos responsáveis pelo surgimento de um novo mercado: o de créditos de carbono.

Os volumes negociados nessas transações dão a idéia do tamanho desse mercado -o CO2 é negociado em toneladas. Com essa ordem de grandeza, as primeiras empresas beneficiadas foram as grandes, como as nacionais Sadia e Klabin.

Mas há quem diga que esse mercado -ainda em solidificação- também pode comportar pequenas e médias empresas. O coordenador de Mudanças Globais de Clima do Ministério da Ciência e Tecnologia, José Domingos Miguez, é um deles.

Segundo ele, "qualquer projeto que reduza a emissão [de poluentes] pode participar".

Os empresários, no entanto, esbarram em quatro barreiras que os impedem de ir além. O primeiro é o custo do projeto.

O segundo é a injeção de recursos necessários para fazer as adaptações na companhia; o terceiro, a falta de escala.

Fabrício Brollo, chefe do Departamento de Agronegócios da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), aponta o quarto impedimento para que essas firmas ingressem nesse mercado: o desconhecimento.

Um dos indícios para a afirmação está na baixa procura pelo Programa de Apoio a Projetos do MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo), lançado em dezembro pela Finep.
Até a semana passada, apenas uma firma, de médio porte, enviara projeto para o programa, que financia o desenvolvimento de soluções e estudos.

Maturação

"Tudo dependerá do contrato. Os valores da venda de créditos de carbono podem estar embutidos no valor da produção", exemplifica La Rovere.

Uma das formas é a união de firmas em um projeto -o que permitiria a divisão de custos, como no caso dos APLs (arranjos produtivos locais).É a maneira como pequenos produtores rurais são inseridos em um processo de produção de biodiesel, explica o professor da Coppe-UFRJ (órgão da Universidade Federal do Rio de Janeiro) Emílio La Rovere.

Além do agronegócio, ele elenca médias empresas, especialmente as do setor de transporte, como possíveis beneficiárias desse novo mercado.

O professor, no entanto, aconselha: "O crédito de carbono não deve ser determinante para implementar o MDL. É preciso fazer o cálculo de custo/benefício para determinar se a mudança é vantajosa".

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