terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

Fiocruz faz críticas ao Programa de Biotecnologia


O programa de biotecnologia lançado pelo governo federal na última semana deixou a desejar, principalmente na área de pesquisa básica. A opinião é do professor Silvio Valle, coordenador do curso de Biossegurança da Fundação Oswaldo cruz (Fiocruz). De acordo com o professor, um dos problemas é a abrangência do programa e a falta de definição de prioridades.

“O decreto vai de nanobiotecnologia à clonagem e ao biodiesel. É enorme e não define claramente prioridades, atira para muitos lados”, disse Valle em entrevista ao programa Revista Brasil da Rádio Nacional.

A única contribuição positiva do programa citada pelo professor é trazer o tema para a sociedade e agregar todas as instâncias do governo em torno da mesma discussão.

Outro problema do programa, na opinão do professor, é a indefinição dos recursos públicos a serem investidos. Ele disse que quase não houve criação de fontes para os recursos públicos e os já existentes não têm nenhuma garantia de que serão aplicados.

O professor lembrou que o Brasil já conta com uma boa estrutura de recursos humanos e o decreto do governo determina que a iniciativa privada contrate essa mão de obra especializada, como contrapartida ao financiamento público que receber. Sergundo ele, no entanto, essa exigência fica difícil de ser cumprida pela falta de interesse das empresas.

Para ele há mecanismos mais simples como exigir, através de políticas públicas, que as empresas que desenvolvem estudos com plantas transgênicas sejam também responsáveis por experiências de impacto ambiental no Brasil. Valle acredita que isso poderá abrir vagas para agrônomos, nutricionistas e uma série de outros profissionais.

No sentido da experimentação animal, Silvio Valle diz que o problema não é falta de recursos, mas de segurança jurídica. “Não temos no Brasil uma lei (federal) que regulamente o uso da experimentação animal. Isso gera entraves ao avanço do país na área e cria situações difíceis para as instituições que realizam esses estudos".

O professor citou como exemplo o fato de no ano passado pesquisadores da própria Fiocruz terem de reivindicar junto a políticos a revogação de uma lei municipal que proibia experimentos na cidade do Rio de Janeiro.

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