O geólogo Colin J. Campbell, Ph.D. da Universidade de Oxford, costuma dizer que o mundo vive o fim da primeira metade da era do petróleo – os últimos 150 anos durante os quais a indústria, o comércio e a agricultura tiveram uma expansão substancial. Nesse período, a população mundial aumentou seis vezes, enquanto a produção do petróleo também crescia. O problema é que, agora, a produção está próxima do pico e declinará de maneira irreversível.
Por isso, segundo Campbell, começa a segunda metade da era do petróleo. E, com ela, o declínio de tudo o que depende do ouro negro. A julgar pela literalidade dessa profecia, os lucros das grandes empresas petrolíferas já deveriam apontar para baixo. No entanto, o que se vê é o inverso. Elas nunca ganharam tanto nos últimos anos. Exemplo disso é a Petrobras, que, apesar de desapontamentos na Bolívia e na Venezuela em 2006, anunciou na semana passada um lucro recorde de 12 bilhões de dólares, o maior já obtido por uma empresa da América Latina.
Dois fatores explicam a aparente contradição entre os lucros crescentes das empresas petrolíferas e a crise do petróleo. O primeiro fator diz respeito à lógica da oferta e da procura. O fato de a curva de extração ter atingido seu auge na maioria das regiões produtoras apenas valoriza o preço. Como o petróleo ainda é a matriz energética mundial, a cotação sobe com a expectativa de uma produção menor – e, com isso, cresce o lucro das produtoras. No ano passado, essa alta foi de 26%. O segundo fator diz respeito à visão de futuro das companhias do setor. Para elas, tão vital quanto obter lucros é a capacidade de usá-los em sua própria reinvenção.
A anglo-holandesa Shell, por exemplo, já investiu 1 bilhão de dólares para ampliar seus projetos de energia renovável. A empresa criou postos de abastecimento de combustível com hidrogênio que já operam em cinco países. A inglesa British Petroleum também faz pesados investimentos no setor, pesquisando alternativas para diminuir a emissão de carbono na atmosfera. A BP não quer mais ser chamada de companhia de petróleo, mas, sim, de empresa de energia. No último ano, a americana Exxon, líder em lucros, investiu 20 bilhões de dólares em pesquisa, ampliação e criação de novas unidades.
A Petrobras destina 0,5% dos seus investimentos ao desenvolvimento e viabilização de fontes de energia renovável, principalmente a energia eólica, a energia de biomassa e a produção de biodiesel. Estão em construção três usinas para geração de biodiesel. A companhia não produz álcool combustível, apenas distribui o produto. Calcula-se que, até 2030, o mundo vá consumir 40% mais energia em todas as suas formas. As gigantes podem decidir manter o foco no petróleo ou mudá-lo para fontes alternativas. O futuro delas depende da escolha que fizerem hoje.
da Agência de Notícia UDOP
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