O mercado de biodiesel encontra-se em estruturação, mas as perspectivas são ilimitadas. Somente para consumo interno, já a partir de 2006, serão necessários 800 milhões de litros anuais, para atender a legislação que permite a mistura de 2% deste biocombustível ao diesel de petróleo. Em 2013, esta proporção sobe para 5%.
Segundo os registros da Agência Nacional do Petróleo, as indústrias atualmente cadastradas para a produção de biodiesel no Brasil têm capacidade máxima autorizada para produzir 57 milhões de litros de biodiesel por ano. Esses valores estão significativamente aquém das necessidades atuais para o atendimento da legislação. Isso significa que há a necessidade de grande investimento do setor produtivo em unidades de processamento do biocombustível.
Um dos maiores desafios encontra-se na disponibilidade de matéria prima para o processamento. Atualmente, em Mato Grosso do Sul, somente duas fontes estão disponíveis em termos de quantidade e logística: sebo bovino e soja. O sebo bovino, disponível a preços razoáveis, tem uma produção considerável no Estado. Apesar de gerar um biodiesel de qualidade ligeiramente inferior, o custo de produção é cerca de 30% inferior ao daquela proveniente de óleos vegetais. A soja tem uma cadeia produtiva extremamente organizada e tradição consolidada no Estado, sendo produzidas aproximadamente 3,5 milhões de toneladas por ano. Entretanto, os preços nem sempre são competitivos, por constituir a principal fonte de óleo comestível no país. Acredita-se, no entanto, que a viabilidade do biodiesel no curto prazo será dependente desses dois produtos.
Por outro lado, a gama de possíveis fontes de matéria prima para a produção de biodiesel é imensa. No médio prazo, culturas como girassol, amendoim, mamona, nabo forrageiro, colza, canola, gergelim, entre outras, poderão compor a matriz de fontes de óleos vegetais para a obtenção do biocombustível. Entretanto, há a necessidade de estabelecimento do zoneamento agrícola para essas culturas e dos seus sistemas de produção. A Embrapa Agropecuária Oeste vem trabalhando o girassol, a mamona e o nabo, visando o estabelecimento das melhores tecnologias para sua produção, assim como a seleção de materiais mais produtivos.
A longo prazo, culturas perenes devem ser incorporadas a essa matriz. A bocaiúva (Acrocomia aculeata), também chamada de macaúba, apresenta um elevado potencial e vem sendo utilizada tradicionalmente pelas populações locais há séculos. Alguns poucos plantios comercias são conduzidos no Paraguai, embora neste país haja duas indústrias de processamento de óleo de macaúba, funcionando há décadas. Estimativas ainda pouco consistentes sugerem produtividades acima de 2500 litros de óleo por ha por ano, podendo atingir produtividades tão elevadas quanto às do dendê, ou seja, 4500 litros de óleo por ha por ano. Outra espécie promissora é o pinhão manso (Jatropha curcas). Cultivado amplamente em países como Índia e China, ocorre espontaneamente em quase todo o Estado. Não são conhecidas plantações comerciais em Mato Grosso do Sul, embora venha sendo trabalhado em Minas Gerais há alguns anos. Produtividades em torno de 2000 litros de óleo por hectare por ano são relatadas na literatura. A Embrapa Agropecuária Oeste vem desenvolvendo trabalhos preliminares com essas duas espécies, visando o seu aproveitamento em reservas extrativistas e a sua domesticação.
O biodiesel significa uma nova opção para agregar valor a produtos tradicionais em Mato Grosso do Sul, como a soja e carne, além de abrir possibilidades para a estruturação de novas alternativas para o desenvolvimento regional. O sucesso desta nova cadeia produtiva depende da definição de políticas públicas para o setor, o que certamente será feito com a participação efetiva da recém criada Câmara Setorial do Biodiesel de Mato Grosso do Sul.
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Um comentário:
Achei teu blog por acaso. Vou começar a ler. Tks!
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