Caso os seis projetos previstos para Mato Grosso do Sul operem com capacidade máxima de produção, em três anos, ou seja, até 2010, o Estado terá capacidade de suprir, sozinho, a demanda nacional de 800 milhões de litros de biodiesel por ano, necessários para a mistura obrigatória imposta pelo Governo federal, a partir de 2008, de 2% de biodiesel no diesel. Hoje, o Brasil consome cerca de 40 bilhões de litros de diesel por ano. A obrigatoriedade de mistura de 2% de biodiesel, em 2008, cria demanda imediata de 800 milhões de litros do biocombustível – volume idêntico à capacidade prevista das usinas a ser implantadas no Estado.
Hoje, em todo o País, 19 usinas de outros Estados já estão habilitadas pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) a comercializar biodiesel com as distribuidoras. Outras 34 usinas de biodiesel, incluindo os projetos de MS, estão em fase de construção e devem receber a habilitação até o próximo ano. Existem ainda 41 empreendimentos que estão em fase inicial de construção, totalizando 94 usinas de biodiesel, em andamento, no Brasil.
De acordo com a coordenadora de Biodiesel do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Edna Carmélia, o Brasil deverá chegar ao mês de julho deste ano com produção de 1,3 bilhão de litros do biocombustível. Segundo ela, a capacidade de produção atual é de cerca de 500 milhões de litros. Desse total, cerca de 59% têm como matéria-prima o óleo de soja e cerca de 20% a mamona, principalmente na região Nordeste. Em entrevista à Agência Brasil, Carmélia garantiu que o País já tem condições de cumprir a primeira etapa da decisão governamental de adição, a partir de 2008, de 2% de biodiesel ao diesel (B2). "Já podemos, inclusive, discutir com tranquilidade a antecipação do B5 – que é a adição de 5% do produto ao diesel mineral, meta inicialmente estipulada para 2014", afirmou.
Gargalo
Um dos principais problemas que preocupa os empresários destas novas indústrias de biodiesel é a dúvida sobre a capacidade da agricultura estadual de suprir com soja a necessidade das indústrias previstas para MS. Se as seis indústrias do Estado operarem com capacidade máxima vão produzir juntas cerca de 800 milhões de litro de biodiesel por ano, praticamente, utilizando apenas a soja como matéria-prima.
No entanto, para tal produção seria necessário esmagar 4,4 milhões de toneladas da oleaginosa, ou seja, volume equivalente a quase a totalidade da safra sul-mato-grossense de soja. "Precisaremos ampliar a produção de soja e também de outras oleaginosas para atender a esta demanda que será criada pelas indústrias de biodiesel", disse o representante da Seprotur. Segundo ele, culturas utilizadas na safrinha podem ser fomentadas e a área agrícola estadual deve crescer impulsionada por esta demanda agroenergética. Vieira Borges ressaltou que usinas de biodiesel instaladas em Goiás, por exemplo, já enfrentam dificuldade no abastecimento de soja para o esmagamento e produção do biocombustível.
Mais 4 projetos devem operar até 2008
Além das duas usinas (Ecodiesel e Biocar) em construção em Dourados, estão previstas outras quatro indústrias em MS. Segundo a Seprotur, o grupo Brasil Bioenergia estaria elaborando o plano de negócio para implantação de uma usina de biodiesel em Nova Andradina, com capacidade diária de produção de 300 mil litros de biocombustível e investimentos na ordem de R$ 80 milhões. Em Caarapó, a Agrenco Bioenergia lança o início das obras de uma usina de biodiesel no próximo dia 28. A estimativa é que a indústria tenha capacidade de 300 mil litros de biodiesel por dia. Outras duas usinas de biodiesel, planejadas em parceria entre as empresas Brasilinvest, Caramuru e Petrobras, estão em fase de assinatura de acordo com o Governo do Estado para instalação em Maracaju. A produção das duas usinas, quando em atividade, deve atingir 410 milhões de litros de biodiesel por ano.
Fonte: Correio do Estado - MS
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