terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

Crédito de carbono para Biodiesel


A produção de biocombustíveis em países em desenvolvimento, como Brasil e Indonésia, poderia em breve passar a ganhar créditos de carbono, segundo o novo diretor de negociação desses incentivos na Convenção da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Mudança do Clima. Os biocombustíveis estão sendo produzidos em grande escala no Brasil, maior produtor mundial de etanol a partir da cana-de-açúcar, e na Malásia e Indonésia, maiores produtores de biodiesel a partir de óleo de palma.

Os produtores poderiam, em breve boas notícias, já que a ONU avalia se os biocombustíveis poderiam entrar no esquema de negociação de créditos de carbono, de US$ 3 bilhões, o Mecanismo de Desenvolvimento limpo.

O combustível alternativo gera menos emissão de CO2 do que os combustíveis fósseis ao ser utilizado, já que as plantas das quais são derivadas absorvem os mesmos gases. "A questão está senda discutida", disse Halldor Thorgeirsson, nomeado diretor de mecanismos de desenvolvimento sustentável da agencia de mudanças climáticas da ONU. "Poderia ser uma metodologia no primeiro período de Kyoto (de 2008 a 2012); uma vez que sejam resolvidos os problemas metodológicos, não haverá problema."

O maior obstáculo técnico para permitir a entrada dos biocombustíveis consiste na contagem dobrada: permitir que os países em desenvolvimento ganhem créditos de carbono quando os biocombustíveis são produzidos ou quando consumidos.

Os países em desenvolvimento relutam em dar passos para combater as mudanças climáticas, argumentando que os países desenvolvidos são os maiores responsáveis pelo problema.

A negociação de créditos de carbono pelo protocolo trouxe uma forma conveniente de fazer com que os países ricos aceirem o fardo de atingir as metas, mas que as alcancem de forma barata, pagando aos países em desenvolvimento para promover essas reduções. A inclusão dos biocombustíveis seria bem recebida pelo presidente brasileiro Luiz lnacio Lula da Silva, que criticou a negociação de créditos de carbono sob o Protocolo de Kyoto, sustentando que o país não recebeu dinheiro para ajudar a financiar sua indústria de biocombustíveis.

O Brasil investira R$ 17,4 bilhões em combustíveis renováveis nos próximos quatro anos.

"Nenhum país esta revolucionando sua matriz energética como nós estamos", disse Lula.

Mais boas notícias poderiam vir para os paises tropicais depois de 2010, quando há perspectivas de expandir o MDL para permitir que os países desenvolvidos paguern aos pobres para proteger suas florestas tropicais.

"Dar incentivos para sustentar as florestas, para manter as florestas (...) tem um grande potenial", afirmou Thorgeirsson.

"O desmatamento contribui para 20% das emissões globais causadoras do efeito estufa, vejo a situação se dirigindo nesse sentido", afirmou ele. "Teríamos de olhar para o país como um todo, de outra forma o desmatamento apenas seria transferido de urna área para a outra".



Fonte: Observatório do Clima

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