terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

Projeto de produção de Biodiesel da Agropalma recebe o reconhecimento de Harvard

VEM DA UNIVERSIDADE Harvard um reconhecimento para alegrar o Carnaval do Nosso Guia. Escondido nas matas do Pará, há um projeto agroindustrial privado que emprega 750 pessoas com uma renda média de R$ 650, preserva a mata, produz biodiesel e dá lucro. Antes, esses trabalhadores viviam com R$ 60, vendendo farinha e carvão. Quem conta o caso são três pesquisadores da USP (Rosa Maria Fischer, Monica Bose e Paulo da Rocha Borba), ligados ao Ceats (Centro de Empreendedorismo Social e Administração em Terceiro Setor).

Eles publicaram um artigo intitulado "O projeto de agricultura familiar do óleo de dendê" na revista do Centro David Rockefeller para Assuntos Latino-Americanos. É a história de um empreendimento iniciado em 2001 no município de Moju, pela Agropalma, a maior produtora de óleo de dendê do país.

Formou-se um ciclo virtuoso onde entraram uma empresa do andar de cima, 150 famílias do de baixo e os governos federal, estadual e municipal.

Cada família conseguiu dez hectares de terra e, por meio do Pronaf, recebeu equipamentos agrícolas e um salário mínimo mensal durante três anos, enquanto as palmas do dendê cresciam.

A empresa investiu R$ 2,5 milhões na infra-estrutura do projeto. Para cada hectare plantado com palmas, são preservados quatro de mata.
Segundo a empresa, nos últimos 12 meses, a renda média dos trabalhadores de Moju ficou em R$ 800.

O artigo dos pesquisadores registra que a experiência pode ser expandida, desde que sejam removidos entraves de educação, transportes e, sobretudo, de titulação de terras.

O governo do Pará e a União têm áreas públicas suficientes para promover dezenas de empreendimentos semelhantes.

Os grandes adversários de iniciativas como essa são os madeireiros clandestinos. Com o cultivo da palma, eles perdem terras, árvores e mão-de-obra semi-escrava. Por incrível que pareça, há prefeitos que não querem nem ouvir falar em plantadores de dendê

Em tempo: Lula visitou a usina de biodiesel da Agropalma em abril de 2005, mas deu-se pouca atenção ao seu entusiasmo. Se ele disser que o assunto só ganhou relevo porque apareceu numa revista de Harvard, estará coberto de razão.

O texto do artigo (infelizmente, em inglês) está na versão eletrônica da revista, no seguinte endereço: http://drclas.fas.harvard.edu/revista/

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