quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

Série Soja como base para Biodiesel: "Especialistas defendem a escolha da soja como base para biocombustíveis"

Segundo representantes do setor, definição da matriz energética também deve levar em conta plantio e colheita .

Com larga utilização no Brasil, a soja deve ser a opção para base da política de biocombustível. A discussão sobre a viabilidade da oleaginosa gera muitos pontos dissidentes, com alguns especialistas apontando que há insumos muito mais rentáveis na relação entre energia consumida e produzida, como etanol, pinhão-manso, mamona e amendoim. No entanto, parte da sociedade civil argumenta a favor da adoção da soja como principal matéria-prima na produção de biocombustíveis.

Segundo representantes do setor de combustíveis, não é possível avaliar as espécies vegetais sem levar em conta custo e tempo de plantio e colheita. Esse processo em um hectare de soja, por exemplo, gasta três horas de uso de máquina, com no máximo dois operadores. Já a mamona, o dendê, o pinhão-manso e outros gastam somente mão-de-obra manual, mas de forma excessiva, o que só viabiliza o cultivo em minifúndios e impede que o agricultor modernize seu processo de produção.

Atualmente, a grande lavoura é composta por soja e feita com o auxílio de ferramentas de informática, como GPS e outras tecnologias, hoje mais acessíveis aos grandes produtores. Para solucionar esse problema, a sociedade civil cobra mais atuação do Estado na regulação de preços, controle de estoques, financiamento e seguro da lavoura aos agricultores.

Produtores do setor apontam que a escolha da soja deve-se ao largo plantio da oleaginosa para alimentação, e para mudar esse quadro basta alterar o custo-benefício, incluindo não só a questão energética, mas a parte cultural e técnica e os riscos. Membros da sociedade civil crêem que a utilização de outros insumos além da soja seria necessária para evitar um desabastecimento interno de alimentos, já que algumas matérias-primas para a produção de combustível não podem ser utilizadas na alimentação.

Matriz Energética

O Brasil tem como grande vantagem a múltipla matriz energética disponível, com produção, consumo e insumos regionais – a mamona, por exemplo, é cultivada em terrenos hostis a outras culturas. Com isso, a mecanização de ponta, própria de lavouras extensivas, pode ser descartada. Atualmente, a cana-de-açúcar brasileira é a cultura que apresenta melhor custo-benefício, com 20% a 25% de nossa gasolina podendo conter o álcool de cana.

Especialistas advertem que a formulação de uma matriz energética a base de biocombustíveis deve analisar mais do que custos de produção e relação entre energia produzida e energia consumida, levando em conta também os custos ambientais e sociais, as aptidões regionais e as possibilidades imediatas, no médio e longo prazo. Segundo eles, a agricultura brasileira é muito mais valorizada pela capacidade de consumo do que pela capacidade de produção, e é esse fator que a torna importante.
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