quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

Empresas estrangeiras de biodiesel não representam ameaça produtores brasileiros

O ingresso de empresas estrangeiras no mercado nacional de biodiesel não é visto pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) como uma ameaça aos produtores brasileiros. De acordo com Arnoldo de Campos, coordenador da área de biodiesel do MDA, algumas companhias de origem internacional, como a norte-americana ADM, a portuguesa Semapa e a francesa Dagris já demonstraram interesse em realizar investimentos em biodiesel no Brasil. Para ele, esse movimento não compromete a hegemonia do capital nacional no setor de biocombustíveis e contribui com o desenvolvimento da agricultura familiar, já que muitas das empresas estrangeiras procuram os ministérios para que seja estabelecida uma interface entre as usinas e os trabalhadores rurais fornecedores de matérias-primas.

Campos defende que o Brasil já conta com empresas sólidas de capital nacional no mercado de biodiesel e que a entrada de concorrentes estrangeiros não traz um risco de internacionalização do setor, já que as companhias brasileiras possuem experiência e tradição na produção do biocombustível. Além disso, segundo o coordenador, o ingresso das empresas estrangeiras pode ser feito via parcerias com empresas nacionais. Campos afirma que ainda não há uma presença efetiva de companhias internacionais no mercado brasileiro de biodiesel, mas estima que esses projetos começarão a ser viabilizados a partir de 2007. Para o coordenador, a AMD será a primeira estrangeira a instalar sua usina no País, entre o final de 2007 e o início de 2008. Ele ressalta que algumas empresas entraram em contato com o MDA demonstrando interesse em investir no setor de biodiesel no Brasil, mas há outras companhias estrangeiras que estabeleceram canais com outros ministérios, como o da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, para o mesmo fim.

Entraves

O fator que mais impõe obstáculos à expansão do mercado nacional de biocombustíveis é a utilização de percentuais pequenos de biodiesel no diesel, de acordo com Campos. Segundo ele, a reversão deste cenário depende em grande parte de negociações entre o Governo e a indústria automobilística, que tem uma certa resistência em dar garantia de motor para veículos que utilizarem mais de 5% de biodiesel misturado ao combustível. Além disso, o coordenador indica que a antecipação, de 2013 para 2010, da obrigatoriedade da adição de 5% de biodisel ao diesel pode contribuir com o crescimento do mercado. O presidente Lula manifestou, em janeiro de 2007, a intenção de adiantar esta obrigatoriedade. Segundo Campos, a decisão do presidente foi declarada apenas verbalmente, mas a lei que determina os percentuais obrigatórios de adição de biodiesel ao diesel ainda não foi modificada.

Fonte: Projeto Brasil

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