domingo, 4 de fevereiro de 2007

Riscos do uso da soja para a produção de biodiesel



Fatos

As variedades de soja plantadas no Brasil são fruto de mais de vinte anos de pesquisas. Ao contrario do que possa parecer para o leigo, o principal produto da soja é o seu farelo (proteína) e não o óleo (lipídio). Portanto, todo o desenvolvimento do material genético brasileiro tem sido voltado, além de outros fatores, para o aumento de seu teor de proteína (38%), com a conseqüente redução no teor de óleo (19%) e de carboidratos totais. Ou seja, a soja tem baixos níveis de produção de óleo por hectares (2.700 kg/ha).

Pelas suas características comerciais, para ser produzida como uma oleaginosa, tendo o seu produto principal o óleo, ela é inviável porque é muito pouco produtiva. A menos que, com a tecnologia, se pudesse desenvolver outras variedades com mais óleo.

Outro elemento que hoje compromete o cultivo da soja, que é o alto custo de produção. A soja é um cultivo “petrodependente”, ou seja, que depende de grandes quantidades de insumos derivados de petróleo, como é o caso dos adubos químicos e dos agrotóxicos. A tendência, com o aumento do preço do petróleo, é o custo de produção da soja se elevar ainda mais. Por isso, a visão da soja transgênica como uma perspectiva para a produção de biodiesel.

Todas as etapas da produção de soja são mecanizadas - o preparo do solo, o plantio, toda a adubação, prevenção de pragas, colheita, transporte e armazenamento.

É uma cultura que tem todas as suas etapas de produção já dominada pelo produtor rural e, sua produção, já está bem adaptada em vasta extensão do território nacional.
A maior parte da exportação de soja feita pelo Brasil é na forma de grãos devido, basicamente, os menores custos da sua logística.

Como a soja é uma commodity (o produto soja encarado do ponto de vista de seu valor de mercado, como item de negociação em bolsas de mercadorias), seus valor é cotado conforme a variação do mercado internacional seguindo a regra básica que quanto maior os teores de proteína maior o seu valor de venda.

Uma das maiores dificuldades apresentadas para a disponibilidade do álcool combustível reside na variação internacional do preço do açúcar, outra commodity. Quando está em alta, diminui-se a produção de álcool para atender ao mercado de açucar. Quando está em baixa, aumenta-se, internamente, a oferta deste combustível. Tanto uma quanta a outra situação causam problemas no fornecimento interno do álcool combustível.

Com a soja já ocorre a mesma coisa. Quando os preços lá fora sobem, diminui-se a produção de óleo de soja e quando baixam, diminui-se.

A Petrobrás lançou no começo do ano o H-Bio de forma completamente , no mínimo, atrapalhada chegando, quase, às raias da irresponsabilidade, bem diferente da forma normal de ação desta empresa. Como única justificativa para tamanha insanidade, na minha opinião, de atender às reivindicações dos grandes produtores de soja que atravessavam uma grande crise no setor devido à valorização do real frente ao dólar, que reduziu a rentabilidade do setor de grãos, fortemente dependente das exportações.

Conclusão

Com tudo isso posto, podemos notar que a soja oferece grandes vantagens na sua produção. No entanto, apresenta muitas desvantagens também.

O risco que o Brasil corre de colocar todo o seu potencial produtivo de biodiesel na soja é de estar criando um novo Pro-Álcool, o Pro-Bio. Que, de social, não teria absolutamente nada.

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Do Autor do Blog

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