quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

Boeing movido a bioquerosene cearense


Pioneira no fornecimento de projetos e equipamentos para usinas de biodiesel, a Tecbio - Tecnologias Bioenergéticas, de Fortaleza, já não depende apenas do Brasil para a expansão dos negócios. A empresa acaba de fechar um contrato com a Boeing para realização de testes com bioquerosene, combustível de origem totalmente vegetal, para futura utilização em aeronaves.

"Buscamos uma solução para substituir o querosene de petróleo, responsável por grande emissão de CO2, principalmente em função do aquecimento global", adianta o engenheiro químico e professor Expedito Parente, presidente da Tecbio, criador e um dos mais respeitados especialistas em biodiesel do país.

Diferente do biodiesel, o bioquerosene tem características especiais: é extraído de óleos selecionados de palmeiras, amêndoas ou coco, por exemplo, e leva aditivações para atender as exigências do querosene, mas mantém a vantagem de ser 100% não-poluente.

Ele acredita que a Boeing deverá chamar também outras empresas do setor para participar do processo. A companhia tem acordo de colaboração científica com a Nasa, agência espacial norte-americana, também interessada nesse tipo de combustível limpo.

De acordo com Parente, a movimentação em torno do biocombustível envolve hoje os mais diversos tipos de negócios: "Há grupos estrangeiros comprando terras para plantar no Brasil, extrair óleo e mandar o produto para a produção do biodiesel no país de origem."

A produção do biodiesel no Brasil para exportação e mesmo a aquisição do produto acabado de companhias nacionais também faz parte das propostas de empresários europeus. "Os arranjos produtivos são os mais variados e a tendência é de crescimento", observa.

O professor Expedito Parente ainda não fez as contas de quanto o mercado de bioquerosene poderá movimentar, mas sabe que o espaço é muito grande, principalmente por questões ambientais. "Somente nos Estados Unidos, o querosene de aviação representa 2,5% de todo o consumo de petróleo", assinala.

Conforme Parente, como a queima do querosene mineral provoca "pulverização espacial", que contribui para o efeito estufa, hoje já se pensa em acrescentar na passagem um imposto ambiental extra. "Isso já vem sendo falado na Europa e, certamente, vai antecipar esforços para a viabilização de uma alternativa de energia limpa", prevê.

Pelas contas do professor, o programa de biodiesel no Brasil movimentou R$ 3 bilhões somente no ano passado. Nessa soma ele inclui valores das usinas vendidas, matérias-primas adquiridas e leilões da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Na geração de novos empregos diretos foram 215 mil, considerando apenas a agricultura familiar.

Parente diz que o maior desafio hoje talvez seja o de calcular quanto custa não produzir o biodiesel. "Essa é uma conta que começa pelo custo social, provocado pela carência de emprego e renda entre pequenos agricultores, segue com o prejuízo do efeito estufa, de substituição de petróleo e por aí vai", aponta o professor, que já foi sondado para orientar uma tese sobre o tema.

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