terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

Os preços relativos do petróleo e dos óleos vegetais usados para biodiesel


Além da influência do preço do petróleo, um dos pontos mais importantes da economia do biodiesel é justamente o fato de que a longo prazo o preço do óleo vegetal X ou Y ou Z não vai acompanhar o preço do petróleo. É a velha história: oferta e demanda.

O preço do óleo vegetal é influenciado pela demanda de biodiesel, mas também pela oferta (renovável) do produto agrícola - o que não acontece com o petróleo. É isto que vai fazer a diferença no final das contas.

Portanto, é errada a idéia de que os preços dos óleos vegetais - todos - vão subir junto com o diesel e o petróleo, argumento esse que é reforçado pela estratégia da produção de biodiesel e pela própria importância do Brasil na economia do biodiesel.
A análise econômica a respeito do mercado de petróleo e seus derivados se baseia nos fatores que influenciam a oferta e a demanda de petróleo e derivados.

Pelo lado da demanda, é evidente que o crescimento do PIB mundial - com destaque não só para os principais paises industriais, mas sobretudo para paises emergentes de rápido crescimento como China e Índia - é o fator principal, tornando a demanda relativamente inelástica no que se refere a preços altos, contrastando com o fato do lado da oferta depender de reservas finitas, que limitam a produção e fazem com que o elemento preço estimule o surgimento de novas fontes de energia não-renovável.

Além disso, é crescente o debate a respeito da "peak oil theory", desenvolvida por geólogos como Colin Campbell e M. King Hubbert (criador da "curva Hubbert"), que evidencia que - mesmo que estejamos ainda relativamente longe do fim absoluto da era do petróleo - a fase do petróleo abundante e barato ficou para trás no tempo, tendo em vista justamente a limitação física das reservas em paises como Arábia Saudita, Iraque, Irã e Venezuela - sem falar evidentemente nos aspectos geopolíticos - havendo a expectativa de um pico de produção mundial em meados da próxima década, incapaz de acompanhar a partir daí o crescimento exponencial da demanda de combustíveis.

Cabe assinalar aqui também outra preocupação que é o novo e maior impacto da demanda por biodiesel sobre os preços dos óleos vegetais de um modo geral. É fato que - pelo lado da demanda por diesel-biodiesel - os preços das matérias-primas (no caso, petróleo versus óleos vegetais) passam a ser influenciados conjuntamente e, provavelmente, apresentam maior correlação a partir de 2006 (como já se observa com o óleo de palma e o óleo de soja acompanhando a subida do preço do petróleo).

Mas o que deve ser destacado é justamente o fato de que o lado da OFERTA de óleos vegetais é estruturalmente diferente do petróleo. Ou seja: é precisamente a questão da energia renovável contra a energia finita e não-renovável. Portanto, à medida que paises como o Brasil passam a aumentar a produção de diversas matérias-primas - seja de óleos comestíveis, seja de óleos não-comestíveis - a correlação irá se enfraquecer definitivamente e, em conseqüência, os prováveis novos aumentos no preço do petróleo não serão acompanhados por aumentos correlacionados nos preços dos óleos vegetais - justamente pelo efeito do lado da maior oferta de energia renovável.

Este será o papel fundamental de paises como o Brasil, capazes de produzir: mamona, pinhão-manso, soja, girassol, algodão, palma ou dendê e mesmo canola ou colza. Além de Estados Unidos, Malásia, Índia e Indonésia, entre outros.

Do Blog MULTILINXX

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