O homem definitivamente é especialista em criar novos desastres ambientais e em encontrar soluções mais desastrosas do que o problema a ser resolvido. Tal fato ocorre principalmente porque na ânsia de vender um produto não são analisadas todas as conseqüências ambientais embutidas na nova tecnologia, como é o caso do celular e de todos os aparelhos eletrônicos que hoje têm suas baterias descartadas no lixo doméstico contaminando eterna e irreversivelmente o solo e a água. Diante desse e outros fatos, como é o caso do aquecimento global, alguns governantes apresentam as chamadas soluções mágicas que, todavia, mostram-se quase infantis quando analisadas com um certo grau de imparcialidade e lucidez.
O Protocolo de Kyoto é outro bom exemplo de soluções hipócritas e sem resultado tendo em vista que, segundo seus preceitos, países ricos e industrializados podem continuar poluindo desde que financiem, em países de terceiro mundo, tecnologias mais limpas como é o caso do biodiesel e o álcool. Sem deixar de lado a tremenda hipocrisia que representa o fato de países mais ricos pagarem para continuar destruindo o planeta, criou-se um novo problema: a inegável e mortal expansão agrícola que se seguirá para abastecer todos os veículos futuramente abastecidos única e exclusivamente com esse novo tipo de combustível. O biodiesel e o álcool são sim uma solução. Todavia, como todo antídoto, em excesso pode matar o paciente, nesse caso a terra. Só um lunático pode acreditar que conseguiremos abastecer a crescente frota mundial de veículos plantando soja, mamona e cana-de-açúcar mundo afora, sem que isso afete o meio ambiente tão profundamente ou mais do que a própria poluição causada pelo combustível à base de petróleo.
Em outra via a fome, já plenamente consolidada em diversos continentes, ganhará fôlego com a substituição do plantio de alimentos por cana-de-açúcar, mamona e soja para a produção de biocombustível. Lembrando que os atuais níveis de ocupação agrícola já são responsáveis pela destruição da maioria de nossos rios e florestas, destruição esta que recrudescerá ante a necessidade de mais terras para plantar, não alimentos, mas sim combustível para nossos carros.
O projeto é simplesmente inviável tendo em vista que, nos atuais níveis de consumo humano, se fôssemos alimentar, veja bem, apenas alimentar, a população mundial nos mesmos níveis de quantidade e qualidade com que a população americana é alimentada, seria necessário um segundo planeta terra. Então eu pergunto: como conseguiremos alimentar a crescente população mundial e ainda produzir álcool e biodiesel suficientes se temos apenas um planeta? No entanto, os governantes continuam apresentando o biodiesel e o álcool como se fossem medicamentos sem qualquer efeito colateral.
A questão que deve necessariamente ser colocada diante da sociedade é sobre a viabilidade do ponto de vista econômico e ambiental de todo cidadão possuir um carro ou, em alguns casos, mais de um. Devemos nos perguntar, sobretudo, se não seria mais barato e conveniente para o cidadão dispor de um transporte público de qualidade ao invés de ser enganado com um carro que vai de 0 a 100 em cinco segundos não obstante demore duas horas para percorrer meros 10 km tendo em vista os congestionamentos das grandes cidades. Claro, ninguém quer que a GM, a Ford e tantas outras fechem suas portas, imaginem então caminhar aquelas “terríveis” quatro ou cinco quadras até o trabalho. Sendo assim, tal qual um motorista bêbado continuaremos dirigindo rumo ao precipício. Mas é chegada a hora em que teremos de escolher entre nossos bons empregos ou nossa saúde, entre o conforto do ar-condicionado veicular ou a destruição do planeta. Qual será a escolha do genial homo sapiens?
Glemerson Arandes Essi/Policial civil
Fonte: Gazeta do Sul
Um comentário:
se poste me ajudou bastante em um trabalho de quimica !!!! Obrigado
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