quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

Aquecimento global é uma realidade preocupante


Semana passada, o aquecimento global entrou na pauta mundial, com o Encontro do Grupo Intergovernamental de Especialistas sobre Mudanças Climáticas (IPCC), em Paris. Os pesquisadores divulgaram um relatório conjunto sobre causas e efeitos do aquecimento global para os próximos cinco anos, o quarto do IPCC desde 1990. O último tinha sido divulgado em 2001.

O alerta destaca que, além de o aquecimento do sistema climático ter sido causado muito provavelmente pelo ser humano, seu efeito continuará pelos próximos séculos. O documento explica o que é o fenômeno e como ele ocorre - ainda sem dizer ao mundo o que fazer a respeito.

Conforme o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e presidente do Programa Internacional da Geosfera-Biosfera, Carlos Nobre, cinco anos de estudos foram fundamentais para comprovar, através das observações da natureza, de que as mudanças já são visíveis. ´Agora pode-se dizer, com mais de 90% de certeza, que a elevação da temperatura nos últimos 50 anos só pode ser explicada pelas atividades humanas´, destaca.

Os cientistas observaram elevações na temperatura global média do ar e dos oceanos, vasto derretimento do gelo e elevação do nível médio do mar em escala global; e conseqüências como o menor número de dias frios; noites mais quentes; ondas de calor letais; enchentes e chuvas pesadas, secas devastadoras e um aumento na força de tempestades e furacões, principalmente no Oceano Atlântico.

O Comitê prevê uma elevação de temperatura de 1,1º C a 6,4º C até 2100, uma faixa de variação maior que a que constava do relatório de 2001. A melhor estimativa fixa a mudança entre 1,8º C e 4º C. Em relação ao nível do mar, são projetadas elevações de 18 a 58 centímetros. Mas essa faixa pode ser ampliada em outros 10 a 20 centímetros, se do derretimento das capas de gelo sobre as regiões polares continuar.

O mais preocupante é que não importa o quanto a civilização corte as emissões de gases-estufa, o aquecimento global e a elevação dos mares prosseguirão pelos próximos séculos. Isso não significa dizer que não é necessário reduzir as emissões, mas adaptar as populações a um mundo mais quente e um clima mais maluco. Se nada for feito, as conseqüências serão ainda mais graves.

Deter o aquecimento global não vai ser fácil. Será preciso negociar muito para garantir o aproveitamento do potencial de redução na emissão dos países em desenvolvimento.

“É lógico que cada pessoa pode colaborar com um consumo ambientalmente responsável. O problema não se resolve só com ações governamentais, mas é preciso deter a exploração ilegal da Amazônia. O desenvolvimento sustentável poderia ser desenvolvido nas áreas já desmatadas, que correspondem a três vezes o Ceará´, diz Carlos Nobre. Uma matriz energética mais limpa, como o álcool e o biodiesel, ainda é motivo de questionamento em relação a impactos ambientais e redução na produção de alimentos. Já energias renováveis ainda necessitam investimentos para viabilidade.

Fonte:

Nenhum comentário: