quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007
O Biodiesel no Brasil e no Mundo
A utilização do combustível alternativo já é uma realidade em diversos países
Produção mundial (Em bilhões de litros)
2004 - 2,5; 2006 - 8
O maior mercado
Alemanha, que consumiu 2 bilhões de litros em 2006
Países que já utilizam
Alemanha,Austrália, Bélgica, Brasil, Canadá, Espanha, Estados Unidos,
Estônia, França, Índia, Malásia, Reino Unido, República Tcheca, Tailândia, Taiwan.
Como é usado
Puro ou misturado ao óleo diesel, em proporções de 5% a 20%
No Brasil, a corrida de investimentos foi motivada pela criação, em 2004, de um programa federal que estabeleceu a obrigatoriedade da mistura de pelo menos 2% de biodiesel ao diesel em todo o país a partir de 1o de janeiro de 2008. A mistura obrigatória subirá para 5% em 2013, o que deve gerar demanda anual de 2 bilhões de litros de biodiesel. O programa também concede redução de tributos federais para fabricantes que utilizam matérias-primas de pequenos produtores rurais. "O objetivo é gerar emprego e renda no campo, principalmente no Norte e no Nordeste", afirma Roberto Ardenghy, da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Esse tipo de subsídio levou muita gente a apostar que o biodiesel estivesse fadado a ser um mercado puramente experimental, voltado exclusivamente para o pequeno agricultor, e que só sobreviveria à custa de dinheiro público. O que se vê hoje é um número crescente de grandes empresas -- algumas das maiores do setor em todo o mundo -- entrando no jogo. A capacidade de produção das usinas em funcionamento alcançará até o final deste ano 1,2 bilhão de litros, ultrapassando os 800 milhões necessários para cobrir o consumo previsto.
Diferentemente do que ocorreu com o etanol -- combustível em que o Brasil ocupa a dianteira mundial em tecnologia e produção --, no caso do biodiesel o país largou atrasado. A Alemanha lidera a produção e o consumo do produto, com demanda superior a 2 bilhões de litros em 2006. As primeiras experiências dos alemães começaram há 20 anos. Hoje, os postos do país já vendem até biodiesel puro, o chamado B-100. A maior usina do mundo, da americana ADM, fica em Hamburgo, com capacidade para 600 milhões de litros por ano. Nos Estados Unidos, o movimento começou mais tarde; porém, o avanço é rápido. Em 2005, havia 35 usinas no país. Hoje são 105. Vários estados americanos vêm estimulando a adoção de fontes de energia limpa, com cortes de imposto sobre o combustível alternativo.
COMBUSTÍVEL EM ASCENSÃO
A obrigatoriedade de misturar 2% de biodiesel ao óleo diesel a partir de 2008 acelerou os negócios do setor
Investimentos em usinas (em milhões de reais)
2005 – 100; 2006 – 600; 2007(1) - 1200
Usinas em funcionamento
julho 2005 – 2; julho 2006 – 6; janeiro 2007 – 19; dezembro 2007(1) - 30
Produção (em milhões de litros)
2005 - 0,7; 2006 – 54; 2007(1) – 850; 2008(1) - 1 200
Fontes: Agência Nacional de Petróleo (ANP)/MB do Brasil/Abiodiesel
O interesse de países desenvolvidos no biodiesel resulta de uma conjunção de fatores. O primeiro deles é a necessidade de reduzir a dependência do petróleo, combustível finito e cujas maiores reservas estão em regiões politicamente complicadas, como o Oriente Médio. Essa situação faz com que o preço do petróleo esteja sujeito a oscilações fortes. Para completar, seus derivados estão entre os principais emissores de gases causadores do efeito estufa. Com o aumento das pressões ambientais, o mundo resolveu empenhar-se na substituição de combustíveis fósseis por renováveis e menos poluentes. A União Européia convocou os 27 países membros a substituir por biocombustíveis até 2020 pelo menos 10% do volume de combustíveis fósseis usados em veículos. Há poucas semanas, o presidente George W. Bush anunciou uma meta ainda mais ambiciosa: substituir 20% da gasolina consumida nos Estados Unidos por biocombustíveis.
O que se vê, portanto, é que a criação da indústria local de biodiesel segue uma tendência global -- bem diferente do que ocorreu com o etanol, durante muito tempo uma especificidade brasileira. "Não se trata de um programa isolado, como foi o Proálcool", afirma José Luiz Olivério, diretor de desenvolvimento e tecnologia da paulista Dedini, fabricante de equipamentos para usinas. Um dos motivos que colaboram para a disseminação do biodiesel é que ele pode ser produzido com vários tipos de matéria-prima -- soja, canola, girassol, pinhão-manso, mamona, dendê, além de gordura animal. "O caminho das matrizes energéticas renováveis é irreversível", diz Rogério Barros, diretor comercial da divisão de biodiesel do grupo Bertin. "O Brasil tem potencial para ser um dos maiores produtores e exportadores mundiais de biodiesel." Segundo Barros, o Bertin planeja exportar parte de sua produção. Há quem considere que o produto brasileiro irá enfrentar barreiras para entrar nos mercados europeu e americano. "Esses países tendem a estimular a produção local de biocombustíveis como forma de compensar a perda de mercados de alimentos, devido às sanções aplicadas pela Organização Mundial do Comércio por causa dos subsídios rurais", afirma José Carlos Hausknecht, da MB Agro Consultoria.
De qualquer forma, o mercado brasileiro de biodiesel ainda está longe de ser explorado plenamente. "Além de benefícios ambientais, essa indústria gerará ganhos econômicos", diz Plinio Nastari, consultor especializado em biocombustíveis. Um benefício possível diz respeito ao volume de importação de diesel. Dos 40 bilhões de litros consumidos por ano no Brasil, 10% são importados, uma conta de 1 bilhão de dólares. Esse número tende a cair na proporção em que cresce a produção local de biodiesel. "Estamos vendo surgir um grande negócio, tanto para as empresas como para o país", afirma Nastari
Fonte: Revista Exame, edição 887.
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2 comentários:
nossa muito obrigado por você ter feito esse texto, mas você não podia ter resumido um poquinho???Ta muito grande...
Valeu ;)
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