A soja atualmente possui grande produção e oferta no país. Dentro do planejamento do governo de ampliar a produção de biodiesel, o produto pode ajudar, mas ainda possui um rendimento menor do que outras espécies como, mamona e dendê. Mas poucas espécies estão com um domínio tecnológico capaz de entrar nos requisitos para a procução massiva que demanda a Lei do Biodiesel.
No caso da soja, que tem cerca de 18% de óleo, quase 80% da produção nacional se destinam ao farelo, proteína para ser agregada à cadeia de proteína animal. A soja produz em média 700 litros de biodiesel por hectare, quase um treço a menos que outras espécies.
Segundo o chefe-geral da Embrapa Agroenergia, Frederico Durães Durães, para a consolidação do programa de biodiesel no Brasil, será preciso sair do patamar de 600 a 800 litros de óleo por hectare, produzido pelo cultivar da soja, e entrar em espécies que podem nos levar a patamares de rendimento agrícola superiores a mil litros por hectare. É o caso das palmáceas, como a macaúba, babaçu, buriti e o dendê. “As palmáceas e outras espécies semi-perenes ou perenes poderia ampliar a produtividade a patamares superiores a 3 mil ou 4 mil litros por hectare”.
A quantidade de óleo produzida pela soja ainda apresenta um patamar baixo. “Mas, em função da área plantada, do volume de produção nacional que temos no momento, ou seja, da distribuição, da logística e da disponibilidade, a soja contribui massivamente para a oferta de matéria-prima de curto prazo. Por isso, nós precisamos contar com ela”, esclareceu o chefe-geral da Embrapa Agroenergia.
O Brasil já tem domínio tecnológico para produção de biodiesel a partir das palmáceas. “O que nós precisamos é ampliar a nossa capacidade de inovação dentro dessa espécie e colocá-la em escala comercial do ponto-de-vista energético”, destacou Durães. Ele informou que a capacidade de produção de óleo de dendê pode chegar em torno de 4 mil a 7 mil litros por hectare. Ao contrário da soja, que começou no Rio Grande do Sul e hoje se estende até o Maranhão e o Centro-Oeste, o dendê está concentrado na Amazônia tropical úmida e na região cacaueira da Bahia.
Frederico Durães analisou que a cultura do dendê não vai se expandir pelo país no curto prazo, porque ela tem uma adaptação ecológica específica, aproveitando condições tropicais de alta temperatura e alta precipitação (chuvas). Os estudos realizados pela Embrapa do ponto-de-vista de arranjos tecnológicos têm observado como a palmácea se propaga mantendo a identidade genética, mas com ganhos de eficiência. É analisado também como podem ser feitos melhoramentos de espécies para obtenção de ganhos de seleção. “Ou seja, que possam ser melhores do que os cultivares do passado ou dos cultivares comerciais do presente”, disse o chefe geral da Embrapa Agroenergia.
O terceiro ponto do estudo objetiva ver como se estabelecem sistemas de produção de dendezais que possam ser comercialmente explorados. Os pesquisadores da Embrapa verificam ainda quais são os ganhos de eficiência nos processos de conversão do óleo vegetal de dendê para o biodiesel de dendê e seus vários subprodutos. “Essa é a questão fundamental no curto prazo”, indicou.
No médio prazo, Durães avaliou que com algum sistema de manejo acoplado, o dendê poderá ser colocado em condições de cerrado, desde que irrigado. Ele acredita que algum trabalho de melhoramento adaptativo poderá ser feito para agüentar faixas de temperatura diferentes daquelas altas e constantes de regiões equatorianas.
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