sexta-feira, 25 de maio de 2007

Biodiesel de palmáceas

Encarregada de coordenar os trabalhos de pesquisa, desenvolvimento e inovação tecnológica na área do combustível verde, a Embrapa Agroenergia se volta para somar esforços da iniciativa privada e do poder público na consolidação do programa de biodiesel no Brasil. A proposta, colocada em discussão, prevê a reserva de 51% das ações das novas parcerias para o empresariado, ficando 49% com o poder público.

As projeções no mercado do combustível verde são animadoras, pelo consumo interno e pela demanda do mercado externo. A partir da autorização de se adicionarem 2% de biodiesel ao óleo diesel até o fim de 2007, estima-se existir mercado potencial de 840 milhões de litros por ano. Em 2008, quando a adição se tornar obrigatória, e até 2012, esse mercado sobe para um bilhão de litros de biodiesel anuais.

Este deverá ser um negócio florescente. Mas, para vingar, necessita de marcos regulatórios permanentes, definidos, claros, evitando-se o vaivém do Proálcool, desacreditado no início, acelerado quando deslanchou, para, em seguida, enfrentar vicissitudes impostas pelo próprio governo. O País chegou a concentrar 95% da produção no carro a álcool, para abandoná-lo após superada a crise dos combustíveis fósseis.

A partir de 2013, quando o percentual da mistura se eleva para 5%, o Brasil precisará, no mínimo, de 2,4 bilhões anuais de litros de biodiesel. Por isso, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) previu a concessão de incentivos para elevar a produção, já em 2010, para 3,3 bilhões de litros de óleo extraídos da variedade de plantas disseminadas por todas as regiões brasileiras.

Nesse mercado consumidor, haverá lugar para absorver a produção da agricultura familiar de plantas geradoras de óleos essenciais, da média e da grande lavoura mecanizada. Entre os cenários mobilizados pelo governo para corresponder ao aumento da produção de biocombustíveis, acena-se com o aproveitamento das palmáceas de alto rendimento, como a macaúba, o babaçu e o buriti, além do dendê.

O País dispõe de domínio tecnológico para produzir biodiesel extraído das palmáceas. Falta, entretanto, capacidade inovadora para colocá-las em escala comercial, competindo com o dendê. A capacidade de produção do óleo de dendê pode variar entre quatro mil e sete mil litros por hectare. Mas, em contrapartida, tem cultivo concentrado na Amazônia tropical úmida e na região cacaueira da Bahia. Sua produtividade se distancia muito do rendimento oferecido pela soja, entre 600 e 800 litros de óleo por hectare. Embora espalhada entre o Rio Grande do Sul, Centro-Oeste e Maranhão, rendendo 700 litros de biodiesel por hectare, a soja poderá ver aproveitada apenas seu excedente para a extração do combustível verde.

Essas peculiaridades de cada área produtora levam o diretor da Embrapa Agroenergia, Frederico Durães, a defender um modelo regionalizado para produção da energia renovável. Desse modo, o Brasil antevê o surgimento de novos rumos.

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