segunda-feira, 21 de maio de 2007

Girassol: Da América para o Mundo


Planta originária da América, o girassol está inserido no sistema de produção do Cerrado, tanto no sequeiro como no sistema irrigado. Apresenta adaptabilidade, tolerância à seca, alto rendimento de grão e de óleo e é pouco influenciado pela altitude e latitude. Essas características indicam o potencial da cultura no sistema de produção dos Cerrados, onde está se consolidando como uma boa alternativa econômica para os produtores dessa região.

É uma espécie extremamente versátil, sendo, no Brasil, utilizado no uso humano e também na alimentação animal, além do uso ornamental. A principal utilização do girassol, até o momento, é como matéria-prima para a produção de óleo comestível. O óleo extraído dos grãos é rico em gorduras poliinsaturadas (benéficas para a saúde humana) e possui a melhor relação de ácidos graxos poliinsaturados/saturados (65,3%/11,6%) o que lhe dá qualidade nutricional. Existem cultivares com finalidades diversas, como por exemplo, para fins industriais e que apresentam alto teor de óleo (40% - 50%); outras com baixo teor (30%), denominadas materiais confeiteiros; O farelo, subproduto da extração do óleo, é utilizado na indústria de rações para alimentação animal.

Seus grãos são usados na produção de óleo e margarina e extraem-se deles cerca de 350 kg de torta para fins de alimentação animal. O girassol também é uma planta forrageira, empregando-se nas formas de forragem verde, silagem e grão integral. Na forma de silagem, apresenta ótima produção de fitomassa verde, excelente teor de proteína bruta (13%) e uma proteína digestível muito superior à do sorgo e à do milho, atingindo valores de 7,3%. Outra alternativa de usos do girassol é como adubo verde. Produtores de Goiás, Minas Gerais, Bahia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul fazem uso desta técnica com a finalidade de rotacionar e promover os diversos benefícios da adubação verde, com as culturas da soja e do milho. Em São Paulo, o girassol está sendo usado na sucessão e rotação da cana-de-açúcar. Semeiam o girassol na safra ou safrinha, de acordo com as exigências e objetivos locais.

Em função dessas características de adaptação, custo de produção e pela elevada produção de óleo, o girassol encontrou um novo uso: o Biodiesel.

O Biodiesel pode ser obtido de diversas fontes, e tido como um combustível biodegradável derivado de fontes renováveis, podendo ser obtido por processos de transesterificação, esterificação ou pelo craqueamento. Apesar de que o Biodiesel ser produzido principalmente de canola e de soja, o biodiesel do girassol está sendo muito procurado, por o óleo desta espécie destacar-se por suas características físico-quimicas e pelas viabilidade técnico-ambiental. Ele pode ser utilizado motores para sistemas de irrigação, motores de equipamentos agrícolas, o que faz com que o próprio produtor gere o seu combustível. A pesquisa tem mostrado a viabilidade do biodiesel do girassol, em diversas pesquisas acadêmicas, em motores de caminhões.

Esse novo uso do girassol promove a cultura, através de geração de empregos na agricultura, tanto familiar como empresarial, produzindo uma energia limpa a favorecendo para a preservação do meio ambiente. Permite, ainda diversificar o emprego da matéria-prima num ambiente – Cerrado, que já possui a tecnologia, gerada pela Embrapa, para a produção do girassol como cultura.

Renato Fernando Amabile é pesquisador da Embrapa Cerrados (Planaltina-DF)

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