sexta-feira, 12 de janeiro de 2007

Eletrobrás também usará biodiesel

A exemplo da Petrobras , o grupo Eletrobrás dá seus primeiros passos no aproveitamento do biodiesel. As subsidiárias Eletrosul e Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica (CGTEE), ambas com atuação no Sul do País, desenvolvem projetos para testar a viabilidade do uso do biocombustível em termoelétricas.

O projeto mais recente é o desenvolvido pela Eletrosul, que analisa o potencial do biodiesel para a geração de energia elétrica. Em março deste ano, a estatal firmou convênio com a Fundação de Desenvolvimento, Educação e Pesquisa (Fundep) para estudos em 63 municípios do noroeste do Rio Grande do Sul. O acordo consumirá R$ 1 milhão na elaboração de um diagnóstico da cadeia produtiva do biodiesel da região. “Alguns pontos estão sendo considerados para determinar a viabilidade econômica do projeto, como a escala de produção das oleaginosas, o custo do biodiesel e a que custo sairá a energia elétrica”, explica Ronaldo Custódio, diretor técnico da Eletrosul.

Por enquanto, não há uma sinalização em termos de custos. Para garantir o biocombustível, a Eletrosul trabalhará com pequenas e médias propriedades baseadas no modelo de agricultura familiar. O estudo de viabilidade considera também o aproveitamento dos subprodutos das oleaginosas, ou até a queima do óleo vegetal em estado bruto.

As pesquisas levarão um ano para serem concluídas. A execução do projeto, porém, ainda depende da implantação de uma termoelétrica, em avaliação pela estatal. “Se a usina necessitar de subsídios, a energia será comercializada na segunda fase do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa). Do contrário, colocaremos nos leilões de energia nova”, revela Custódio. Os produtores iniciaram em março a produção de mamona.

O estudo da CGTEE prevê a substituição do óleo combustível por biodiesel nos geradores da termoelétrica Candiota (446 MW, RS). Anualmente, os equipamentos consomem 22 milhões de litros para obter o arranque necessário para a queima do carvão, combustível da térmica.


A substituição está em estudo há um ano e meio e é o primeiro projeto do grupo Eletrobrás em biodiesel. A pesquisa teve apoio da Embrapa, que apresentou um estudo demonstrando que o Rio Grande do Sul possui o dobro da capacidade produtiva na cultura da mamona do que o semi-árido nordestino. “A barreira da escala foi vencida”, afirma Carlos Roberto Hebeche, coordenador do programa de biodiesel da CGTEE.

Segundo Hebeche, a estatal também trabalha com a hipótese de usar o bio-óleo, que seria o óleo vegetal sem a glicerina. “No início, pretendíamos realizar a mistura entre o óleo vegetal bruto e o óleo combustível. Testes na Petrobras indicaram que esta solução emitia compostos cancerígenos.”

A CGTEE tem planos de substituir 70% dos 22 milhões de litros de óleo combustível por biocombustível. Mas Hebeche conta que tecnicamente é possível elevar o percentual para 90%. Os testes terão início assim que a Petrobras fornecer os 30 mil litros de biodiesel — suficiente para um dia — encomendados pela CGTEE.

Como a queima do biocombustível não libera enxofre, a CGTEE planeja obter créditos de carbono. Avaliações preliminares indicam que, numa mistura de 35% de biocombustível e 75% óleo combustível, a venda os créditos resultaria em uma receita adicional de R$ 1,2 milhão. O montante seria aplicado para mitigar possíveis prejuízos com a substituição dos insumos. Hoje, o óleo combustível está custando R$ 1,10, enquanto o biodiesel sai por R$ 1,80. A expectativa é de que o projeto entre em operação comercial a partir de 2008, quando Hebeche prevê que as plantas da Petrobras estarão construídas.
Fonte: Notícias SET-RN

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