terça-feira, 30 de janeiro de 2007

Este é o Brasil do biodiesel: primeiro a fabrica, depois a materia-prima

A usina da Brasil Ecodiesel no Ceará mostra claramente os problemas que podemos e devemos enfrentar para a produção de biodiesel no país.

O estado do Ceará não conseguiu produzir materia-prima - mamona, girassol e pinhão manso - suficiente para atender a demanda de uma usina usina experimental e já inaugura, amanhã, a primeira unidade de produção de biodiesel em escala industrial no estado. No ano passado, a produção de mamona no Ceará amargou retração de 55,01%, registrando 4.393 toneladas colhidas, ante as 9.765 produzidas em 2005. Pode ser uma ousadia cara.

A nova usina, de propriedade da empresa Brasil Ecodiesel, será inaugurada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Crateús (a 354 km de Fortaleza), no sertão central.

´Para participar de um programa de biodiesel, o Ceará precisa plantar, pelo menos, 300 mil hectares de mamona, e não tem 30 mil hectares´, advertiu o diretor administrativo da TecBio, José Neiva. A TecBio é uma empresa que detém tecnologia para a fabricação de usina de biodiesel.

Sem entrar na discussão política que envolve o modelo de produção agrícola do Estado, ele afirma que ainda falta muito para o Ceará participar do mercado de biodiesel, a partir da cultura da mamona. Segundo ele, faltam assistência técnica, logística de escoamento da produção e melhoria na genética das sementes para elevar a produtividade. ´A viabilidade do programa da mamona depende de uma política de preços diferenciada, que remunere tanto o produtor, quanto o industrial´, defende Neiva.

Com capacidade instalada para produção de 360 milhões de litros /ano, a usina de processamento da Brasil Ecodiesel está funcionando em caráter experimental. Sem mamona, a unidade está operando com soja, oriunda do Estado vizinho do Piauí. A usina experimental de produção de óleo de mamona de Tauá, inaugurada em junho de 2006, pelo ministro da Integração Regional, Pedro Brito, ainda não operou um único dia.

Obs: 55,01 por cento foi a queda na produção de mamona no Estado. Foram colhidas 4.393 toneladas em 2006.

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